Hermione levantou-se de onde estava, deixando sua pilha de cabelos no chão, caminhou até o salão comunal dos monitores chefe.
Decidiu faltar todas as aulas da tarde. E tirou o uniforme, precisava respirar, longe dessa loucura de mudança, de grifinoria e sonserina, de troca de rotina e de tantas outras esquisitices que estavam acontecendo em sua vida.
Foi até o banheiro e se olhou no espelho. Estava com vários hematomas, um corte na sobrancelha e um na boca. Seu corpo todo estava salpicados de pontos roxos, escoriações, arranhões e afins. Suspirou, jogou uma água no rosto e sentou-se no sofá.
Vestia apenas a saia do uniforme e um sutiã, estava sentada perto da janela, examinando seus ferimentos, quando a porta do salão se abriu. Hermione nem se importou, continuou contando os hematomas espalhados pelo seu corpo.
—Te procurei por toda parte, onde esteve? — perguntou Malfoy, se aproximando. —Espera, o que aconteceu? — perguntou preocupado, observando melhor a cena. Um filete de sangue escorria da sobrancelha de Hermione até seu queixo. Ela levantou o olhar para ele.
—Nada, eu estou bem.
"Hermione é realmente uma menina muito forte", pensou Malfoy. A abraçou. Sabia que não ia adiantar insistir. Ela só ia falar quando quisesse falar.
—Me deixa pelo menos cuidar de você? — perguntou e essa assentiu com a cabeça. Ele foi até o banheiro, molhou um pano e veio até ela. Limpou o sangue de seu rosto com muita delicadeza.
Levou-a até seu quarto e ajudou-a a se deitar na cama. Sentou-se na beirada da cama ao lado dela.
—Pelo menos me diz que fez isso com você. — pediu ele. Ela sorriu, de olhos fechados.
—Não preciso que me defenda. — disse ela, lembrando-se das palavras de Jack uns dias antes.
—Me dê um nome. — insistiu ele.
—Não sei os nomes. Eram algumas sonserinas. Disseram algo sobre eu estar tentando imita-las.
Malfoy franziu o cenho.
—Acho que teremos um pouco de trabalho com as meninas. — disse ele. Hermione bufou uma risada.
—Esqueci que você era o reizinho da Sonserina. — disse ela.
—Ei! Isso foi antes de estarmos juntos, ok? — rebateu, levemente ofendido. Ela deu mais uma risada.
Levantou sua mão e passou pelo rosto dele, fazendo um breve carinho.
—Está tudo bem. Só vou ter que aprender a lidar com elas.
—Temos que ir na professora McGonagall. Isso é sério, Hermione. — disse ele, olhando nos olhos dela.
—Não. — ela respondeu tranquila. —Pensariam que não sou capaz de me defender. E eu sou.
Malfoy suspirou.
—Tudo bem. Faremos do seu jeito. — disse, se rendendo à vontade dela. Hermione sorriu.
Hermione se rendeu, foram juntos para a aula. Após as aulas, no fim do dia, Hermione foi até o salão comunal dos monitores chefe e tomou um banho demorado. Ficou algum tempo contemplando a própria imagem no espelho. Quase como se estivesse hipnotizada pelos seus olhos verdes. Levaria algum tempo para se acostumar com as novas mudanças.
Foi até o grande salão para o jantar. Sentou-se, automaticamente e por puro costume, na mesa da Grifinória, entre Rony e Harry. Ela percebeu que algo estava errado quando percebeu o silêncio no salão. Levantou a cabeça e olhou para os lados, nem seus amigos falavam coisa alguma.
Depois de alguns segundos caiu a sua ficha, e ela enrubesceu de vergonha com o erro bobo que acabara de cometer. Mas quem poderia julga-la? Por anos havia feito todas as suas refeições no mesmo lugar, como poderia agora mudar de repente.
Levantou-se, com seus corpo todo parecendo que pesava uma tonelada. Sentia um constrangimento desnecessário. Mas então, quando estava prestes a sair dali e se arrastar até a mesa da Sonserina, McGonagall começou a falar, com a voz amplificada pelo salão.
—Senhorita Granger, você tem minha permissão para fazer sua refeições onde se sentir mais confortável. Isso faz parte de sua adaptação. — e então Hermione se sentou novamente.
Os outros alunos, claro, estranharam, mas continuaram suas refeições. Hermione suspirou.
—Não sei o que deu na minha cabeça vindo até aqui. Parece que meu corpo me trouxe sozinho. — disse pros amigos, com as bochechas ainda um pouco rosadas.
—Também não sei, e acho que você deveria ir para a sua mesa. — disse Rony, sem olhar diretamente para Hermione.
Ela fechou o sorriso que tinha aberto em seu rosto com tanto sacrifício.
—O que? — não tinha certeza se tinha acabado de escutar o que Rony disse realmente. Qual seria o motivo dessa grosseria? Ela olhou para os lados se sentindo perdida, Harry disfarçava, brincando com a comida. —Você não vai dizer nada? — perguntou ela, fazendo-o olhar em seus olhos.
—Eu não acho que Rony esteja tão errado assim. — disse ele, ajeitando os óculos que escorregavam pelo nariz. Hermione bufou uma risada e cruzou os braços, mas não disse nada, forçando Harry a se explicar. —Aqui é a mesa da Grifinória. Você é uma sonserina. — disse ele, olhando para o uniforme de Hermione com certo desgosto.
—Você ta de brincadeira? — ela cerrou os olhos para ele. — Você só pode estar de sacanagem. — se exaltou um pouco, chamando a atenção de alguns alunos mais próximos.
—Hermione, nós nem conseguimos olhar pra você, se você quer saber a verdade. — Rony disse, fazendo com que Hermione o encarasse. Ela soltou os braços que estavam ainda cruzados. Sentiu um embrulho no estômago. —Sonserina, Hermione? Sonserina? Além da Grifinória, tinham mais duas casas que você pudesse ter ido, e você escolhe justamente a que não podia? — Hermione se sentiu levemente ofendida por Rony ter falado dessa forma de sua nova casa, sem nem saber o por que.
—Eu não escolhi. — disse ela, com sua voz ameaçando embargar. —Aconteceu, eu não tenho culpa.
As pessoa mais próximas começaram a cochichar sobre a cena que estavam presenciando, chamando atenção de outras pessoas.
—Faça-me o favor. Eu já sabia que tinha algo de errado com você desde o início, quando você deixou Malfoy ficar na sua cabine do trem. — disse ele, com certo desprezo. Hermione fez uma careta de confusão. — Eu tinha ido até lá me despedir de você, literalmente entrei naquele trem e fiz toda aquela viagem, de Kings Cross até Hogwarts. Tinha pegado a capa da invisibilidade do Harry emprestada para te fazer surpresa. Fiquei igual um bobo olhando para vocês dois pela janela da cabine, conversando e rindo. Logo vi, Hermione, que você nos trairia.
Hermione sentiu seus olhos se encherem de água e a visão ficar embaçada, virou para Harry em busca de algum apoio, mas ele só balançou a cabeça e continuou encarando suas ervilhas. Ela se levantou da mesa e saiu correndo para a rua.
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o Leão e a Cobra
FanfictionAo término da guerra, a direção de Hogwarts convida os alunos a terminarem seu último ano escolar que fora interrompido. Nem todos decidem voltar, mas os que assim escolheram, surpreendem-se com uma Hogwarts completamente reconstruída, ainda mais fo...