Capítulo 34.

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Anne estava sentada no sofá, em seu ninho de almofada quentinhas, mudando de canal a cada cinco segundos. Estava entediada. Seus dias se resumiam em ir para a faculdade, depois o estagio na empresa de Niall — o qual ela estava agradecida por ser apenas a ajudante da assistente dele, assim não precisava o ver sempre e ele tinha passado as últimas semanas fora. Não teve animação para sair nesses últimos meses, ficou apenas em casa nas horas vagas maratonando series e colocando matérias em dia. As únicas coisas interessantes foram as vezes que passou no café para ver como Luke estava e Calum a engordou com guloseimas. Ela passara a ir lá então com mais frequência para poder comer o bolo do cozinheiro.

Estava quase adormecendo quando a campainha tocou. O relógio marcava pouco mais que nove da noite. Anne franziu o cenho para a porta. 

Não recebia visitas que não fossem os caras com quem compartilhava a cama as vezes, porém ela os havia dispensado a tantos meses antes quando começou a gostar do loiro que partiu seu coração juntamente com a irmã. Não teria paciência se fosse alguma das suas fodas se arrastando até ali para trepar. Tinha deixado bem claro que não estava no clima.

Contra todas as vontades, se levantou do sofá. O moletom cinza velho e a camita com estampa de desenho não era uma roupa decente para receber visitas, mas seja quem for não valeria o tempo dela de trocar de roupa. Não quando pretendia despachar a pessoa que tocou novamente a campainha.

Não se deu o trabalho de olhar pelo olho magico, o que foi um erro, já que poderia ter tido alguns minutos para se preparar. Sua irmã e Niall estavam parados a porta. Ele a encarando de maneira vergonhosa e ela estava de olhos vermelhos e inchados. Anne estreitou os olhos para o loiro.

— O que fazem aqui?  

— É bom ouvir sua voz novamente. — Anne respondeu, um sorriso fraco em seu rosto. — Nós podemos entrar?

Seja o que tivessem passado, não achou que encontraria sua irmã de novo nessa situação. Parecendo muito cansada, com olheiras e parecendo que vinha chorando a muito tempo. Se Niall fosse o motivo disso ela o mataria.

— Tudo bem. — ela se retirou para o lado. Afinal aquela também era a casa de Anna e sinceramente ela estava exausta de estar a tanto tempo sozinha.

Anna entra com um suspiro aliviado e sem o auxilio do loiro. Não precisava dele para entrar e andar livremente pela casa que morou os últimos anos da vida. Anne não mudara nada do lugar, ainda tinha esperanças de a irmã voltasse pra casa. Ela fechou a porta assim que Niall passou, esperando que um deles iniciasse a conversa.

— Como você está Anne? – sua irmã pergunta, se escorando no braço da poltrona.

Ela havia mudado muito, parecia mais velhas, os cabelos mais cumpridos e a barriga destacada no vestido rosa. 

— Estou bem. – cruza os braços. – E vocês?

— Estamos bem. – Niall diz e ela concorda.

— Eu preciso conversar com você. – Anna expire fortemente.

— Certo. 

— Eu vou usar o banheiro. — Niall atravessou a sala. —  Com licença.

Ambas esperaram o loiro caminhar pelo corredor e então bater a porta do banheiro. Anna se ajeita, sentando na poltrona e Anne volta para o sofá. 

— Eu quero concertar as coisas, quero ter minha irmã de volta. – a gravida começa, as mãos cruzadas no colo, brincando com os dedos.

— As coisas ficaram complicadas. — a mais nova agarra uma almofada.

Tinha pensado sobre essa conversa muitas vezes, cogitou a ideia de ir atrás da irmã muitas vezes e na semana anterior até mesmo tinha pegado um taxi para ir vê-la, porém encontrou o apartamento de Harry trancado e sem ninguém em casa.

— Só é complicado se você quiser que seja. – o tom firme na voz de Anna surpreendeu a irmã. – Nós duas sabemos que eu errei em esconder que estava com o Niall, mas quantas vezes você errou comigo e eu não te perdoei mesmo assim?

— Eu sei.

— Estou cansada desse briga. — um suspiro. — Tenho apenas você como minha família e não vou te perder por essa futilidade.

Não era futilidade. Anne queria gritar, mas se absteve. Não queria piorar ainda mais a situação. Já estavam em um momento delicado e apesar do que a irmã achava, realmente sofreu com a traição dela. Tinha nutrido sentimentos pelo loiro que ocupava seu banheiro e pensou que a irmã a apoiasse. Não chegou a ama-lo, estava longe disso. Anne tinha uma dificuldade quando se tratava de amor, porém Niall tinha sido o único homem que sentiu alguma coisa em anos e isso significou alguma coisa.

— Anne... — oh céus, como era enjoativo continuar chorando. Anna sentia que os olho iriam derreter a qualquer instante. — Somos irmãs, enfrentamos coisas difíceis e muito piores. Sabe disso. — a historia das gêmeas não era a das mais felizes. — Cuidei de você a vida toda, fiz o melhor que pude. Só estou pedindo que retribua. Perdemos muitas pessoas importantes ao longo dos anos e não posso perder você também.

A caçula também sentiu os olhos arderem, mas não choraria. Tinha sido forte o tempo todo, ela mais do que Anna evitava chorar e diferente da irmã que tinha um coração, alegre e bondoso. O seu havia se tornado congelado e duro. Não possuía muitos amigos, já que não sentia vontade de socializar. Nunca teve um relacionamento serio, pois nenhum homem conseguiu fazer com que seu coração batesse acelerado. Até Niall. 

Porém depois de tudo ela não o via mais da mesma forma. Ela tentava se acostumar a ideia de que o loiro e sua irmã se amavam e estavam constituindo uma família juntos e isso rompeu algo dentro de Anne que ela não achou que poderia se tornar mais fria do que já era. E vendo Anna ali, parecendo tão mórbida fazia querer matar Niall por não cuidar bem de sua irmã. Provavelmente ninguém cuidaria tão bem de Anna. A caçula sabia das coisas horríveis que passaram e a irmã tinha dado seu sangue e suor por ela e estava na hora de retribuir sim. 

— Você não vai me perder. – Anne se aproxima da beirada do sofá, agarrando as mãos da irmã. — Nunca.

— O que isso significa? — ela agarrou sua mão de volta.

— Que eu vou estar com você, para qualquer fim. 

Anna se levanta da poltrona para abraçar a irmã e ambas mergulham naquele mar de saudades, de dores não ditas e amores escondidos.

— Senti saudades. — Anne alisou os cabelos da irmã.

— Eu também. — a gravida riu. Se conciliar tinha feito seu dia valer a pena e apesar de sua conversa com Luke ter sido um colapso total. Anne era quem amava mais, quem mais importava e esse laço valia mais que tudo.

Elas se sentam no sofá, se entremeando nas almofadas e então, continuando agarradas uma na outra e uma longa conversa se inicia. Anna basicamente repete todas as coisas que havia dito a Lia e Calum no café, mas agora confessando coisas a mais como a doença de Niall e sobre como a gravidez estava difícil. Quando ambas decidiram que tudo estava bem, disseram a Niall que poderia voltar a sala e o mesmo pareceu contente. Mesmo com o pobre homem tendo saído do hospital a algumas horas, levou uma longa bronca de Anne sobre como não estava cuidando bem de sua irmã e incluiu muitas ameaças a lista.

— Você pode ir jantar conosco no apartamento dos meninos. — Anna ainda estava agarrada a mão da irmã. — Eles cozinhas super bem e seria bom ter você por perto mais um tempo.

— Claro. Só vou colocar outra roupa e podemos ir. 

A Importância dos MomentosOnde histórias criam vida. Descubra agora