Capitulo 1.

1.1K 53 6
                                    

— ANNE! – ela grita para a irmã mais nova – VAMOS NOS ATRASAR! – Anna coloca sua companheira toca e seus óculos escuros, apesar de ser verão, o tempo estava frio.

— ESPERA! – sua irmã grita do quarto, enquanto Anna pega a coleira.

— Max. – chama-o. – Vem aqui garotão.

O golden retriever corre até sua direção, colocando a pata em sua mão esquerda, indicando que já está pronto.

— Pronto para mais um dia? – Anna afaga seus pelos. O cachorro de porte médio e pelos dourados balança o rabo, apesar de Anna não conseguir ver.

Apenas um baixo latido é o suficiente para uma confirmação e ela prende a coleira em seu amigo, deixando que ele a conduza até a porta.

— Anne! – ela chama a irmã novamente. – Tenho mesmo que ir.

— Pode ir na frente hoje. – sua irmã diz através da madeira da porta. – De tarde nos encontramos em casa.

Anna suspira receosa, mas resmunga em assentimento e sai de casa. O som das ruas de Londres preenche sua audição com carros, motos, animais, pessoas e pássaros, mas Anna apenas sorri, vitoriosa por mais um dia. Max caminhava devagar pela calçada, atento a tudo e a todos, atravessando as ruas na faixa de pedestres apropriada, juntamente com outras pessoas que os observavam curiosos. O caminho atualmente tão conhecido para Max, traçado por ele todos os dias a 3 anos, foi treinado pra isso, sabe das rotinas da dona, sabe chegar até seu trabalho, Starbucks.

— Bom dia, Anna. – Lia, sua chefe, a cumprimenta, assim que a vê chegar pela porta dos fundos.

— Bom dia Lia. – sua voz é carregada de alegria.

— Oi Max. – Lia acarinha seu pelo. – Posso colocá-lo no canil?

— Sim, obrigada. – ela entrega a coleira. – Pode dar a ração para ele por favor?

— Claro Anna.

Ela caminha para dentro da cafeteira com calma, indo em direção ao balcão, com cuidado para não tropeçar em nada

— Não trouxe a bengala hoje? – a voz que sussurra em seu ouvido a assusta pela proximidade.

— Oi para você também, Luke. – ela se vira de onde supostamente a voz do seu amigo está e sorri. – Tudo bem com você?

— Tudo ótimo. — o jovem alto e esbelto sorri de volta e analisa Anna com seus olhos amendoados. — E com você?

— Bem, pode me dar meu uniforme? Acordei atrasada e não deu tempo de vestir e nem de lembrar da bengala.

— Vou pegar, espera um porquinho. – Anna escuta o som dos passo de Luke se afastarem e depois de alguns segundos volta a se aproximar. Ela estende a mão e logo o tecido de algodão está em suas mãos. – Aqui está.

— Obrigada. – seu sorriso se estende. – Vou me vestir.

— Quer ajuda até o banheiro? – Pergunta Luke e toca levemente seu braço.

— Se não for incômodo. – Luke aproveita seu consentimento e cruza seu braço com o da amiga e a guia até o banheiro.

Anna sempre viu o lado ruim de ser cega. Ser solitário, ser vazia, triste, sofrer preconceitos com isso, mas com o passar dos anos foi vendo que, apesar de tudo, ela sabia que o pouco que tinha valia mais que qualquer outra pessoa tinha. Luke era seu único e verdadeiro amigo, que a amava de verdade.

— Te vejo daqui a alguns minutos. – Luke os separa.

— Okay. – ela acena e entra no banheiro.

Anna nasceu completamente cega, sem nenhum recurso pra ter uma visão, ela usa os sons e cheiros como referência, mas o que mais a acompanha é a escuridão.

A Importância dos MomentosOnde histórias criam vida. Descubra agora