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Éramos Júpiter.
Sim, éramos Júpiter. Tão grandes quanto. Nosso amor crescia em seu máximo, tão maior em relação aos demais, tão majestoso.
Éramos dignos de receber o título de deus dos deuses, gloriosos tal qual o grande poderoso deus da mitologia greco-romana.
E juntos, em profunda união, descobrimos então infinidades de satélites.
Tínhamos Calisto, refúgio em momentos secretos. Tínhamos Ganímedes que se preenchia de gratidão e respeito, tínhamos até Europa que admirava nossa relação de onde se encontrava.
Em dias assim, nossos céus enchiam-se de nuvens de cristais. E leves, nossa relação era tão leve.
Não mais telúricos, mas sim gasosos, compostos por hélio liberando mais energia do que recebíamos.
Meus pés cobertos por meias tocavam a curva da tua cintura, recebendo como resposta o curvar do teu corpo e gargalhadas altas. Tuas bochechas rosadas e a respiração falhando pela falta de ar.
Deitados em minha pequena cama, apertados de maneira aconchegante. Estranhamente dispostos no perímetro, bagunças de braços e lábios, cabelos e pés. Confusões de pessoas que se fundiam em uma só.
E então teus dedos encontrando minhas bochechas, apertando meus lábios em um bico engraçado para depois beijá-los com delicadeza, voltando a gargalhar e repetindo os atos em um ciclo vicioso.
Talvez seja presunçoso me comparar a tal grandioso corpo celeste. Mas junto de ti eu me sentia o maior de todos, embora não passasse de uma pequena partícula de poeira que foi posta em órbita.
E o nosso caos era um dos mais lindos. Jogados, rindo de pensamentos absurdos e imitações idiotas de pessoas da TV.
Empurrando um ao outro em uma dança cômica, com passos brutos e toques delicados.
Mãos nos cabelos, nas costas, passeando pelo corpo para voltarem a tocar o rosto. Lábios por todo o corpo voltando a se conectarem em ritmo rápido para ficar lento.
Sim, Júpiter. Júpiter e sua grande mancha vermelha. Enorme anticiclone, tempestade gigante, balançando-se intensamente.
E embora essas tardes comendo coisas gordurosas e trocandos beijos desajeitados parecerem memórias aparentemente ínfimas. Elas possuem significado grande pra mim, pois, significava nossa melhor fase.
Onde nosso sentimento era tão forte que apenas situações como essas passavam a ter significados enormes. E escrevo essa confusão de palavras juntas pois tamanha minha euforia que mal consigo detalhar ou desenvolver pensamentos coesos. Mas apenas com o intuito de registrar o momento em que fomos fortes, em que fomos Júpiter unidos.
Será que um dia iremos voltar a ser assim?
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escapism
Puisi˗ˏˋ jikook | astronomy | shortfic ˎˊ˗ Todo este livro é nada, senão, a tentativa de pontificar e analisar os segredos desse ser tão esfíngico que conheci. Pois, apesar de ser difícil explicar os mistérios do universo, era ainda mais complexo explic...