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Era verão quando eu te vi chorar pela primeira vez. O Sol brilhava em seu máximo mas o meu verdadeiro astro brilhava cada vez mais fraco. De forma que eu só podia contemplar a cintilância dos olhos pequenos durante as madrugadas.
Foi quando eu descobri que tu eras Sol, mas ia além.
Naquele tempo já tínhamos uma conexão mais profunda, onde eu tinha a liberdade de beijar a pontinha do teu nariz e correr meus dedos por entre teus cabelos. Então, naquela manhã quente, enquanto teu sorvete derretia, melando teus dedos assim como toda a tua boca — era tão adorável a forma como parecias uma pequena criança com manchas de chocolate no rosto — Meus dedos rasparam seu queixo, limpando os resquícios do doce gelado.
Mas não abriste um sorriso como farias em qualquer outro momento.
Na verdade, lágrimas se retiam no canto dos teus olhos. E somente isso foi capaz de tocar um alarme dentro de mim, eu não sabia como agir.
Então tudo o que pude fazer foi tomar teu sorvete em minhas mãos e com o braço livre envolver teus ombros. E tão automaticamente tua cabeça repousou na curvatura do meu pescoço, fungando levemente — talvez por conta do choro, talvez por buscar sentir meu cheiro —.
Sim, Jimin. Agora tudo parecia tão claro para mim.
Pois meu Sol não irradiava mais tanto calor, dessa vez era menor. Quente o suficiente para derreter meu coração mas não tão forte quanto antes. Tua luminescência mais atenuada mas ainda assim, forte o suficiente para ser vista ao alvorecer.
Enquanto teu pranto molhava a minha camiseta, percebi que eras, de fato, Vênus. E merecias o título de venusto, tão belo quanto a própria deusa da beleza e do amor, até mesmo com os olhinhos inchados.
Eras minha tão graciosa Estrela da Manhã.
Olhar para ti não me cegava mais, na verdade, ajudava a iluminar minhas madrugadas. Poder contemplar-te pela aurora e sentir tua quentura tal qual a do planeta em questão.
Eu não entendia o motivo do teu pranto ou soluços profundos, pois eras exatamente como a joia do céu, eras coberto por uma camada opaca de nuvens que impediam que tua superfície fosse vista do espaço na luz. Mas eu teria de ser melhor que os demais, dar um jeito de conseguir vê-lo perfeitamente.
E pensar em tudo isso me deixou tão mais triste. Pois assim como Vênus, tu não possuía satélites, estando sozinho por tanto tempo. Mas poderíamos tornar a situação diferente, nem que eu servisse como uma sonda espacial a te rodear.
E naquela manhã de verão, eu me permiti rodar ao teu redor, conhecendo mais de ti. Beijando teus lábios suavemente e afagando tuas costas com a ponta dos dedos, até te sentir sorrir por entre os beijos tão doces, gosto de chocolate e gloss de cereja.
Meu planeta luminoso, que a mim parecia tão bem, tinha seus problemas. E se algo doía nele, a dor triplicava em mim. Por isso, não fiquemos tristes, por favor.
Me deixe entendê-lo, arrancar de ti gemidos manhosos e gargalhadas exageradas. Me deixe ver além de nuvens, admirar tua superfície que se parece tanto com o meu planeta natal, mas ainda assim tão mais encantador.
Eu queria garantir a ti que tudo ficaria bem, que não havia escuridão que durasse tanto tempo. Eu queria tomá-lo para mim, transformado-te em meu astro particular.
Naquele dia tão ensolarado eu quis dizer aquelas 3 palavras tão temidas por mim. Mas as guardei para mim, para quem sabe confessar elas em outro momento.
Prometa a mim que jamais irá sentir-se só novamente. Pois agora tens a mim, inteiramente.
E por você eu fico acordado todo amanhecer, para poder ver-te nos céus.
Ver minha tão amada Estrela d'alva.
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escapism
Thơ ca˗ˏˋ jikook | astronomy | shortfic ˎˊ˗ Todo este livro é nada, senão, a tentativa de pontificar e analisar os segredos desse ser tão esfíngico que conheci. Pois, apesar de ser difícil explicar os mistérios do universo, era ainda mais complexo explic...