Você ainda está aí?

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Atenção, NSFW, tirem as crianças da sala.

O cheiro da cidade continuava igual à como se lembrava quando era criança: a mesma pureza que somente uma cidade de interior tinha, a mesma calmaria sem as buzinas e o movimento conturbado e apressado da grande cidade.

Tudo continuava igual, menos Midoriya Izuku.

Este, que havia se mudado ainda na infância, pronto para esquecer o trauma de ter se perdido na mansão abandonada no final de sua rua.

Seus pais tiveram medo do que aquelas memórias poderiam lhe trazer se continuasse vendo a tal mansão todos os dias da janela de sua antiga casa que ficava em frente esta, ainda mais quando Izuku insistia em dizer que havia conhecido alguém dentro dela e este o havia ajudado a sair de lá.

No entanto, era verdade que tinha se deparado com alguém, mas ninguém havia acreditado que aquilo era realmente possível. Uma mansão abandonada de tantos anos.

Porém, Midoriya se lembrava claramente dos olhos heterocrômicos do sujeito que tinha encontrado, trajando um sobretudo negro que só ressaltava a palidez na pele.

Infelizmente, isso era tudo que sua memória permitia se lembrar, já que todas as vezes que tentava lembrar do rosto sua mente lhe mostrava imagens deformadas de algo ruim, provavelmente por causa da escuridão e do trauma por ter se perdido. Ainda assim, tinha certeza absoluta de ter alguém lá que o ajudou. Nada retirava isso de sua mente, por mais que ninguém acreditasse.

Mas tudo só começaria a fazer sentido se contar o que de fato aconteceu naquele dia, o tal dia do trauma.

Era uma noite de Halloween com muitos doces, travessuras e um Midoriya Izuku em sua fantasia de fantasma - simples devido ao orçamento financeiro de seus pais -, em seus oito anos de idade. Foi desafiado pelo seu melhor amigo, Bakugou Katsuki, à entrar na casa mal assombrada que sempre mantinha até mesmo as crianças mais corajosas longe o suficiente.

Para a infelicidade de Midoriya, Katsuki adorava pegar no seu pé, sempre o chamando de inútil e fraco, por ser uma negação em alguns esportes, somente alguns como gostava se de lembrar avidamente; e naquele eventual dia também tinha sido desafiado, mas dessa vez tinha decidido não deixar barato. Ele iria entrar e pegar qualquer coisa que tivesse lá dentro, sair, e estava tudo certo.

Contudo, como nada nessa vida são flores, assim que Izuku entrou na mansão maldita, se perdeu rapidamente, quando a grande porta da sala se fechou. Tudo lá era escuro demais. Tinha um cheiro de mofo terrível devido ao tempo que estivera fechada e as placas de madeira pregadas nas janelas impediam que qualquer luminosidade da rua adentrasse no local - mesmo quando estava de dia.

Tentou vagar, procurando qualquer indício da porta, mas o pânico o alastrou, o fazendo imaginar coisas fantasmagóricas e terríveis, dentre elas formas assustadoras de monstros devoradores de crianças mirradas como ele.

Num surto terrível de pânico foi acalentado por um abraço calmante, qual parecia vir de um rapaz calmo auxiliado com uma lamparina que fazia seus cabelos bicolores refletirem o mais límpido tom de vermelho e branco, além de, é claro, os olhos de cores também distintas; entre um nevoeiro cinza após uma tempestade e um mar repleto de corais do Caribe.

Izuku aceitou o abraço protetivo e fez questão de se agarrar naquele rapaz que o guiou até a porta da sala da grande mansão, o mantendo sempre em seu colo, deixando com que o pequeno esverdeado sentisse o cheiro mórbido de crisântemos, explicitamente um cheiro do mais florido velório.

E assim que foi colocado para fora do quintal da grande mansão com um jardim espesso, soltou Izuku e o empurrou lentamente ainda em silêncio para que ele corresse até o portão de fora e atravessasse todas aquelas flores, das quais ocultavam o portão, podendo apenas se ver as luzes vermelhas e azuis dos policiais que ameaçavam invadir o local abandonado, em busca do esverdeado desaparecido.

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