Alaska
Escola decorada, ruas decoradas, casas decoradas, todos em clima de halloween. Os cinemas ao ar livre exibindo filmes de terror, crianças fantasiadas, adolescentes e adultos encarnando fetiches.
Sobrenaturais sentindo a liberdade da semana dos monstros. A semana em que somos amados, almejados e queridos.É a semana dos monstros, a semana em que todos os portais e passagens para o submundo estão abertos, e sem nenhuma forma de segurança.
A única semana em que o mundo inteiro está submisso a ataques de todo o submundo.- Qual vai ser sua fantasia? -
- O que? - Perguntei.
- Qual vai ser sua fantasia pra festa de Halloween da escola, Alaska? - Melinda repetiu.
Minha parceira de laboratório, alta, corpo esbelto, cabelo cacheado incrivelmente hidratado, muito bonita. Não nos falamos como grandes amigas, mas conversamos as vezes.
- Ainda não sei. - Respondi após alguns segundos. - E você? - Perguntei encarando seus olhos castanhos que deixaram transparecer um brilho de animação.
- Surpresa! - Exclamou feliz.
- Pra todos inclusive você? - Apoiei minha cabeça na mão e a encarei de forma doce.
- Primeiro: não faça isso, sabe como é estranho você do nada agindo de forma fofa? - Sorri e voltei ao normal - E sim, inclusive pra mim. - Revirou os olhos.
Terminamos o trabalho e fomos dispensadas, Melinda me acompanhou até o campo, onde os meninos estavam treinando.
Observei um pouco antes de ir para a arquibancada, eles estavam jogando bem melhor agora que os jogadores que estavam machucados saíram ou simplesmente resolveram seus problemas.
- Então, você e o Benjamin estão juntos, né? - Olhei pra ela. - Tipo, namorando.
- Não, estamos só ficando. - Falei voltando minha atenção pro campo e notando ele me encarar do lado mais afastado.
- Acho que formam um casal bonito. - Falou.
- Não somos um casal. - Falei enquanto pegava meu caderno e um lápis.
- Mas formariam um belo casal, não acha? - Pelo que pareceu um segundo tirei meus olhos do caderninho em minha mão.
Meu cabelo impedindo que Melinda visse meu rosto, rodei o lápis entre meus dedos, mordi meu lábio inferior e comecei a escrever.
- Sim, seríamos um belo casal. - Respondi com naturalidade.
Eu realmente acho que seríamos um belo casal, somos bem parecidos em algumas coisas, sempre passamos momentos legais juntos e as transas são maravilhosas.
Benjamin faz meu tipo, alto, forte, sorriso bonito e não é um completo babaca. Na verdade está longe disso, eu sei que gosto dele, mas também sei que eu trago muitos problemas pra quem estiver ao meu redor. Não poderia jamais exigir isso dele.Quem sabe quanto tempo eu vou ter até que venham atrás de mim de novo, quem sabe quanto tempo eu tenho até ter que fugir...
- O treino já acabou? - Escutei Mel murmurar e levantei a cabeça.
- Parece que sim, eles nem tiveram tempo de suar hoje. - Se bem que o dia ta bem frio.
- Deve ser por causa da previsão do tempo, deve nevar mais tarde. - Faz sentido, quanto mais tempo levarmos pra chegar em casa mais perigoso é.
- Você ta esperando seu irmão, não é? - Perguntei com uma leve dúvida.
- Sim, ele vai fazer o teste pra esse ano. - Falou sorridente, sorri de volta.
- Deveria sorrir mais. - Fechei meu sorriso e vi Benjamin. Não estava emburrada, mas também não estava sorrindo.
- Olha só a hora! - Melinda disse rindo e pegando suas coisas. - Meu irmão já deve estar saindo foi bom ver vocês, tchau. - Saiu sorrindo.
Benjamin esperou que ela ficasse mais distante e sentou do meu lado, olhando pro carderninho no meu colo até que eu o tirasse de sua visão, guardando o pequeno.
- Então... - Falou chegando mais perto. - Seríamos um belo casal? - Perguntou sorrindo.
- Não sei de onde você tirou isso. - Respondi e tentei voltar a guardar as coisas na mochila. Apenas tentei.
- Qual é... - Me puxou mais pra perto dele. Como estávamos na arquibancada ele pôde colocar uma perna de cada lado do banco, me deixando entre elas, de lado. Pegou minhas pernas e colocou em cima da sua perna esquerda. - Eu sei, que você sabe, que eu ouvi vocês. - Falou dando umas pausas e beijando meu pescoço, até chegar o mais perto que ainda era possível.
- Se você ouviu o que eu disse, então por que a pergunta? - Me distanciei e passei minha perna pro outro lado, até que finalmente estivesse completamente de frente pra ele.
- Queria ouvir direto de você, olhando nos seus olhos e vendo sua boca mexer enquanto fala. - Falou e me puxou até que eu estivesse sentada no seu colo. Me deixando uns centímetros mais alta.
Olhei pro céu, ainda estava claro mas já começava a escurecer e o frio tinha aumentado significativamente. Olhei pra ele, vendo que me observava.
Passei meus dedos pelo seu rosto até chegar em sua nuca.- Seríamos um belo casal, Benjamin. - Falei e quase imediatamente ele me puxou pra um beijo.
Um beijo calmo, suas mãos rodearam minha cintura, uma leve pressão ali e o puxei mais pra mim, pela nuca, enquanto enrolava meus dedos no seu cabelo que tinha crescido e deixava leves arranhões ali.
- Vamos pra minha casa. - Falei assim que nos separamos.
Ben ficou em pé ainda me segurando, as mãos tão firmes quanto antes e então soltei minhas pernas de sua cintura, ao mesmo tempo que ele me deixava cair pra ficar em pé.
Me puxou de novo e depois de alguns beijos rápidos fomos finalmente pro estacionamento, pegar a moto e ir embora.O vento frio voltou a soprar, balançando meu cabelo e Junto dele veio um cheiro, familiar e leve.
Deveria ser impossível sentir esse cheiro, pelo menos aqui.- Alaska? - Benjamin chamou, e só então notei que estava parada.
- Vamos pra minha casa. - Falei séria e o puxei pela mão.
Eu não sei o que está acontecendo, mas sei que não é bom.
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Transmorfa.
WerewolfAlaska sempre foi diferente de todos, sempre teve um comportamento diferente das outras crianças, dos outros lobisomens. Mas tudo mudou quando seu pai a abandonou aos 5 anos, deixando-a com sua mãe e sua irmã. A perda fez com que sua verdadeira f...