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Nina!

Cheguei em casa e corri para meu quarto

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Cheguei em casa e corri para meu quarto. Nunca agradeci tanto por encontrar a casa tão silenciosa. Eu não queria que ninguém me visse daquele jeito. Sei que não tinha falado nada além da verdade ao Ian. Que tinha colocado pra fora tudo que eu guardei por cinco longos anos. Sabia que tinha adiado por mais tempo que o necessário e que enfim tudo tinha sido dito ali naquela sala e porque eu sentia daquele jeito? Porque eu me sentia tão mal por ter sido dura com ele?

O que ele me fez quando éramos jovens não tem perdão. Ele me usou da maneira mais suja possível. Fez com que eu me sentisse a pior das mulheres. E quando finalmente eu consigo mostrar que superei e que nada daquilo me afeta mais, eu me sinto como se eu fosse o monstro da história. Me joguei na água quente no box e deixei que a mesma lavasse todo meu choro. Processei toda a conversa novamente e só consegui chorar mais com aquilo. Será que ele realmente tinha se arrependido? Que estava mesmo mudando? Ou era só mais um de seus truques pra tentar fazer com que eu acreditasse nele outra vez? Eu não podia me deixar levar por aquilo, não podia permitir que ele tivesse tanto poder sobre mim.

Quando senti que meus dedos estavam enrugando e que minha pele já tinha sido castigada o suficiente pela água quente, desliguei o chuveiro e sai do box pegando uma toalha na bancada e enrolando no meu cabelo. Envolvi meu corpo em um roupão felpudo e caminhei de volta para o meu quarto, dando de cara com minha mãe sentada na minha cama e do seu lado uma imensa caixa preta. Ela estava eufórica, até que seus olhos pousaram no meu e constataram o óbvio. Certamente meus olhos estavam inchados e vermelhos devido o choro, pois logo que eu passei por ela ouvi a sua voz me questionando:

- Filha, você andou chorando? O que aconteceu? - É claro que ela não deixaria passar. Me conhecendo tão bem como ela conhecia, é obvio que não deixaria qualquer coisa que fosse passar despercebido. Fechei os olhos, respirei fundo, e me virei indo em direção a cama. Sentei e me deitei em seu colo.

- Acho que a tão esperada conversa enfim aconteceu mãe. - Ela tirou a toalha da minha cabeça e começou a pentear meus cabelos desgrenhados com os dedos.

- E então? - Eu não precisava mencionar sobre qual conversa estava falando. Ela sabia, ela sempre sabia.

- E então que eu falei tudo. Tudo que estava engasgado todo esse tempo.

- E agora está se sentindo horrível por ter jogado toda verdade na cara dele, não é isso? - Senti algumas lágrimas molharem meu rosto.

- Mãe! Não era pra ser assim. Não era pra eu estar me sentindo como se tudo não tivesse acontecido. Sabe quanto tempo eu sonhei com isso? Com o momento em que eu finalmente faria ele engolir com palavras tudo que ele me causou?

- Filha...

- E porque eu me sinto tão mal mãe? Por quê?

- Porque você tem um coração bom, meu amor. Porque você é tão boa que apesar de tudo que passou, não consegue se sentir feliz em fazer os outros sofrerem. Nós sabemos que o Ian não foi nada honesto com você. Sabemos que ele te causou muito mal e que com isso você teve que sair daqui como se tivesse cometido algum crime. Mas eu mais do que ninguém sei que, independentemente de qualquer coisa, você é a pessoa mais doce que eu já conheci na vida minha filha! Veja só tudo que conquistou mesmo depois de tudo que passou?! Estudou, se formou com êxito, e agora você está prestes a realizar o maior sonho da sua vida que é ter sua própria marca. Eu tenho muito orgulho de você meu amor. Nós passamos por tanta coisa juntas, por tantos momentos ruins, e veja só tudo que conquistamos hoje!

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