if you

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Quando te conheci a neve se desmanchava em pétalas rosas que surgiam entre as copas das árvores. A cidade carregava aroma de pólen e o verde dos campos podia ser avistado aos poucos. O ruivo dos teus cabelos — que se esconderam uma temporada inteira por baixo de tocas — agora se mostrava por aí para que todos pudessem ver.

Mas não, não foi o alaranjado dos teus cabelos que me despertou interesse. Tampouco tuas coxas grossas ou pele alva, mas sim teu sorriso. A combinação harmoniosa de lábios avermelhados que se abriam mostrando dentes bonitos e olhos que se fechavam deixando apenas finos riscos.

O sentimento que surgiu dentro de mim ao ver tal cena se assemelhava ao fascínio que eu sentia ao contemplar o céu nortuno. Porém Park sempre foi o inverso de escuridão e comparar o que eu sentia a simples paixão de observar o universo me fez perceber que encarava algo muito maior do que infinidades de galáxias.

Fui capaz de perceber depois que Jimin ia além da beleza do anoitecer, do entardecer, do amanhecer. Era maior que o brilho de estrelas.

Bastou apenas um sorriso para que eu conseguisse notar que não seria capaz de achar nada que se parecesse com tal ser com que me deparava.

Bastou mais 5 minutos para que eu conseguisse me mover até onde tu estavas. Incapaz de pronunciar meu próprio nome, preso na minha adoração silenciosa.

Queria tocá-lo, analisá-lo, calcular a trajetória do teu brilho que cruzava meus céus e ainda mantinha tamanha cintilância. Curioso sobre a imensidão à minha frente. De repente nem a tão amada Lua Cheia parecia tão bela quanto antes.

E no momento em que um breve riso deixou teus lábios, eu tive certeza de que aquele seria meu som favorito para sempre. Esqueça as complicadas sinfonias de Beethoven, a melodia mais graciosa que já existiu saía de lábios cheinhos conforme falava. Tão suave voz que até mesmo os anjos sentiriam inveja.

Eu sempre fui um bobo por ti, Park. Desde o primeiro instante que fitei aqueles pequenos olhos.

O céu costumava dominar toda a minha imaginação, até eu te encontrar.

E repentinamente eu me senti como Mercúrio. Pois tudo o que eu sabia fazer era dar voltas aceleradas ao seu redor. Rodopiando em círculos e círculos, sem ao menos parecer gracioso. Me tornei uma imensa confusão, me expressando em órbitas tentando encontrar o significado de tudo que sentia dentro de mim.

Tão rapidamente tu se tornaras meu astro maior e eu iria onde tu quisesses que eu fosse.

Tudo o que eu queria era que me permitisse ficar perto de ti. Encurtar espaços, talvez alcançar ainda menor distância que de Mercúrio ao Sol.

E naquele dia tu e eu nos alinhamos. Me prendi a ti e tu me teve para ti.

Um eclipse ocorria do lado de dentro daquela biblioteca, no momento em que tua mão se estendeu à mim para cumprimentar-me.

E de toques de mão passamos para chamadas longas no telefone, encontros regados a filmes ruins e pipoca, toques de lábios e corpos se amando. Eu continuando a rodar ao teu redor, fazendo tudo por ti. Tu me permitindo me aconchegar no teu calor, me puxando para perto com selares calmos.

E tamanha era minha atração por ti que eu não conseguia deixar minha órbita.

Tu sempre fora tão complexo e hipnotizante, me tinhas tão fácil. Contudo, apesar de ser muito mais esplendoroso do que eu, me tratavas como único importante.

Haviam tantos planetas maiores e mais belos do que eu que fariam de tudo para ter um pouco mais do teu fulgor, e mesmo assim me mantinhas como o mais precioso aos teus olhos.

Mesmo eu sendo nada mais do que denso e tão desastrado.

Eu pretendo descobrir o que te tornas tão diferente de tudo que já vi antes. Pretendo entender como consegues ter tantas mais cores do que as espalhadas pelo universo.

Eu jurei a mim mesmo que conseguiria arrumar uma explicação lógica de como um infinito tão suntuoso habitava tão simples lugar como a Terra.

Me mantenha próximo por mais tempo, Park. Até que eu consiga o entender com totalidade.

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Obg pelas 300 views, amo vocês

escapismOnde histórias criam vida. Descubra agora