c a p í t u l o o n z e

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Não há nada que eu tema mais que essa estranha morte a qual levara tantos de nós

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Não há nada que eu tema mais que essa estranha morte a qual levara tantos de nós.
Uma morte silenciosa.
Morte.
Será mesmo que eles morreram?
Será mesmo que estamos morrendo?
O que há com Raven Town?
Isso seria uma epidemia?
Ainda é possível ver a luz nas praças de Londres, mas não é possível alcançá-las.
Somos doze agora.
Doze... Onze... Somos. Apenas garotos de Raven Town.
Mortos, sucumbindo à Raven Town.

- Todd Leesburg

Dylan afundou mais uma vez na piscina, sabíamos quem era, não pela cor de seus calções de banho amarelo néon, nem pela touca vermelha com um sinistro corvo branco feito à mão com linhas tortas e um bico estreito demais na ponta, mas por sua rapidez

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Dylan afundou mais uma vez na piscina, sabíamos quem era, não pela cor de seus calções de banho amarelo néon, nem pela touca vermelha com um sinistro corvo branco feito à mão com linhas tortas e um bico estreito demais na ponta, mas por sua rapidez. A distância entre o segundo melhor nadador era incrível - quase dois longos metros. Os olheiros não conseguiam sequer reconhecer a existência de outro nadador naquela piscina semiolímpica, a não ser o Dylan, o bravo e assolador, Dylan Finley.

A competição acabou e não víamos a hora dos prestígios (os convites, as festas, os sorrisos e piscadelas das garotas). Chamávamos tudo aquilo de poder. Era um poder bem podre, um poder que só pertencia ao Dylan (que sabíamos que ele jamais usaria) e que abusavamos como se fosse nosso.

- Ao nosso campeão invicto, Dylan Finlay e todas as suas medalhas banhadas! - disse Anderson Weiner, com sua voz pequenina. Eles riam e bebiam e subiam nas mesas cheias de vasos e miniaturas em vidro, mesmo sabendo que a mãe do Dennis cobraria cada centavo aos pais de cada um presente naquela algazarra.

Dylan dançava com uma loira e trocava para uma morena. Seus olhos reviravam sempre que mais alguém pedia uma dança (ele odiava dançar mas era legal demais para dizer não). As meninas o amavam, não pela beleza, ele quase não a tinha, mas por todo o resto. Ele era gentil e inteligente e engraçado e sabia como deixar qualquer desajustado a vontade.

Mas havia algo que poucos naquela sala sabiam sobre O Incrível Finley: ele tinha medo. Medo de errar, medo de perder, medo de enfiar o braço errado na água, de dar com a cara na parede, de perder tudo. E, também, tinha medo de insetos e animais pequenos, de cachoeiras e correntes fortes de água, de altura, de cemitérios e de zebras. Não pergunte, ele não gosta dessa história (quando criança, ele pulou o parapeito da exibição de animais salvagens de um circo, e uma zebra lhe deu um coice no bucho). Parte da ideia de acampar foi para acabar com esses medos idiotas dO Incrível Finley, a outra parte, com os nossos medos idiotas. Descobrimos que medos não são assim tão ruins, que, as vezes, precisamos temer para não pegar o caminho mais feio, para não darmos com a cara na parede.

Os Garotos de Raven TownOnde histórias criam vida. Descubra agora