Tentativas

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- Pode me dar uma informação? - Bea falava para um moço sentado, tentando tirar a sua atenção.

Enquanto isso, Jordan disfarçadamente sentava ao lado do homem e tentava pegar o seu celular de sua bolsa semi aberta.

- É claro! - Disse o homem.

- Em quantos minutos eu chego na estação de trem? Quer dizer, eu consigo chegar lá andando ou preciso pegar algum transporte?

- Ish, tem muito chão daqui até a estação à pé, se quisesse ir andando precisaria pegar algum atalho, mas não sei te explicar direito aonde há um.

Bea avistou um jornal caído ao lado do banco, e eles estavam na capa, juntamente com a foto de John. Era só o homem olhar para baixo e o veria. Bea abaixou pegando o mesmo e colocando em sua bolsinha - não coube totalmente - o homem a olhava com estranheza.

- Eu gosto de colecionar notícias. - Ela falou com um sorriso amarelo.

- Então, - ele prosseguiu - são uns 10 minutos de táxi... - Jordan conseguiu pegar o celular e já havia se levantado e andado para longe.

- Tudo bem, eu acho que vou andando mesmo... Quer dizer, vou procurar algum atalho. Muito obrigada mesmo, moço. - Ela foi caminhando para a direção em que Jordan havia ido.

- MOÇA! - O homem gritou, o coração de Bea acelerou. Ela olhou para trás. - Deixou cair sua pulseira. - Ele disse balançando-a nas mãos.

- Ah claro, obrigada mais uma vez.

Ela voltou a caminhar, dessa vez com mais pressa, ele poderia mexer na bolsa e perceber que o celular não estava lá. Por um momento Bea se sentiu um monstro, o homem tão caridoso, devolveu a sua pulseira, mal sabendo que ela estava simplesmente o roubando.
Virando a esquina ela esbarrou em alguém, já ia pedindo desculpas, quando viu que era Jordan.

- Achei que tivesse acontecido alguma coisa, ia voltar para ver se estava tudo bem. - Ele disse com a mão no pescoço dela, o que a deixou um pouco sem graça.

- Tudo bem, - ela disse - ele não desconfiou de nada... Talvez ainda não tenha dado tempo. - Jordan abaixou a mão meio sem jeito. - É melhor sairmos daqui.

_ _ _

- O QUÊ? EU NÃO ACREDITO QUE ESSA MERDA NÃO TEM CRÉDITO. - Jordan falou, e levantou o braço para jogar o celular na parede.

- Jordan. Não! - Bea gritou, se colocando na frente dele e segurando seu braço. Eles ficaram por alguns segundos se olhando, talvez segundos demais, o que fez John pigarrear. Então ela meio que sem jeito, abaixando a mão, disse:

- O celular está sem saldo, mas ainda vamos precisar dele, assim que recarregarmos.

- E como vamos recarregar ele? Não temos dinheiro, ou você tem? - Jordan falou sem entender.

- Assim como você eu estou odiando essa vida de ladra, mas... precisaremos fazer isso de novo, precisamos pegar o dinheiro de alguém...

- Roubar, você quis dizer. - Jordan disse.

- Isso, precisamos roubar o dinheiro de alguém e recarregar esse celular, ou não conseguiremos pesquisar nada. Mas é por um bom motivo, pelo menos.

_ _ _

Mais uma tentativa...

Os dois saíram com a função de encontrar uma vítima que os ajudassem à buscar respostas.
Passaram por uma praça ampla com apenas alguns bancos espalhados pelo círculo que ela formava. No meio dava-se pra ver as crianças correndo e brincando em volta de seus pais que estavam sentados no chão preparando o piquenique.

Bea e Jordan combinaram em se separar para que enquanto um estivesse abordando alguém o outro chegasse disfarçadamente para pegar a grana - que claramente estaria dentro da bolsa.
Os dois estariam sempre se observando para ver a hora certa que iria ter que agir.

Bea caminhava pelo gramado verde, dirigindo-se para o local aonde estaria - para ela - mais propício de conseguir uma vítima.
Ela já estava chegando em uma mulher - que julgava ser a pessoa ideal para fazer o "serviço" - quando avistou Jordan preparado para abordar um menino. Ela o reconheceu, tinha cabelos pretos, pele clara e era óbvio que tinha a mesma idade que eles, ela sabia quem ele era. Jordan já estava tão perto dele que não daria pra chegar lá a tempo de o fazer desistir, mas teria que tentar. Poderia ser qualquer um daquela praça, mas não ele. Ele não.

Apressou o mais rápido que pôde os seus passos - naquele momento estava praticamente correndo - queria gritar: "JORDAN, ESCOLHE OUTRA PESSOA!!!" Para tentar desfazer o que já estava feito. Mesmo assim, seria uma péssima idéia.

Jordan deveria estar esperançoso pensando que tiraria algum proveito daquele rapaz e pior, que ela o ajudaria. Infelizmente - ou felizmente - aquilo não iria acontecer.

Quando estava mais próxima deles, colocou o seu capuz afim de não ser reconhecida - mesmo que não fosse algo tão eficaz.
Ela conseguia ouvir algumas palavras de Jordan, mesmo nada fazendo sentido ele estava tentando fazer sua parte do acordo.
Como ela interromperia a conversa sem que ele a visse?

Ela passou por trás de Jordan e puxou seu braço, forçando-o à dar alguns passos desgovernados para o lado.

- Nós precisamos ir embora. - Sussurrou ela.

- Que? - Jordan falou mais alto do que ela esperava - O que você está fazendo? Você está estragando tudo. - Dessa vez sussurrou.

Bea não prestou atenção em nenhuma de suas palavras, tudo parecia um flash pra ela e seu corpo era como se estivesse agindo no automático.
Continuou puxando Jordan para que ele andasse, mesmo aquilo sendo um trabalho difícil.

- Ei espera. - Ouviram uma voz vindo atrás deles. A voz parecia desconfiada, como se estivesse acabado de descobrir algo.

Jordan virou no momento exato quando o rapaz tentou deter Bea, suas mãos foram diretamente nos braços dela, puxando brutamente para trás - fazendo-a virar em sua direção.

- BEA, MEU DEUS. BEA É VO... - Ela voou pra cima dele tampando sua boca porque nesse ele já estava praticamente gritando.

- Sou eu, eu estou bem... - Falou ela, pensando o quão expostos eles estavam naquele momento. - Eu preciso ir... Por favor, não conta pra ninguém que me viu.

- Como assim? Você precisa de aju...

- Não, eu estou bem. Eu realmente preciso ir. Confio em você. - Interrompeu ela, para confirmar que tudo estava bem.

Tomas ficou ali parado vendo sua amiga do teatro se distanciar, talvez aquele seria o último dia que a veria, ele realmente não sabia.

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PRISIONEIROSOnde histórias criam vida. Descubra agora