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Cabeça repousando no meu colo, olhos movendo-se rápido ao devorar cada mínima palavra grafada nas páginas amareladas, às vezes, o rosto se contorcendo em uma expressão engraçadinha ao chegar em um momento de tensão na leitura. Tão naturalmente belo.
Estávamos no teu quarto — onde geralmente ficávamos quando teu pai não estava em casa, — Tua atenção presa no livro de fantasia nas tuas mãos. Eu sentava escorando as costas na parede verde do teu quarto, tua cabeça no meu colo enquanto o resto do teu corpo estava estirado no chão.
E Stephen Hawking que perdoasse a mim, mas nesse momento nem mesmo suas teorias sobre buracos negros, viagens no tempo e micropartículas ainda não detectadas chamavam mais minha atenção do que o pequeno à minha frente. Meu livro nesse momento já repousando no chão, pois para mim era muito mais atrativo assistir Park Jimin ler, o ver curvando os lábios ao se concentrar nas palavras.
Estupidamente apaixonado, nem negar mais eu podia.
Eu gostava muito desses momentos, onde juntos fazíamos nada. Onde eu podia te admirar sem que tu notasses minha cara de bobo.
Eu acho que nunca irei conseguir superar esse sentimento que se espalha por mim toda vez que estou perto de ti. Pois, naquele breve momento, onde teus olhos deixaram o livro para encontrar os meus a te observar, eu me senti estremecer.
Preso em tão belos olhos. Pequenos e puxadinhos, que sorriam junto contigo, tão profundos e marcantes. Eles tinham uma cor tão bela, cor de argila, cor de Marte. Se me perguntassem qual a minha cor favorita eu diria que era a coloração dos olhos de Jimin no final da tarde, quando a luz natural dava um brilho a mais à eles.
" O que tanto olha? " - tua voz saindo tão agradável somando-se a um sorriso de canto, mirava-me de modo que tinhas de olhar para cima.
E eu sorria sem ao menos notar. Meu coração se enchia de diversos sentimentos que eu não conseguia nomear.
"Você é tão lindo." - foi tudo o que fui capaz de pronunciar.
Teu nariz se contorcendo e uma gargalhada saindo por teus lábios.
"Não fale essas coisas Kookie, me desconcerta."
Tentavas esconder o próprio rosto entre as mãos, tão gracioso.
"O que é bonito precisa ser admirado e no caso, meu Jiminie é tão lindo, não me culpe, eu não posso evitar."
E lá estava, aquele brilho que eu tanto amava, reluzindo no castanho da tua íris.
Murmuraste algo me chamando de bobo com as bochechas coradas, eras fofo ao extremo, meu coração errava uma batida.
"Está tão apaixonado assim?" - tua voz saindo em tom de sátira, como se me provocasse.
E eu não pude controlar minhas próximas palavras. Perdendo qualquer medo de confessar.
"Hmm, sim. Estou tão apaixonado pelo hyung.... Ei não ri, é verdade, eu juro." - tua risada gostosa ressoava pelo quarto e eu tentava convencer-te que era real.
E então silêncio. Meus olhos nos teus e teus olhos nos meus, e até meu reflexo no teu olhar parecia mais belo, amado, era como me sentia ao ver minha imagem refletida.
"Eu espero mesmo que seja verdade, Jungkookie. Droga, eu estou tão feliz, não consigo parar de sorrir." - confessaste sem deixar de encarar-me.
Como resposta, minha cabeça abaixou-se um pouco. Meus lábios selando os teus uma, duas, três, quatro, infinitas vezes. Meus dedos se enroscando nos teus fios de cor semelhante a superfície de Marte.
Me sentia como um escapista. Eu, de fato, não me importava de largar a Terra e pousar na tua superfície vermelha sem chance de retornar a meu planeta.
Independente das tempestades de areias sequenciais que teria de enfrentar, eu continuaria ali. Habitando em ti, nas tuas temperaturas inconstantes e tamanho reduzido.
Se a viagem a Marte fosse sem passagem de volta, eu não iria me importar de seguir nessa missão.
Pois uma vez em ti, eu não sentiria a mínima vontade de deixar-te.
Com a minha nave preparada, eu estava certo de que era isso que queria. Certo de que partiria até tu, meu vizinho no Sistema Solar, explorar-te. Certo de que jamais voltaria dessa, me perdendo nas tuas rachaduras.
Tinhas cor tão bonita. O vermelho constantemente associado a sangue, violência e perigo para mim tinha significado diferente. Vermelho representava a paixão desenfreada dentro de mim que só tendia a aumentar.
Entre continuar na Terra ou voar até Marte, a segunda opção me parecia tão mais interessante, pois meu Marte possuia sorrisos doces e voz manhosa, dedos pequenos que acariciavam meu rosto e aroma frutal.
Eu venho em missão de paz, então me permita manter contato contigo. Permita-me caminhar por ti e contemplar teus satélites diminutos.
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escapism
Poesía˗ˏˋ jikook | astronomy | shortfic ˎˊ˗ Todo este livro é nada, senão, a tentativa de pontificar e analisar os segredos desse ser tão esfíngico que conheci. Pois, apesar de ser difícil explicar os mistérios do universo, era ainda mais complexo explic...