Capítulo 5.

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— Pronto Max. – Anna retira a coleira do canino, que corre pela casa alegre a procura de seu osso de pelúcia. – Pode ir brincar garotão.

Ela caminha pela sala, se livrando do sobretudo e dos sapatos, logo após os óculos e desabotoando os primeiros botões da camisa social do uniforme. Anna se senta na poltrona, esticando as penas e jogando a cabeça para trás, relaxando o pescoço.

O silêncio agradável e interrompido por sussurros quase inaudíveis, mas não para Anna. Ela abre os olhos, ajeitando a postura na poltrona. Não deveria ter ninguém em casa nesse horário, Anna estaria no trabalho e sua irmã na faculdade.

Ela se levanta, caminhando pela casa, o único lugar que consegue caminhar livremente sem o auxílio da bengala ou de Max.

— Anne?! – ela abre a porta do quarto da irmã.

Estava silêncioso, nem o vento ousava passar pela janela, os sussurros param, Anna ouviria as respirações que vinham do quarto, se sua irmã e o suposto namorado não tivessem a segurando. Foi então que Anna descobriu o avanço de sua audição, ela podia ouvir, mesmo que extremamente baixo, as batidas aceleradas do coração da irmã.

— Por que não responde, Anne? Sei que está aí. – ela cruza os braços, satisfeita consigo mesma.

— Hahaha, oi?! – sua voz é nervosa. – O que está fazendo aqui?

— Eu que te pergunto, por que não está na faculdade?

— Bem... eu não me senti muito bem, resolvi ficar em casa.

— Ae?

— Hurum.

— O que está sentindo? Já está melhor? – Anna se escora no batente da porta, só pelo tom de voz ela sabia que a irmã estava mentindo.

— Estava com muita dor de cabeça, mas já estou melhor. – ela fica em silêncio, então Anna adentra no quarto, focando na outra respiração que havia ali.

Algo diferente, um barulho bem baixinho, mas audível, uma respiração pesada, acelerada. Vem do guarda roupa dela.

— Sabe Anne, acho que esqueci uma toca minha no seu guarda roupa. – a irmã mais velha caminha até o mesmo.

— NÃO! – suas mãos agarram seu braço. – Quer dizer, não está ai, eu arrumei ele hoje, não tem toca sua ai.

— Não, eu tenho certeza que eu deixei aí. – Anna se solta do aperto e abre as portas do guarda roupa.

Todos no quarto ficam em silêncio, o que facilita para Anna, ouvindo a respiração acelerada em sua frente, indicando que havia alguém ali.

— Sai daí! – ela esbraveja para o garoto moreno.

— C-calma! – sua voz é trêmula e ele pula para fora.

— Anne me explica isso! – a irmã mais velha cruza os braços conturbada. – Anne! – se exalto.

— E-eu só, eu só...

— Anda faltando as aulas e trazendo garotos pra dentro da minha casa?

— Essa casa também é minha! – a caçula a encara incrédula.

— Mas eu sou a responsável por ela e por você. – Anna apenas vai aumentando o tom de sua voz. Gritar não era sua atividade favorita, mas não tinha outro jeito de fazer sua irmã a escutar. – Você não pode faltar as aulas e não pode trazer garotos pra dentro de casa.

— Eu já tenho vinte anos, Anna. Não manda mais em mim.

— Há não? Se acha tão independente e dona do próprio nariz, então por que não vai trabalhar e para de viver as minhas custas?! – Anna esbraveja.

A Importância dos MomentosOnde histórias criam vida. Descubra agora