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Eram noites de saudades e memórias passando na mente, como uma projeção em preto e branco, era dor provocada em mim e por mim no propósito de me recordar do meu objetivo.
Poderia ser considerado solitude, sendo que o afastamento partira de mim? Não sei dizer, contudo, eu não quero mais parecer um pequeno cometa, cercado por corpos congelados. Quero calor e afeto, mas não de qualquer forma. Requiro o que mereço e nada menos.
Foram dias difíceis. São dias difíceis. Acordar com os sons dos pássaros e notar que a Terra continuava a girar. As abelhas ainda beijavam as flores, o vento ainda balançava as árvores, o mundo continuava o mesmo. Mas minhas manhãs já não mais eram como antes.
E toda vez que eu acordava, de forma inconsciente buscava pelo teu corpo junto ao meu. Porém, agora, só sobrava um espaço do outro lado da cama e o travesseiro com o cheiro do teu shampoo. Então eu chorava, gritava mas o som era abafado pela almofada que segurava em frente a mim, minhas lágrimas se unindo ao teu aroma ainda presente. Era necessário, eu sabia que sim. Mas ter noção do fato não diminuía a dor.
Pois no final das contas, eu era Plutão. Sempre fui e sempre serei. Agora minha existência se resumia a um planeta anão que do teu sistema fora expulso.
Frio, distante e tão pequenino.
Recordando-me da última vez que te vi, recebendo minha sentença de isolamento preciso.
"Eu conheci outra pessoa, a gente está saindo."- dissestes evitando olhar-me nos olhos.
Até hoje não entendo como não chorei com aquela confissão.
"Mas eu não consigo, Jungkook. Não adianta ter outro, pois no final ele não é você. Ele não me abraça como você faz e não fala como você, não possui seu cheiro e nem seus olhos." - tua voz soava fraca.
Eu era um misto de alívio e tristeza. Por que tudo tinha que ser tão complexo?
"Eu te amo." - foi a única coisa que fui capaz de dizer.
"Eu também te amo, Kookie. Sei que amor não some ou passa, e por isso eu vou esperar você se encontrar."
Teus dedos percorriam minha bochecha em um afago doce.
"Só prometa me procurar assim que aprender o que deve, por favor."
Eu prometo, Jimin. Eu prometo.
No final das contas, eu precisava ser planeta diminuto, ser lançado na escuridão da galáxia pra enfim entender que meu lar deveria ser eu mesmo. Que cabia a mim iluminar meu espaço.
Eu era um intruso, tentando me infiltrar em sistemas alheios para me encaixar. Sem perceber que o único lugar onde deveria fincar meus pés era meu próprio universo torto.
E Plutão não era um lugar tão ruim assim para se passar um tempo.
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último cap sai essa semana junto com o epílogo ;-;

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escapism
Poetry˗ˏˋ jikook | astronomy | shortfic ˎˊ˗ Todo este livro é nada, senão, a tentativa de pontificar e analisar os segredos desse ser tão esfíngico que conheci. Pois, apesar de ser difícil explicar os mistérios do universo, era ainda mais complexo explic...