Kiss

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Alaska

- Bom dia senhorita Dhoruba! - Minha professora substituta de sociologia gritou, fazendo com que eu levantasse minha cabeça em um solavanco e que toda a turma me olhasse. - Fico feliz que agora esteja conosco. - Sorriu cínica.

Maldita velha idiota, tomara que seja atacada por lobos selvagens quando for até sua cabana de bruxa na floresta.
Vou parar de insultar as bruxas, gosto delas.

Estou cansada, não dormi durante a noite. Não preguei meus olhos nem por um minuto, e nem sei bem porque.
Passei a droga da noite em claro depois que saí da casa de Benjamin, e já era de madrugada, então eu nem teria muito tempo mesmo.

- Perderam o que aqui? - Perguntei pra turma, que ainda me olhava.

Alguns viraram imediatamente e outros me olharam torto por mais alguns segundos, mas no final todos prestavam atenção na mulher de vestido rosa longo e solto no corpo volumoso.

- Tão delicada... - Escutei Benjamin falar do outro canto da sala. Dei um sorriso de canto, que sei que ele viu.

- Você não sabe o quanto. - Respondi com um tom malicioso na minha voz.

Obviamente estávamos usando nossa audição apurada para conversarmos, até porque estamos bem longe um do outro, cada um em um lado da sala.

Depois de longos e torturantes minutos daquela aula o sinal finalmente tocou, e todos começaram a sair.
Esperei que todos fossem e então fiz o mesmo, seguindo direto para o meu armário.

Senti alguém me observando de perto, e num movimento rápido eu estava com o pescoço de Cedric preso entre o armário e minha mão esquerda.
Ele estava inutilmente tentando tirar minha mão de lá. Quando vão notar que sou mais forte?

- Não gosto de ser observada. - Falei quando soltei ele do aperto.

- Minha ideia era falar, mas você me atacou antes. - Falou rouco.

Ri do seu estado, seu rosto antes branco agora estava vermelho e sua voz que era sempre suave e calma estava com um tom de desespero.

- Seu cabelo está diferente. Significa alguma coisa? - Perguntou.

- De certa forma sim. - Dei de ombros. - Por que está aqui?

- Eu estudo aqui. - Sorriu brincalhão.

☆☆☆☆☆horas mais tarde☆☆☆☆☆

Será que é possível morrer de tédio? Porque se for, já podem encomendar meu caixão.
Não faz nem quinze minutos que estou no treino de futebol e a única coisa que eu tenho pra me distrair são os erros que eles cometem em campo. Sinceramente, isso é muito amador. Até pra eles.

- Ben, você notou que o número 17 está machucado, não notou? - Perguntei baixo, vendo ele olhar diretamente pro 17 em campo.

Logo ele estava fazendo companhia a mim, no banco. Acenei para Benjamin, que revirou os olhos e balançou a cabeça.
E eu acho que descobri meu novo hobby.

No total três jogadores estavam no banco comigo, todos com algum problema que afetava o desempenho em campo, e que deixavam o time mais fraco, com brechas.

- Tá bom, por que me fez tirar eles do treino? - Benjamin segurou meu braço.

O treino acabou e todos estavam indo pro chuveiro, menos o capitão, que achou que seria divertido vir me cumprimentar.

- Eu não fiz você fazer nada. - Tentei puxar meu braço de volta, sem sucesso. - Apenas mostrei falhas que poderiam ser relevantes em um jogo. Mas se preferir, da próxima deixo que todos os jogadores machucados ficarem em campo. - Falei já irritada, pronta pra socar sua cara.

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