Dezenove

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Espero que agora todos consigam ler. Esse Wattpad anda um lixo dos infernos. Cada vez que atualiza, ele piora.😑😑

Acordo com o som de trovões e da chuva caindo forte lá fora. Encolho-me mais sob os cobertores e pego o celular debaixo do travesseiro; meus olhos ardem por causa da luz do aparelho e não acredito que ainda sejam cinco da manhã.

Uma notificação do WhatsApp aparece e abro ao ver o nome do meu namorado.

Jere_My😍❤❤😍: Bom dia, amor. Ficarei indisponível pelo dia inteiro. Está uma grande correria aqui no hospital e depois terei de participar de um seminário. Meu celular está descarregando. Lembre-se sobre o que conversamos e faça sem reclamar ou preguiça os exercícios com Simon. Ele é um idiota na maior parte do tempo, mas é um cara legal. Ligo assim que puder. Eu te amo, minha Pequena.

A mensagem foi enviada meia hora atrás e respondo rapidamente quando os sons dos trovões aumentam.

Tenha um ótimo dia e dirija com muito cuidado. Eu amo muito você.❤😚

Clico em sua foto de perfil e é impossível segurar o sorriso ao ver uma foto nossa se beijando no jardim daqui de casa. Ravena a tirou sem que percebessemos e depois nos enviou.

É até difícil acreditar que estamos juntos. Mas Jeremy me ama e não cansa de demonstrar através de palavras e de pequenos grandes gestos o quanto seus sentimentos por mim são verdadeiros.

É tão bom ter seus sentimentos correspondidos por alguém que te compreenda e além de namorado, também seja seu companheiro e acredite em sua capacidade quando nem mesmo você é capaz disso.

Desligo o celular e o coloco sob o travesseiro de novo. Minha bexiga está super cheia, mas as fisgadas em minha perna, tiram qualquer vontade que eu tenha de levantar da cama e me arrastar com as muletas até o banheiro.

Fecho os olhos e tento dormir. Não consigo, porque a necessidade de ir ao banheiro é maior que qualquer outra. Jogo as cobertas de lado e ligo o abajur, coloco as pernas para fora do colchão e pego as muletas, que papai sempre deixa ao lado da cama todas as noites. Com cuidado, levanto-me, apoio a perna boa no chão e lentamente vou até o banheiro. É uma luta para sentar e outra para levantar do vaso. Com a ajuda da minha mãe nem parece ser tão complicado, mas eu preciso aprender a ser independente. Lavo as mãos e saio do banheiro de cabeça baixa prestando atenção no chão. Um trovão bem forte e alto, que parece fazer a casa tremer, me assusta, fazendo-me desequilibrar e fecho os olhos já prevendo uma queda feia e bem dolorosa, mas sou amparada na metade do caminho e solto um suspiro de alívio ao ver o papai.

"Deveria ter nos chamado, filha." Ele me repreende e me leva até a cama. Volta para pegar as muletas e as coloca novamente no lugar. "Seria uma queda bem feia."

"Mas o senhor impediu." Beijo o seu rosto e papai retribui o carinho antes de me fazer deitar e me cobrir.

"Mia me acordou quando sorrateiramente se infiltrou debaixo das cobertas e se deitou sobre mim. Esperei ela dormir e vim ver como a minha princesa número um está." Retribuo o sorriso e passo a mão em seu rosto. Kai Parker nem aparenta ter 48 anos, pois está muito melhor que muitos novinhos com a metade da idade por aí. Espero que minha genética seja tão boa quanto a dele.

"Fica aqui comigo como fazia quando eu era criança?" Peço e papai desliga o abajur antes de se deitar ao meu lado e começar a acariciar meus cabelos.

"Vocês sempre serão crianças para mim. Mesmo quando tiverem rugas e cabelos brancos ainda serão os mesmos bebês que eu peguei nos braços pela primeira vez." Bocejo, sentindo-me relaxada com a presença de papai e fecho os olhos. "Você sempre será a minha eterna bolinha careca e esfomeada de olhos azuis." Ele ri baixinho e beija minha testa. "A minha bebê manhosa que dormia em cima de meu peito e muitas vezes trocava o colo da mamãe pelo meu."

"Eu também amo muito o senhor, papai. É o meu primeiro grande e verdadeiro amor." Sinto meus olhos pesarem e minha mente ficar leve, pois sei que enquanto papai estiver ao meu lado, nada e ninguém me fará mal.

BIA

Minhas mãos tremem e não consigo controlar as lágrimas enquanto olho para aquele pequeno objeto sobre a pia. Remediei o máximo que poderia, mas não tem mais como enganar a mim mesma. Não quando todos os sintomas estão sendo esfregados em minha cara.

Maldita hora em que me deixei seduzir por um idiota desgraçado e narcisista, que só queria usar a burra da adolescente que nunca tinha se apaixonado antes. Eu que me julgava tão inteligente acabei me tornando mais uma nas estatísticas de adolescentes grávidas e solteiras aos 17 anos.

Eu não quero esse bebê. Não estou preparada para ser mãe, para ser responsável por uma vida que nunca quis. Como vou cuidar de um bebê se não sei cuidar nem de mim?

Meus pais ficarão decepcionados e vão querer saber quem é o pai.

Isso eu nunca direi, porque aquele idiota está morto para mim. Ele morreu a partir do momento em que me disse aquelas palavras cruéis, em que desdenhou dos meus sentimentos sem um pingo de remorso naqueles olhos esverdeados.

"Você não sabe o que é amor, Anna Beatriz. Você acha que me ama, mas é apenas desejo. Eu nunca te prometi nada. Jamais disse que a amava ou que teríamos um futuro juntos. Não sou um príncipe encantado ou o cara romântico que se apaixona e muda por uma mulher. Isso só acontece em livros e novelas. Foi bom enquanto durou, mas isso que tínhamos acabou e não vamos mais nos encontrar."

Desgraçado!

Usou-me e ainda por cima me deixou grávida. Eu não quero esse bebê. Não quero. Não quero.

Coloco a caixa e o teste dentro da sacola. Vou jogá-los bem longe daqui.

Tomo um banho quente e lavo meus cabelos. Uso o secador e deixo as longas madeixas castanhas soltas. Enrolo-me na toalha e pego a sacola. Ao entrar no quarto, encontro minha mãe sentada na cama e desvio o olhar sentindo uma grande vergonha.

"Vista-se que precisamos conversar, Anna Beatriz."

Meu coração bate forte com medo de que mamãe saiba algo, mas isso seria impossível. Eu não dei nenhum sinal para que ela ao menos desconfie de alguma coisa. Visto uma calça jeans e uma blusa de mangas longas. Está fazendo frio e ainda chove, apesar de já ter diminuído bastante.

Sento ao lado de minha mãe e passo a mão na colcha lilás. Ela fica um longo tempo em silêncio até soltar uma profunda respiração.

"Tem algo para me contar?" Sua voz suave faz a minha garganta apertar e continuo de cabeça baixa. "Eu te conheço filha. Sabe que pode confiar em mim, que sou a pessoa que mais deseja o seu bem e sua felicidade. Independente do que esteja acontecendo, seu pai, seu irmão e eu sempre estaremos ao seu lado. Nunca lhe daremos as costas." Fecho os olhos quando sua mão repousa em minha barriga e não consigo mais segurar as lágrimas.

"Desculpa, mãe. Não me odeie, por favor." Suplico entre soluços e minha mãe me abraça forte.

"Eu te amo mais que a minha vida. Morreria antes de um dia chegar a odiar um filho meu." Ela passa as mãos em minhas costas. "Eu já desconfiava, querida. Só não queria te pressionar."

"O papai..." Soluço e mamãe desfaz o abraço e segura meu rosto.

"Ric vai ficar feliz em ser vovô. Ele nunca deixaria de amar um pedacinho seu." Passo as mãos em meu rosto e levo os dedos até os meus cabelos. "Quem é o pai, querida? É algum colega da escola?"

"Ele não tem pai. Quem o fez está morto e enterrado para mim. Eu não quero esse bebê, mamãe. Eu não quero."

Incapaz de sustentar seu olhar, levanto-me e lhe dou as costas. Vou até a janela e observo as gotas da chuva baterem contra o vidro, embaçando-o.

"Nem pense em fazer uma besteira, Anna Beatriz Saltzman! Não vai matar uma criança inocente. Vai arcar com as consequências dos seus atos e sua família vai te apoiar." Minha mãe é dura e encosto a cabeça no vidro gelado. "Não te ensinamos a ser covarde. Então, acalme-se e repense suas ações. Seu pai e eu te amamos e nunca a deixaremos enfrentar isso sozinha."

Escuto a porta sendo fechada e deixo meu corpo escorregar até o chão, enquanto uma nova crise de choro me toma.

Para quem ainda não sabe, já comecei a postar a história de Melissa e Gabriel. Chama-se "Não me esqueça".

😚😚

Série Corações Feridos: O seu lugar é ao meu lado (Vol. 3) ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora