Vinte e oito

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Valentina

Jeremy voltou ao trabalho cinco dias após o enterro de dona Jenna, passando a ocupar a maior parte do seu tempo fazendo aquilo que mais gosta. Vagarosamente estamos voltando as nossas rotinas. É um processo longo e difícil, pois as lembranças costumam nos assaltar nos momentos mais inesperados e apenas o tempo será capaz de transformar a dor da perda em uma saudade, que não machuque, mas traga serenidade à alma.

“Vamos assistir Wicked, amanhã?” Sussurro só para ele ouvir. “Comprei dois ingressos com descontos.” Sem desviar os olhos da TV, Jeremy assente com a cabeça e aperta mais os braços ao meu redor, aconchego-me em seu peito e fecho os olhos quando o som de gritos e aquelas sinfonias sinistras preenchem a sala.

“Que bicha burra dos infernos! Quem é sã consciência vai atrás do cara da motosserra!?” Ravena grita indignada e é apoiada por Naruto e Ben. “Parece até o Naruto indo abrir a porta do quarto de madrugada.”

“Ei, a burra da nossa família é a Sarah, ainda mais agora que ela está loira como a Melissa.” Naruto berra e logo em seguida solta um gemido. “Isso doeu!”

“Eu juro, que se você voltar a falar alguma coisa sobre o meu cabelo, você vai acordar careca, Naruto!” Sarah grita cheia de irritação.

“E EU juro, se não calarem as matracas, EU vou arrancar a língua de cada um de vocês e ainda posto umas fotos bem comprometedoras dos tempos vergonhosos de infância.” Depois da ameaça de Ravena, todos se calam e começam a realmente a prestar atenção ao filme.

Minha amiga teve uma ótima ideia em chamar todos para uma sessão da tarde em sua casa. Só não foram boas as escolhas de filmes. Será que não se cansam de assistir sobre demônios, sociopatas sanguinários e o diabo a quatro encharcado de sangue e realizando rituais macabros? Meu estômago revira só de pensar naquele líquido viscoso e com cheiro de ferro.

Agradeço quando Jeremy me oferece outra barra de chocolate e rapidamente devoro o doce, que é um verdadeiro calmante para momentos como esse. Odeio filmes de terror, assim como passei a correr para longe de filmes dramáticos, que me deixam mal por dias ao pensar nas lindas histórias de amor que não puderam ser desenvolvidas por algum motivo. A vida por si só já é bem difícil para ainda ficar procurando tristeza na ficção, que na verdade é uma reescrita da realidade.

"Acorda, Pequena." Desperto com um suave aperto em meus ombros e me deparo com os olhos castanhos de Jeremy, olhando-me com diversão. "O filme já acabou e todos foram para a sala de jantar."

"Lembre-me de nunca mais aceitar esses convites de Ravena." Volto a deitar a cabeça no peito de Jeremy ao mesmo tempo que bocejo alto. "Ainda posso ouvir os gritos daquelas pessoas."

"Na próxima, a gente inventa uma desculpa qualquer e podemos ir ao cinema ver alguma comédia romântica ou animação." Ele propõe despreocupado e mesmo Jeremy não sendo fã de comédia romântica, sei que ele faria esse pequeno esforço por mim. "Que horas devemos estar no teatro amanhã?"

"Às 19 horas." Arrumo minha postura e me sento corretamente ao lado de Jeremy. "Estou ansiosa apesar de já tê-lo assistido três vezes. Você vai amar."

"Tenho certeza que sim." Seus lábios tocam suavemente os meus antes de Jeremy aprofundar o beijo. Uma de suas mãos acaricia minha nuca e a outra aperta minha cintura. Passo meus braços por seu pescoço, aproximando-nos ainda mais.

Não posso negar que a cada dia se torna ainda mais difícil controlar todos os sentimentos, que um simples toque de Jeremy provoca em meu corpo. Eu o quero e tenho certeza que está cada vez mais próximo o dia em que serei sua de corpo e alma.

Série Corações Feridos: O seu lugar é ao meu lado (Vol. 3) ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora