Marcas Pt. 2

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Acordei no hospital sem saber o que tinha acontecido. Quando eu acordo…

-Meu filho! - disse minha mãe vindo do canto da sala até mim. Eu fiquei surpreso mas não demonstrei nenhuma reação aparente.

-O que você está fazendo aqui? - disse com tom de indiferença.

-Eu vim te ver… - disse ela envergonhada.

-Me ver? Depois… de tudo aquilo… - olhei para ela… o tom de auto-decepção era nítido.

-Mas… - disse ela antes de eu interrompê-la.

-Quer saber..? Não gaste suas palavras comigo, a vergonha, como você disse. - ela começa a chorar e sai do quarto.

 Minha ex-sogra entra no quarto…

-Oi meu bem - disse ela com um tom doce, sua presença expulsava qualquer energia ruim existia naquele quarto.

-Oi dona Lívia - disse triste…

-Eu estava começando a ficar preocupada, você ficou um dia inteiro sem dar ao menos um sinal de vida.

-O que aconteceu?

-De acordo com os médicos, você teve uma parada cardíaca e desmaiou… quando eu cheguei no seu apartamento, estava você desmaiado… e… o Arthur… - sua voz começa a fraquejar…

-Eu sei…

-Eu achei que tinha perdido meus dois filhos… - disse ela chorando.

 Quando ela falou aquilo eu fiquei sem reação… ela me amava tanto que me considerava seu filho… eu comecei a chorar, pois eu nunca me senti realmente amado como ela o fez…

 Compartilhamos daquele momento de tristeza e conforto recíproco, foi um dos momento em que eu vou me lembrar pro resto da minha vida. O conforto que encontrei naquela mulher, o sentimento de proteção que ela me passava, o consolo que eu encontrei, e que ela também se sentia confortável perto de mim. Fôra um momento que eu vi que a minha força estava nas pessoas que eu amava, nas pessoas que me amavam.

 Passado um tempo depois daquele ocorrido, eu e minha mãe nos entendemos, ela começou a me aceitar, mas mesmo assim ela me empurrava para algumas meninas da igreja. Uma delas, a gente até chegou a “namorar”, mas eu nunca fui feliz como eu fui com o Arthur. Acabei terminando de um modo doloroso tanto para mim quanto para ela.

 Dois meses depois de eu e minha mãe ter voltado a se falar, eu voltei para a casa da minha mãe, mas o clima ainda não era uma coisa muito agradável. Ela se importava muito com a opinião dos outros, principalmente com o povo da igreja. Quando chegavam em casa eu não saia do meu quarto.

 Até que um dia, eu percebi que aquilo não era eu, não era a pessoa quem eu gostaria de ser. Resolvi sair de casa novamente, mas dessa vez, minha mãe achou desnecessário, mas eu queria mudança, eu queria novos ares, novas faces, novos lugares.

*******

-Saí de casa e vim morar aqui. - disse ele concluindo sua história… - e aqui estou eu… com 26 anos, professor, e apaixonado por um dos seus alunos… - ele dá um sorriso enquanto seus olhos enchiam de lágrimas.

-Eu… não consigo imaginar o tamanho da ferida que tem no seu coração…

-Estou me curando com o tempo… mas… não sei, parece que com você tudo apaga, eu não sinto dores do passado quando estou com você…

-Eu… - disse antes dele me interromper

-Eu sei, discurso clichê e promessas vazias, mas eu já sofri demais para fazer alguém sofrer. O que eu passei, não desejo para ninguém. Acho que você deve me achar um desesperado né? - ele ri…

Apenas Amigos [Parte 2] (Romance Bissexual)Onde histórias criam vida. Descubra agora