c a p í t u l o d e z

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Vamos em frente

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Vamos em frente.
Não olhe para trás.
Não se lembre de nada.
Esqueça de Raven Town.
Esqueça que onde está agora é Raven Town.
Fantasie que ninguém nunca se foi.
Eles estão todos aqui.
Bem aqui.
Ao seu lado.
Sussurrando.
Eu posso ouví-los.
Posso ver suas sombras.
Eles se foram, Don. Eles se foram.
Cada um deles.
Finja que não.
Finja que nada aconteceu.
Estamos bem.
Bem.
NÃO ESTAMOS BEM!
ESTAMOS MORTOS!
MORTOS!
Eu estou morto.
Sou uma sombra.
Uma sombra do Don.
Sou um morto em Raven Town.

Somos treze, treze em Raven Town.
Raven Town.
Eu a odeio!


— Don Harlow

Don não havia dormido aquela noite, embora seus olhos estivessem fechados todo o tempo

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Don não havia dormido aquela noite, embora seus olhos estivessem fechados todo o tempo. Ele estava pensando na família, em como seus pais deram duro para mandá-lo à uma boa escola, como suaram para criá-lo da maneira que acreditavam ser a correta. Lembrou dos tios e avós que deixou para trás para que pudessem viver na Inglaterra, onde a vida parecia um pouco mais fácil do que era na América. Parecia. Em como o preconceito sempre os rodeava, apesar de lhe ter sido ensinado que essas são as armas falsas dos sem caráter, que a cor da pele não define quem você é, que sob ela são todos ossos, carne e sangue. Morrerão todos e farão parte da mesma terra, serão consumidos pelo solo da mesma maneira. Essas palavras reverberam em sua mente como mandamentos de uma nova Bíblia.

Quando o sol nasceu, o que pareceu mais tarde do que em qualquer outro dos dias negros de Raven Town, Don fora o primeiro a ficar de pé. Ele não entendia como os outros conseguiam dormir. Ele estava só caos e medo. Sempre que o silêncio suplantava seus ouvidos, as vozes dos desaparecidos soavam, melancólicas e doentias, reclamando seus corpos. E era bem melhor ouvir seu próprio caos que o caos dos outros. O caos dos outros não assombrava apenas seus pensamentos, ele se alastrava para fora, para esse seu mundo real e quebrado, ao qual ele desiste mais a cada instante.

O barulho de algo grande e pesado atingindo o solo ressoou como eco por toda a casa. Don pensou se o corpo de quem quer que seja que foi morrer justo em Raven Town teria voltado a vida e, agora, estava tentando voltar aos mortos. Isso parece insano, mas, o que não é insano nessa cidade?

Os Garotos de Raven TownOnde histórias criam vida. Descubra agora