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O sol se levantava no horizonte mais uma vez, honrando o contrato de abrilhantar nosso céu.
Lentamente os sons tomavam o ambiente de novo, substituindo o farfalhar das árvores que balançavam com a suave brisa, brisa essa que varria seus fios ruivos para o lado.
Aos poucos a cidade acordava, as buzinas ressoavam, os despertadores tocavam nas casas vizinhas, cafés eram preparados e famílias murmuravam "bom dia", mas nada disso me fazia desviar a atenção do pequeno corpo que repousava ao meu lado.
Fora mais uma daquelas noites em que não dormimos. Aquelas noites onde teu corpo atravessa a janela do meu quarto - que eu sempre mantinha aberta caso quisesse entrar - e suavemente deitava-se em minha cama, me despertando com toques e beijos calmos.
E eu sabia que quando aparecias, significava que seria mais uma noite não dormida. Sabia que tudo que poderia fazer era te tomar em meus braços e acariciar-lhe cuidadosamente, pois você poderia se desmanchar em minhas mãos com qualquer bruto toque.
Eu não lhe perguntei o que passavas quando deitou sua cabeça em meu peito, apenas lhe distraí com mais uma das baboseiras que sempre lhe contava. E você agiu como se ouvisse cada mínima palavra minha, embora eu soubesse que nada do que dissesse seria processado por sua mente confusa.
Naquela noite eu falei sobre supernovas. Teus dedos se uniram aos meus enquanto eu contava a ti sobre aquilo. Teus lábios formando um bico triste ao ouvir que o brilho bonito que emitiam era nada mais do que o atestado de óbito das estrelas. Parecia triste por elas.
E ficamos por ali, discutindo sobre a beleza no caos. Falando qualquer coisa que viesse em nossas mentes, sem ao menos deixar o quarto mergulhar em silêncio. Eu disse a ti que se fosse um corpo celeste, seria Plutão e tu ouviste minha explicação embora não concordasse com o que eu proferia.
E tu me fizeste uma pergunta, a mesma que me instigou a escrever tudo isto.
Lembro da voz sonolenta ao me indagar qual corpo celeste eu achava que tu se parecias.
Poderia ser uma pergunta simples a qualquer um, mas eu me esforcei para tentar responder aquilo. Pois conhecia os mistérios do cosmo e queria definir o que tu eras, mas tudo me parecia tão vago.
De primeira, eu achei eras uma constelação. Cintilava de mais para ser somente uma mísera estrela, então imaginei que pudesse ser um aglomerado delas.
E de certa forma, as sardas de teus ombros me lembraram de minha constelação favorita.
No meio daquele silêncio que se instaurou, lembro-me de ter passado meus dedos suavemente por cima de teus ombros, tentando ligá-las uma a outra. Desenhei um mapa de suas estrelas, foi quando percebi que não, não eras uma constelação.
Emanava calor demais de ti. A forma como teus lábios desciam pelo meus pescoço deixando uma trilha de calor por onde passavam. Era intenso de mais, e naquele instante a explicação que melhor cabia em minha mente era de que tu eras Sol.
Pois tu tinha um brilho forte e esquentava a mim, mas ainda assim não eras fogo. Percebi isso quando meus dedos tocaram a ti - buscando confirmação - e os mesmos não se queimaram.
E fazia sentido, pois depois de te conhecer senti como se tudo tivesse se alinhado. Minha vida encontrou finalmente a sua razão, pois eu era como um estúpido planeta que orbitava ao seu redor. Necessitava de teu calor, do teus beijos e toques.
"Pra mim, tu és Sol." - disse ainda inebriado demais em minha descoberta para sequer te explicar.
E tu abriu um sorriso tão lindo, mesmo que não entendesse o motivo de minha comparação. Gostavas da ideia de ser um astro tão importante.
No momento me pareceu certo, embora mais tarde eu fora capaz de perceber que era raso.
Me deixei ser enganado por ti ao acreditar que tu eras como Sol.
Pois eu sabia que olhar para ti por muito tempo poderia me cegar, contudo insisti em manter meus olhos nos teus.
E ao me deparar com olhar enigmático de Park, eu notei que estava ainda no início de minha descoberta. Ainda havia muito mais para se notar nele, eu tolo acabava de ficar de frente para o meu maior mistério.
Naquele momento eu soube que Jimin não era somente um simples humano, nele habitavam coisas maiores. Tão grandes e infinitas. Foi naquele olhar que eu prometi a mim que não o deixaria enquanto não entendesse-o com totalidade.
Como um telescópio, eu iria o por tão perto até que não sobrasse espaço entre nós.
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escapism
Poetry˗ˏˋ jikook | astronomy | shortfic ˎˊ˗ Todo este livro é nada, senão, a tentativa de pontificar e analisar os segredos desse ser tão esfíngico que conheci. Pois, apesar de ser difícil explicar os mistérios do universo, era ainda mais complexo explic...