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O cenário era diferente.
Dessa vez tua cor, levemente azulada, reluzia forte. Tua temperatura nem mais tão quente, tampouco fria, servia tão bem a mim como ninho confortável. Era beleza e vida, era aridez de desertos e imensidão de oceanos, era terras e mais terras a serem cultivadas e habitadas.
Fora mais ou menos nesse tempo em que minha morada saíra de um plano material, tendo agora como o meu lar a tua clavícula exposta e cintura fina. Ali, entre mordidas no teu pescoço clarinho e mãos deslizando por tuas costas, foi quando descobri uma outra manifestação tua.
Tinhas condições tão favoráveis para mim. Cheio de vida dentro de si, abrigando um humano, como eu, tão bem. Tinhas céus mais belos e constelações, tinhas praias e prédios, campos e vales. Tinhas calor bem medido e aroma de casa.
Tu eras total graciosidade, tocando a minha nuca, puxando meus lábios de encontro aos teus. Agora não mais eras Vênus ou Sol. Eras agora fonte de vida e recursos naturais, eras tudo o que de fato conhecia. Sendo meu planeta azul, abrigando em ti espécies e mais espécies a serem descobertas.
Em dias como esse, tu eras Terra. Girando alegremente e despreocupadamente por aí, como uma bela bailarina. Apertando-me para depois rodopiar comigo, costas batendo nas paredes e beijos intensos, roupas sendo jogadas por todos os cantos. Girando em torno de si mesmo e me levando contigo.
Eu admirava a beleza do teu corpo desnudo no escuro do meu quarto. Respirações ofegantes e gemidos baixos. Mas tu parecias tão incomodado com algo.
E eu notei, Jimin. Pois assim como a Terra, tu eras tão mal tratado por aqueles que abrigavas em ti. Percebi as marcas roxas, que pareciam recentes, manchando toda tua bela pele. Tu oferecias acolhimento e sorrisos, mas em troca recebia agressividade e sentimentos negativos.
Porém nem isso foi capaz de tornar-te menos belo. Não lhe dei tempo para pensar, voltando a intercalar beijos e carinho por todo teu corpo. Selando delicadamente tuas marcas com meus lábios.
Eu não era como eles, Jimin. Eu não era como teus habitantes ingratos, eu te daria amor e gratidão. Protegeria tuas geleiras, preservaria teus recursos e trataria a ti como o mais precioso de todos.
Naquela noite, eu te amei com meu tudo. Adorei meu planeta natal, envolvi-o com meus braços, sussurando repetidas vezes que o amava, recebendo risos de alegria em resposta.
Minha Terra, tão linda e tão vívida. Eu irei te apreciar sempre, embora nem todos cuidem de ti, eu cuidarei.
Tu eras tão forte. Resistira a bombas, desmatamento, incêndios e poluição. Mantinha-se de pé, tentando renovar-te de modo que todos ficassem bem.
Venderam pedaços de ti, lutaram dentro de ti, ceifaram vidas e mais vidas. Mas tua esperança nunca se apagou, diferente de alguns vulcões teus que dormiam, continuava gerando mais vidas. Limpando-se, resistindo a condições desfavoráveis.
Tão leal, tão lindo, tão nobre.
Até mesmo hoje, eu continuo crendo que não merecia a ti. Tu sempre foras demais para mim, mas tínhamos uma sintonia boa, arrumando um jeito das coisas darem certo.
Fique comigo, prometo cuidar bem dos teus solos. Plantar amor em cada território disponível.
Meu pequeno grande Mundo, peço-te para que aguente mais um pouco. Deixe-me habitar no calor do teu peito e tratar-te com carinho até que todas as feridas se fechem, deixando finas cicatrizes.
Pode levar anos, mas eu não me importo de passá-los ao teu lado. Espero que tu também não se importes.
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escapism
Poetry˗ˏˋ jikook | astronomy | shortfic ˎˊ˗ Todo este livro é nada, senão, a tentativa de pontificar e analisar os segredos desse ser tão esfíngico que conheci. Pois, apesar de ser difícil explicar os mistérios do universo, era ainda mais complexo explic...