Confissões

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- Quando eu era criança fui deixado num orfanato. Meus pais não morreram, eles só não me quiseram. Com 4 anos, alguns homens, Marcel e August, aquele homem que você viu na outra casa...

O homem de preto. - Pensou Lizzy

-[...] Pegaram nomes e documentos falsos, para não descobrirem suas passagens pela polícia. E "adotaram" algumas crianças, eu e Daniel também éramos uma delas. Nós achávamos que iríamos ser uma grande família, que eles iriam preencher o lugar de nossos pais. No total eles levaram 5 crianças do orfanato, incluindo a gente. Mas nos separaram uns dos outros, eu não faço a menor idéia para onde levaram aquelas outras 3 crianças, mas só eu e Daniel ficamos no mesmo lugar, e lá só tinha mais uma criança, o Albert, aquele cara loiro também da outra casa, ele era um pouco maior que nós. No começo nós ficavamos presos, assim como você. Talvez porque éramos muito pequenos ainda para fazer as vontades deles, mas eles ameaçavam todo tempo voltar no orfanato, pegar o registro de nossos pais e os matar, e mesmo nós não os conhecendo, ainda tínhamos esperança de encontrá-los, e mesmo assim não queríamos que acontecesse nada com eles.

Lizzy só escutava.

- Quando eu tinha 11 anos, eles acharam que eu já era grande o bastante. - Ele prosseguiu. - E começaram a mandar eu fazer coisas para eles. Não só eu, Daniel também, mas eu só fazia por medo, e ele não. Se juntou com o garoto mais velho e agia como ele, como Marcel e August. Depois surgiram outras crianças, e tínhamos que manté-las presas, quando cresceram, também com uns 10 anos, foram mandados para outro lugar, que não sei onde é. E até hoje é assim, nós temos que fazer as coisas para eles.

Lizzy que estava o tempo todo calada, agora falou:

- Mas vocês podem andar por aí, são quase livres. Por que não fogem? Por que já não fugiram em algum serviço que mandaram vocês fazerem?

- Daniel é como um deles. Um dia, quando tinha uns 13 anos, eu falei sobre isso com ele e ele fingiu concordar com tudo, mas contou para o August e alguns outros caras. Me prenderam por 1 ano. Depois de um tempo, voltaram a mandar eu trabalhar para eles, já que eu não podia contar com o Daniel, bolei uma fuga sozinho, mas onde quer que eu esteja eles sempre me encontram. - Ele hesitou. - O meu castigo, dessa fuga... Eles me mostraram uma foto de uma mulher morta, disseram ser minha mãe, e eu não duvido nada. Mataram ela, Lizzy. - Seus olhos expressavam tristeza.

-Eu sinto muito, Shawn.

Ela o abraçou.

- Nunca tinham pegado ninguém da sua idade, e nem nenhuma menina. Eu não entendia o por que, mas agora eu sei.

- Você sabe? Por que eles me pegaram? - Disse Lizzy se afastando do abraço.

- Marcel era amigo de um casal, bem mais envolvido nessa vida de bandido que ele. Eles tiveram uma criança, eram muito odiados por outros bandidos. Não daria para cuidar dela, então deixaram nos cuidados de Marcel. Ainda bebê, os outros bandidos, rivais deles, descobriram que a criança que estava com Marcel, era daquele casal. Queriam pegá-la a todo custo. Então Marcel, meio que obrigou outra família cuidar dela. Ela cresceu e depois de muitos anos, voltaram a descobrir onde estava, e ainda queriam a pegar, para encontrarem seus pais ou matá-la, como um castigo para eles. Marcel, como havia prometido para seus amigos, pegou ela antes deles. - Ele hesitou. - Você era essa criança, Lizzy.

- O que? Como assim? Não, não, Shawn. Os meus pais são Garrett e John Tyan. - Os olhos de Lizzy se encheram de lágrimas. - Não, isso não  pode ser verdade.

- Lizzy, é a verdade. Eu busquei mais respostas, mas era realmente isso. - Ele suspirou. - Aquele dia, em que teve um tiroteio antes de você vir para cá. Não foi por nós que eles vieram, eles vieram por você. Queriam pegar você, Lizzy. E foi por isso que te trouxeram para cá, até agora os outros caras não descobriram onde você está de novo. É perigoso para você sair sozinha, é por isso que não deixei você ir.

"Você deve ser a Lizzy Price, né?" Então Lizzy se lembrou de quando conheceu Marcel. Foi isso o que ele disse. Era esse o seu verdadeiro sobrenome? "Price"?

- Eu não tenho um irmão mais novo, eu não tenho os pais que eu sempre achei ter. Agora está tudo explicado, o por que de minha mãe me tratar daquela forma, nunca ter se importado comigo. Eu sou filha de bandidos, Shawn. - Lágrimas  escorreram de seus olhos.

- Não Lizzy, não diga isso, eles ainda são a sua família. - Ele enxugou as lágrimas dela. - Não importa de quem você é filha, não é como eles, e nunca vai ser. Não muda nada.

- A minha mãe, nunca me disse que me ama. E agora eu entendo. Foi forçada a ficar com uma filha de bandidos. - Ela disse chorando. - Eu sofri por isso a minha vida toda, Shawn. Você sabe o que é achar que tem algo de errado com você, porque nem mesmo a sua própria mãe te ama?

- Sim, eu sei exatamente como é se sentir assim.

- Me desculpe se fui grossa, eu não queria...

- Tudo bem. Tá tudo bem.

- Eu sei que tecnicamente esse tal Marcel está querendo "me ajudar" mas, não é assim que funciona. Não podem me prender aqui para sempre!

- Você tem razão.

- Temos que fazer alguma coisa! - Os dois falaram juntos.

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PRISIONEIROSOnde histórias criam vida. Descubra agora