Marcas Pt. 1

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 Dormi tão rápido que nem percebi. Quando acordei, olhei no celular...

“Nove e meia, ufa… ele ainda está dormindo, vou ser bem clichê e trazer café na cama para ele rsrs…” pensei.

 Fui até a cozinha e comecei a preparar alguns ovos mexidos para ele enquanto ele dormia. Enquanto eu cortava alguns tomates fui surpreendido por ele que veio por trás e beijou meu pescoço.

-Ai Alex que susto… eu cortei meu dedo. Ai…

-Desculpa… vem cá… - disse disse ele me abraçando.

-Eu não sei se você percebeu, mas meu dedo continua sangrando. - disse me separando dele e pressionando meu dedo para estancar o sangramento.

-Vou te fazer um curativo, senta aqui.

 Eu sentei enquanto ele passava a gaze no meu dedo. Ele tinha um olhar de zelo tão grande que ele não parecia que estava fazendo aquilo por apenas desejo, por apenas diversão… ele realmente se importava comigo.

-Eu espero que você seja realmente o que seus olhos dizem, não quero ter que arrancar seu pescoço... - ele ri - não ache que é brincadeira, porque não é.

-Pode ficar tranquilo, eu não quero te magoar...

-Alex… eu vou abrir meu coração. Eu já passei por tanta coisa, em tão pouco tempo, o meu corpo tão jovem já tem tantas marcas… eu não quero mais ser iludido por palavras vazias, por amor fogo de palha. Se nós embarcarmos nessa jornada para ter um fim breve, melhor acabarmos por aqui. E aí o que vai ser?

-Por que eu demorei tanto tempo para te conhecer..? Cara, se você soubesse… o quanto eu esperei por alguém como você. Como você, eu já sofri tanto… mas de uma forma um pouco diferente. Eu vivi em uma família de pessoas da igreja, sempre vivi confinado por causa da fé da minha família. Eu nunca tive liberdade para sair com amigos, na verdade nem amigos eu tinha… amizades para minha mãe era só dentro da igreja… e eu não achava isso. Até os meus dezessete anos eu achava que aquela doutrina que tinham me imposto, era certa, foi quando eu entrei no segundo ano do ensino médio. Nesse ano eu conheci uma das pessoas que me fez tão mal, mas tão bem o mesmo tempo. Eu conheci o meu primeiro namoradinho - ele dá uma risada fraca. - o nome dele era Arthur… ele fazia o estilo de bad boy, jaqueta de couro e tals… e eu estava lá sendo invisível e apenas prestando atenção nas pessoas até que eu o vi… naquele momento o tempo parou… eu não sabia como, e nem o por quê que aquele garoto me causava tanta instabilidade emocional, mas mesmo assim continuei quieto e invisível. Até que um dia, eu e ele fomos escolhidos para o mesmo grupo de trabalho, e como nós morávamos um perto do outro, eu ia para casa dele quase todos os dias, escondido, claro. Mesmo depois do trabalho eu continuei indo para casa dele depois da escola. Nós ficávamos jogando videogame, conversando sobre assuntos aleatórios, enfim, uma amizade muito forte surgiu. Até que um dia, eu fui para a casa dele e, como sempre, a mãe dele me cumprimentou muito bem, até aí normal. - ele levanta e pega um café para nós e se senta novamente. - preciso do meu café - disse ele rindo. - continuando. A tarde prosseguiu normal até a hora de eu ir embora. Quando eu estava indo embora ele me beija com muito desejo… aquele beijo foi um dos melhores beijos que eu já recebi… o tempo simplesmente parou quando aqueles lábios encostaram nos meus. Quando nós nos separamos ele rapidamente entrou em casa sem ao menos qualquer explicação. Eu me sentia estranho e com embrulhos no estômago. Fui com essa sensação para minha casa antes que a minha mãe chegasse do trabalho, eu sempre fingia para minha mãe que eu estava bem e dessa vez não foi diferente…

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Flashback

 Cheguei em casa, lavei a louça e fiquei no meu quarto ouvindo música até minha mãe chegar. Quando ela chegou, trocamos algumas palavras mas nada relevante. O meu relacionamento com a minha mãe era estável, bem objetivo, ela não tinha muito tempo para ficar comigo, por causa do trabalho, o máximo que chegava era um beijo e um “te amo” bem objetivo. Meu pai… uma palavra que eu usaria para descrevê-lo seria desconhecido. Eu nunca conheci meu pai, eu vivi com a minha mãe, minhas irmãs e tias a minha vida toda.

Apenas Amigos [Parte 2] (Romance Bissexual)Onde histórias criam vida. Descubra agora