Don't Cry (Não Chore)

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Naquele dia Shawn foi mais longe do que costumava ir. Estava no centro da cidade. Onde Lizzy ficava era bem escondido e distante, então já fazia uma grande diferença de lá para a povoação em Pickering. Diversas lojas e pessoas ao seu redor, uma única finalidade.

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Chegando na casa, Marcel logo o esparava encostado no apoio da escada.

- O que você foi fazer na cidade? Não me lembro de ter te dado nenhum serviço por lá.

- Como soube que eu estive lá?

- Uma pergunta de cada vez. O que foi fazer lá?

- Só dar uma volta, precisava de ar.

- Desde quando precisa ir tão longe para isso?

- Agora já é a sua vez. Como sabe que eu estive lá?

- Eu sempre sei. Tenho minhas táticas... Contatos. Você nunca vai conseguir escapar de mim, Shawn. Não mais.

- E os seus contatos sempre estão na minha cola? Justamente e especificamente onde eu estou?

- Já disse tenho.as.minhas.táticas.  - Agora ele estava ficando um pouco irritado. - E eu não te devo satisfações. Você vai aonde eu te mandar ir, e nada mais, nada menos. Entendeu?

Shawn passou por ele subindo as escadas, estava bufando de raiva. Quando estava no topo da escada, Marcel falou:

- AH! Já ia me esquecendo de dizer. Estão procurando a garota por toda parte. Coloque um pano naquela janela, para que caso alguém passe por aqui, não a veja.

Shawn se virou.

- Como sabe que eles estão a procurando de novo? Tem alguma outra informação?

- Não que eu devesse te contar. Mas, invadiram a casa dela esses dias.

- Mas e a família dela? Eles estão bem?

- Olha, isso eu já não sei, e não me importo.  Só sei que disseram que encontraram um corpo morto na casa, John Tyan está sendo acusado de ter matado a mulher, está desaparecido. Mas isso para mim não é uma possibilidade. Eles foram lá.

Shawn não disse nada, só se virou e foi andando em direção ao quarto. A informação soando em sua cabeça "John Tyan está sendo acusado de ter matado a mulher" essa mulher, era a mãe de Lizzy, a sua mãe de criação. Como ele contaria para ela? Deveria contar? 

- E aí, descobriu alguma coisa? - Lizzy falou.

Shawn estava parado na porta do quarto olhando para Lizzy, um olhar vago e triste. Pensou em como Lizzy ficaria arrasada se descobrisse que a mãe havia morrido.

- Shawn?

- Oi. Bom, não descobri nada. Mas, - ele disse e fechou a porta atrás de si - ele descobriu aonde eu fui. Me perguntou o que fui fazer lá.

- Você perguntou como ele descobriu? Ele não deu nenhuma pista?

- Eu perguntei, mas ele não quis falar nada, quer dizer, apenas que tem táticas e contatos.

- Nossa. Isso vai nos complicar.

Shawn se aproximou e disse num sussurro.

- Não podemos ir enquanto ele souber de cada passo meu.

- Sim, você tem razão.

Shawn a encarou seus olhos mostravam pena de Lizzy.

- O que foi? - Ela disse. - Por que está com essa cara?

- Hãm, não é nada. - Ele falou e se levantou pegando um pano preto que tinha no chão do quarto e o colocando na janela.

- O que você está fazendo?! - Lizzy disse num quase grito.

- Estão procurando por você outra vez, Marcel mandou que eu colocasse para que ninguém possa te ver.

- Estão me procurando outra vez? Pelo que eu saiba eles estão me procurando o tempo todo! E não só hoje. Você está sabendo de alguma coisa?

-  Lizzy, relaxa. - Ele andou até um canto da parede e apertou o interruptor - que Lizzy nem sabia que tinha - ligando uma luz fraca e amarela.

- Shawn. - Ela disse numa voz melancólica, segurando o choro. Ficar presa já era demais, mas o fato de ela nem se quer poder olhar pela janela e ver o céu, os pássaros e as árvores, era demais. Ela se sentiu como se estivesse naquele quarto pela primeira vez. O sentimento de aprisionamento voltou sem ser chamado.

Ele suspirou.

- Eles foram... Até a sua casa.

- Até minha casa? Como assim? minha família está bem?

- Eles devem ter fugido. Devem estar bem.

Os olhos dela se encheram de lágrimas.

- E se os homens os levaram? E se tiver acontecido alguma coisa com eles? Eu prefiro que me machuquem a machucarem eles. - Agora lágrimas escorriam de seu rosto. - Quem tem que estar envolvida nisso sou eu e não eles, eu sou a filha de quem eles tem uma "guerra" , eu prefiro me entregar para esses caras se...

- Não diga isso. - Shawn a interrompeu tapando delicadamente sua boca, depois a abraçou e disse. -Não chore, vai ficar tudo bem.

- Nós precisamos ir, Shawn. Precisamos resolver isso logo. Nós precisamos salvar minha família, derrotar os homens que me perseguem, encontrar meus pais...

- Lizzy, calma. Não podemos fazer todas essas coisas de uma vez só. E antes de fugirmos - ele falou essa palavra num sussurro - Precisamos descobrir o que fazer para eles não me encontrarem. - Ele continou. - Eles vão ficar bem eu tenho certeza, sei que o Marcel não entregaria você à uma pessoa sem preparo nenhum.

- Mas o meu pai não tem preparo algum contra esses bandidos, ele é só uma pessoa normal. Meu irmão e minha mãe nem se fala.

- Talvez você não conheça totalmente seu pai, eu também era uma pessoa normal para você e agora você sabe que não sou.

Lizzy queria interromper e dizer que ele era uma pessoa normal, era um prisioneiro assim como ela, e que o que aconteceu não era exatamente culpa dele, e que ela não detestava totalmente tê-lo conhecido, ela gostava dele, e mesmo ele sendo parte da causa de ela estar naquele lugar, se não fosse assim, teria sido pega pelos outros bandidos "piores". Mas estava preocupada demais pensando na resposta para eles sempre saberem onde o Shawn estava. Pensando numa solução para aquele sofrimento acabar e eles conseguirem sair dali de uma vez por todas.

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PRISIONEIROSOnde histórias criam vida. Descubra agora