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Nina!

Cinco anos haviam se passado

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Cinco anos haviam se passado. Cinco anos desde que minha vida mudou. E pra melhor.

Anos atrás, assim que eu recebi a resposta de que havia sido aceita na Central Saint Martins, rapidamente me mudei para Londres. Rapidamente, diga-se de passagem, porque meu pai por pouco não deu um ataque cardíaco quando soube.

Apesar de dizerem que os pais criam os filhos para o mundo, acreditava eu que nenhum pai ou mãe queriam ficar longe de seus filhos. E era exatamente isso que meu amado pai não queria, a princípio. Minha mãe e eu tivemos uma longa conversa com ele, até que ele entendesse. Lógico que eu não queria ficar longe da minha família, muito menos dos meus irmãos a quem eu era tão apegada, mas eu precisava ir atrás do meu sonho e precisava de um tempo longe, depois do último acontecimento.

Meu pai queria pagar todas as minhas despesas e prontamente, eu recusei. O sangue Dakota Johnson corria nas minhas veias e eu aprendi desde sempre com minha mãe a ser guerreira e não depender de ninguém. Sim, minha família era muito rica, mas eu queria aprender a andar com minhas próprias pernas. E para minha felicidade, meus pais já haviam me ajudado a dar os primeiros passos, com meu próprio trabalho, digamos assim.

Meu interesse na moda começou com minha tia Eloise. Ela tinha uma loja no shopping, era formada em moda e eu vivia na loja. Até que um olheiro de modelos mirins me achou e eu comecei a fazer fotos desde criança para marcas infantis. A adolescência chegou e o trabalho continuou. E eu sempre ganhava dinheiro com os trabalhos que eu fazia e meus pais, como bons administradores, aplicavam esse dinheiro, me rendendo uma boa grana para que eu pudesse começar. Do meu pai, eu só aceitei o apartamento, que ele fez questão de ser o melhor.

Meu começo em Londres não foi fácil. Sentimentalmente falando. Eu era muito apegada à minha família e ficar longe deles era terrível. Mas eu precisava. Precisava ser alguém na vida, crescer profissionalmente e esquecer a mágoa fodida que eu tinha de Ian.

Além de realizar meu sonho de ser parte do mundo da moda, eu precisava trabalhar. E eu senti que o pontapé inicial foi dado quando em meio a tantas modelos, eu fui selecionada para ser o rosto do Sky di Gioia, um perfume lançado por ninguém mais, ninguém menos que Giorgio Armani.

Dali em diante, muitos trabalhos apareceram

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Dali em diante, muitos trabalhos apareceram. Eu desfilei para algumas marcas nas semanas de moda pela Europa e estava conseguindo construir uma carreira. Eu sei que ter beleza era de grande ajuda, mas eu não queria ser só mais um rosto bonito. Eu me dediquei com unhas e dentes ao meu curso, me formei com louvor e pensava em talvez ter uma marca que levasse o meu nome e as minhas criações.

Nesse tempo também, eu conheci Ana. Ana era brasileira, filha de um sócio do meu pai. Ela também tinha o sonho de estudar moda, mas para trabalhar na parte de criação. Foi então, que um ano depois que eu já morava em Londres, ela, a pedido do meu pai, veio morar comigo já que tinha se inscrito na London College of Fashion.

Ana foi minha companhia durante esse tempo morando em Londres. Nós nos tornamos melhores amigas e isso causou ciúmes em Jules que insistia em dizer que eu a havia substituído, mas não. Eu apenas havia arrumado um espacinho a mais no meu coração para alguém que era tão especial como Ana era.

Eu contei para ela todos os reais motivos na minha mudança, além da profissão. Ela me entendeu perfeitamente. Tanto que como uma boa brasileira, animada e divertida, me arrastava para todos os lugares possíveis e nós nos divertíamos juntas. Uma ou duas vezes por ano, nós largávamos tudo em Londres e saiamos para conhecer outros lugares nas redondezas do mundo.

Ela sabia que o meu coração ao mesmo tempo que estava feliz em voltar para casa, estava angustiado por não saber o que encontrar, em todos os sentidos.

Olhar para todas essas malas no chão do meu quarto, me fez ter esse momento nostálgico de lembrar de tudo que eu vivi aqui durante esses cinco anos. Eu tinha reconstruído a minha vida de certa forma. Aprendi a ser independente e viver sozinha, apesar da saudade constante dos meus pais e da minha família. Aprendi a me importar menos com quem não se importava tanto. E aprendi a não me apegar.

Lógico que eu não era de ferro e ainda não tinha me passado pela cabeça me tornar uma freira. Quando Ana e eu saíamos, nós nos divertíamos pra valer. Isso incluía conhecer europeus belíssimos e bem gostosos, mas sempre com o tema: não se apegue. Ana era mais sentimental que eu, ela namorou umas duas vezes, mas acabou não dando certo.

Já eu, ainda guardava bem lá no fundo negro do coração o que eu tinha vivido com Ian. Eu tinha superado de certa forma, mas as vezes as lembranças insistiam em azucrinar minhas ideias. Isso acontecia ainda mais quando eu sabia que ele via minhas fotos. Já eu, não queria saber absolutamente nada dele. Inclusive pedia minha mãe para não me falar coisa alguma sobre ele quando eu ligava. Meu pai, por não saber da história é que me contou que ele havia se formado em administração e trabalhava na empresa da família. Bom pra ele. No fundo, eu não desejava seu mal. Eu só não queria nenhum tipo de contato.

Era difícil e duro admitir que eu não sabia qual seria minha reação quando o encontrasse de novo, até porque nós erámos da mesma família. Era pior ainda admitir que ainda doía lembrar do que aconteceu e que a ferida ainda não tinha cicatrizado totalmente.

Mas o motivo da minha volta a Nova York era muito maior e melhor que qualquer mágoa e ferida que eu guardava. Eu havia recebido uma proposta irrecusável da Calvin Klein, com direito a contrato com a marca. A única exigência era estar em Nova York, onde era a sede da empresa e sem pensar duas vezes, eu aceitei.

Liguei para os meus pais assim que recebi a proposta. Eles ficaram mais felizes que eu ao saber que eu voltaria pra casa. Eu só pedi que eles não contassem para ninguém porque eu queria fazer uma surpresa. E para minha sorte e para a surpresa ser ainda melhor, eu voltaria exatamente uns dias antes do aniversário dos meus irmãos.

Olhei mais uma vez para as malas, me sentei na cama e respirei fundo. Foi quando Ana apareceu na porta do quarto.

- Preparada para voltar? – Ela se sentou do meu lado.

- De certa forma sim. Você sabe que não precisa voltar também e que pode ficar aqui. – Ana me olhou e sorriu.

- Sim, eu sei. Eu amo esse lugar, mas amo ainda mais ficar perto da minha família. Eu não via a hora de voltar.

- E as nossas viagens, como ficam? – Ela riu.

- O mundo é imenso amiga e nós podemos ir pra qualquer lugar.

- Você prometeu me levar ao Brasil.

- E eu vou. Mas agora nós precisamos chegar em Nova York primeiro. – Nós rimos. – Vamos? – Ela me estendeu a mão e eu me levantei.

- Vamos!



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