A Seleçao

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Hermione levantou-se. Sussurrou um "silentium" e seus ouvidos se fecharam. Não queria escutar ou comentários que os outros certamente estavam fazendo. Alguns mais descarados até apontavam para ela enquanto ela passava. Via de relance com a visão periférica os colegas com seus olhares curiosos.

O tempo parecia desacelerado. Ela levou uma eternidade para chegar até o banquinho de madeira. Seus pés pareciam enraizados no chão. Seus órgãos internos pareciam pesar uma tonelada. Sua visão ficou turva no exato momento em que ela chegou no banco.

—Minerva, por que tudo de mais bizarro que existe no mundo tem que acontecer comigo? — perguntou baixinho.

—Você vai se dar bem, não importa a casa que for escolhida, e você sabe disso. — disse a diretora.

Hermione suspirou antes de colocar o chapéu na cabeça. E ele logo começou a cochichar em seus ouvidos.

—Hmmm. Para onde eu deveria mandar você? Já que claramente não pertence mais à Grifinoria.

—Me reconhece? — perguntou ela confusa. Os meninos haviam dito que Rósea havia sido escolhida para outra casa por que o chapéu não a reconheceu.

—Como não reconheceria? — perguntou o chapéu, rindo um pouco. Mas Hermione não achou engraçado.

—Por que eu estou aqui? — perguntou ela.

—Por que você decidiu que não quer mais ser da Grifinoria. — disse o chapéu, e ela frase ecoou estrondosa na cabeça de Hermione.

—Eu não decidi nada. — se defendeu, sentindo-se ofendida.

—Você já escolheu até para qual casa você irá. — respondeu o chapéu, com a voz grave se arrastando para dentro dos ouvidos de Hermione.

—Seria Corvinal? Na minha primeira vez você disse que não sabia se eu seria Grifinoria ou Corvina. — disse ela.

—Isso era naquela época. Mas você mudou. E você sabe que mudou.

—Eu não entendi. — disse ela.

Sonserina!

Hermione achou que seria capaz de desmaiar. Tirou o chapéu assustada, desfez o feitiço de silêncio. O grande salão borbulhava. Todos os olhares nela. Ela se levantou atirando o chapéu no chão. Olhou para seus amigos. Harry e Rony olhavam tão embasbacados que ela sentiu vergonha. Ela estava de queixo caído e ainda sem acreditar. Olhou em volta, olhou para McGonagall. Sentiu sua visão embaçar. Seus joelhos ameaçaram derruba-la. Ela olhou para a mesa da Sonserina e Malfoy estava de pé, tão assustado quanto ela. Ninguém fazia absolutamente a menor ideia do que estava acontecendo e por que.

Ela cambaleou para trás e Malfoy correu ao seu encontro. Quando ele estava próximo, ela desmaiou.

Acordou horas mais tarde na enfermaria. Era madrugada. Levantou-se da cama angustiada. Piscou algumas vezes para que seus olhos se acostumassem com o escuro. Olhou em volta, estava sozinha.

Caminhou de pés descalços até o salão comunal dos monitores chefe. Entrou em seu quarto, correu até seu gurda-roupas. Seus uniformes mudaram. Agora eram da Sonserina, e ela sentiu um arrepio.

Gostava de verde. E havia gostado de vestir a gravata de Malfoy. Mas isso era diferente. Estava indo para um lugar onde a maioria a odiava. E ela odiava a maioria. Se sentia deslocada. esbarrou na sua mesinha e deixou cair o abajur, espatifando-o no chão.

Malfoy acordou e veio ver o que estava acontecendo. Quando viu Hermione, puxou-a para o abraço mais apertado que poderia dar. Ela precisava saber que não estava sozinha.

—O que será de mim? Tenho medo. — disse ela. Começou a chorar logo depois. Malfoy sentiu seu coração se partir em um milhão de pedaços.

—Não chore. Por favor, não chore. — Levantou-a no ar e a carregou até sua cama. —Daremos um jeito. Estarei com você cada minuto do dia. Você sabe que pode contar comigo para absolutamente qualquer coisa.

Deitaram-se juntos, Hermione o abraçou e enterrou seu rosto no pescoço dele. Aquele perfume era tão reconfortante...

—Você é a pessoa mais forte que eu conheço, consegue passar por qualquer coisa. — disse Malfoy, acariciando os cabelos dela. —Ora, vamos lá. Você lutou na guerra, e saiu dela como heroína. As melhores notas de N.O.M.S e N.I.E.M.S desta escola são as suas, consegue responder qualquer pergunta, consegue resolver qualquer problema. Está sempre ao lado de quem ama. Você vai se sair muito bem. — dizia num tom tranquilo, e ela até se sentia mais consolada.

—Todos me odeiam. — disse ela.

—Eles vão aprender a te amar. — respondeu.

—Assim como você aprendeu este ano? — perguntou ficando sonolenta. Malfoy deu uma risada.

—Eu não aprendi esse ano. Eu sempre amei você. Desde o primeiro minuto.

E ela dormiu ali, nos braços de Draco Malfoy. Seria sua primeira noite oficialmente como Sonserina.

Se alguém lhe descrevesse esta noite uns cinco anos antes, ela mandaria a pessoa para o St. Mungus, por que certamente a pessoa estaria insana. Mas nesse momento, nada no mundo parecia mais certo para ela do que isso.

Acordou no outro dia sozinha em sua cama. Se espreguiçou. Foi até a sacada e ficou algum tempo olhando a paisagem. Suspirou e foi vestir o uniforme.

Ficou algum tempo encarando sua imagem no espelho. Sorriu. Era estranho mas ela gostava. Foi até o quarto de Malfoy, abriu a porta e entrou.

Ele estava sentado na cama lendo um livro, assim que ela entrou ele interrompeu sua leitura. Olhou pra ela e abriu um sorriso.

Ela fez uma careta.

—O que acha? — perguntou.

—Nunca esteve tão linda. — sorriu largando o livro na cama. Fez um gesto com a mão para que ela fosse até ele. Ela se aproximou. —Realmente, verde é a sua cor. — disse. Ela se sentou ao lado dele e lhe deu um beijo carinhoso.

—Vai ser estranho. Mas eu até gostei do uniforme. — ela disse. —Precisamos ir tomar o café da manhã.

—Então vamos. — ele se levantou da cama e amarrou a gravata. Ela continuou sentada, olhando para o tapete. —O que foi?

—Estar com esse uniforme na sua frente é uma coisa. Não sei se estou pronta para aparecer assim em público. Encarar todo mundo. Principalmente os grifinórios.

Malfoy sentou ao lado dela e segurou sua mão.

—Não se preocupe. Vai ficar tudo bem. Eu estou aqui com você e não vou deixar ninguém te fazer mal. — disse num tom carinhoso. Não conseguia nem imaginar o que ela estava sentindo nesse momento. Sua vida estava demasiado caótica. —Vamos, estarei do seu lado. — levantou e estendeu a mão a ela. Hermione se levantou, segurou a mão dele e foram.

Caminhavam pelos corredores já atraindo olhares curiosos. Hermione Granger ficava linda de verde.

—O período de adaptação não vai ser fácil, mas você vai se sair bem. — disse ele.

—Eu sei. — ela respondeu, pouco antes de entrarem no grande salão.

o Leão e a CobraOnde histórias criam vida. Descubra agora