Escolha

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    Shawn correu corredor a fora e se espantou em perceber que estava vazio. Com os grandes passos de sua corrida, faltavam apenas mais uns 3 e ele estaria na escada que ficava ao lado. Porém em sua frente, além da escada, um dos Outros estava andando em sua direção. Nem um e nem o outro esperavam por aquele encontro. Os dois correram - Shawn em direção à escada e o Outro em sua direção. Shawn não pensou em disparar, mesmo tendo a arma nas mãos, só queria pegar Lizzy em segurança e a tira-lá dali. Enquanto isso o cara tentava pegar sua arma que estava guardada na cintura, presa pela calça - e o cinto.  
    Depressa Shawn sobe os degraus de dois em dois para chegar o mais rápido no topo. Atrás dele ouviu-se um disparo, olhou para trás e o homem estava parado no pé da escada com a arma apontada em sua direção. Sua respiração estava ofegante e sua visão esbaçada, não tinha tempo para esperar, continuou correndo. Sentiu uma dor apertar no seu braço, passou uma rápida olhada e viu que estava sangrando. O tiro havia acertado seu braço. Ele sabia que aquele cara era capaz de fazer mais que aquilo - o matar -  e que só por algum motivo teve sorte o suficiente para ter errado a mira. Sentiu que ele não deixaria aquele erro acontecer novamente. Shawn teria que ser mais rápido - e eficiente. Sua mão suava quando segurou a arma mais firme, tentou atrair toda a raiva que tinha desde sempre para que conseguisse fazer o que tinha que fazer. Matar mais uma vez. 
Girou suas mãos e apertou o gatilho, soltando um disparo que acertou o peito do homem fazendo-o cair, morto, no chão.
   Não havia tempo para surtos psicológicos - pós matar alguém - Lizzy precisava dele. Meio atordoado e ainda com uma dor aguda no braço - que agora pingava sangue na madeira escura do chão, marcando onde ele passava - continuou a correr e entrou no quarto da garota, fechando a porta e a trancando, para caso alguém estivesse no piso de cima.
   Ela, que chorava em um canto da parede, se virou assustada ao ver que a porta se abriu. Assim que percebeu ser Shawn, correu para os seus braços em um abraço de alívio, ele retribuiu. Mesmo querendo ficar assim com ela por mais tempo, não tinham tempo para isso.

- Está tudo bem, vai ficar tudo bem. - Sussurrou ele, aconchegando Lizzy em seu peito. - Agora nós precisamos ir. Não é seguro para você continuar aqui.

Ela se afastou. E o observou, foi quando percebeu o seu braço que sangrava.

- Ai meu Deus! Você está sangrando. O que eu posso fazer?

- Estou bem, fique calma. - Ele limpou as lágrimas do rosto dela, e continuou. - Precisaremos fugir, tem vários deles na casa. - Parou um pouco, ofegante - Pela janela. Você precisa ser o mais rápida e silenciosa possível, okay?

Ela só balançou a cabeça em afirmativa.

Fugir para sempre? Ser livre de novo ou ir para outra prisão? Para onde iriam? Era tudo que ela queria perguntar mas sair em segurança era tudo que importava naquele momento.

Shawn abriu a janela e colocou a cabeça para fora observando os dois lados, averiguando se não tinha ninguém ali - mesmo sabendo que só restava mais um homem e que provavelmente Marcel e Daniel já tinham cuidado dele. Vendo que não tinha ninguém, ele desceu e a ajudou a descer também.          Correram depressa para uma Ferrari azul que estava parada na lateral da casa - a mesma que ele tinha usado quando sairam pela primeira vez, agora Lizzy sabia que aquele carro estava longe de ser dele e que provavelmente deveria ser um carro roubado de Marcel, pelo fato que não tinham placas, ela ficou se perguntando como não tinha reparado isso antes.
    Shawn ligou o carro e acelerou para a frente da casa que dava lugar a estradinha, sem saber para onde iria. "O mais longe dali". Foi quando viu que Daniel corria ao seu encontro. Parou o carro em uma freiada brusca, pela velocidade que ele estava em sair daquele lugar. Daniel parou na janela do carro e entregando um papelzinho, falou:

- Marcel disse para você ir até esse lugar e esperar por ele. Proteja a garota. NENHUM LUGAR À MAIS.

Shawn pegou o papel com o endereço grossamente da mão dele, furioso.

- Desde quando o Marcel subiu o seu cargo? Você não passa de um subordinado. Quem você pensa que é? Não é nada mais do que um lixo.

   E acelerou outra vez rapidamente, se Daniel respondeu alguma coisa ele não pôde ouvir.
   O silêncio permaneceu até a metade do caminho, quando Lizzy começou a chorar outra vez. Shawn não podia a impedir de chorar, e nem passava pela sua cabeça dizer "não chore", depois de tudo o que ela passou, como a vida dela estava de cabeça para baixo, nem mesmo seus pais sabia mais quem eram, presa por quase 20 dias, e todas as outras coisas mais (como por exemplo a morte de sua mãe). Ela não tinha motivos para não chorar, precisava colocar tudo para fora de uma vez por todas. Ele já tinha se acostumado com a melancolia de sua vida, nunca teve uma vida normal como ela, provavelmente por incrível que pareça estivesse sendo mais difícil para ela.
   Mas ele não queria a ver daquela forma, queria confortá-la sem a sufucar em seus sentimentos. Ao mesmo tempo que queria que ela ficasse bem, não podia deixar que ela ficasse louca guardando tudo dentro de si.
   E por um segundo ele pensou que talvez nada disso estaria acontecendo se não fosse por ele.

- Lizzy... Me desculpa, me desculpa. Por favor me perdoa. Nada disso estaria acontecendo se não fosse por mim. - Ele parou pensativo por um momento. - Eu fui covarde, não deveria ter feito isso. Não deveria!

- Não! Não, é claro que não. Você não pode se culpar, não é sua culpa. Você sabe o que fariam com você, com sua família verdadeira...

- Eu me importo mais com você! Nem conheço a minha família, se eles não tivessem me jogado como um lixo num orfanato, nada disso estaria acontecendo. - Ele disse irritado. - Eu vou te proteger, vou te salvar, Lizzy. E farei o que for preciso para que isso aconteça.

   Shawn parou pensativo por um instante. O futuro de Lizzy agora dependia dele - da sua escolha. O sorriso de quando a viu pela primeira vez veio em sua memória. Ela era feliz com as pessoas que amava - seus pais e seus melhores amigos. Desesperadamente sentia falta deles.
Imaginou como seriam os dias, semanas ou meses seguintes se submetesse ela à outra prisão. Querendo ou não, em ambas as escolhas ela estaria presa. Mas eles dariam um jeito. 
   O que aconteceria se ele desobedecesse uma regra de Marcel? Uma importante regra. Será que Marcel mataria o seu pai dessa vez? Já que já havia matado sua mãe? Ele tinha um pai?
Sem se importar com as consequências, virou bruscamente o volante mudando a rota.

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PRISIONEIROSOnde histórias criam vida. Descubra agora