Assim que Malfoy saiu, ela se jogou na cama. Suspirou alto. Ficou olhando para o vidro, observando o lago do outro lado. Hora ou outra algum peixinho batia contra aquela parede transparente. As vezes algum sereiano passava ao longe.
Hermione estava se sentindo insuportável nesses últimos dias. Todo esse clima bizarro de mudança e mentiras, tudo muito carregado de angústia e solidão. Sentia como se tudo estivesse muito nublado e cinzento.
—Bem, agora você tem que me mostrar o salão comunal. E como faço pra sair das masmorras. — disse ela para Daphne, levantando-se levemente na cama e apoiando o peso do corpo sobre os cotovelos.
—Que é? Virei guia turística? — a garota rebateu, erguendo uma sobrancelha para Hermione, e abaixando levemente o livro em suas mãos.
—Não pedi para ficar no seu dormitório, e muito menos para passar por uma maldita passagem secreta. E se eu passar por essa porta e me perder nas masmorras, a culpa é toda sua. — disse Hermione, estreitando os olhos para Daphne Greengrass, e a fuzilando a cada palavra dita.
Prendeu o cabelo num coque e passou pela porta do quarto, batendo-a com força logo em seguida. Daphne levantou-se revirando os olhos e inspirando o máximo de oxigênio possível, como se isso fosse capaz de controlar a vontade que ela estava de esmagar o crânio de Hermione.
—Vou aumentar meu preço pra vinte galeões. Um vestido só não cobre todo esse estresse.
E saiu pela porta também, à procura de Hermione, que estava agora embasbacada com toda a belez do salão comunal — que seguia o mesmo estilo dos dormitórios, mas contava com vários sofás e poltronas revestidos em veludo verde esmeraldas e pufes fofos da mesma cor. Um lustre prateado pendia do alto do teto, bem no centro da sala. Uma enorme lareira em uma das paredes, decorada com lajotas pretas em toda a volta, e belíssimos tapetes tammbém pretos cobrindo o chão de mármore.
—Bem mais bonito do que o que eu esperava. — murmurou Hermione, no momento em que Daphne se posicionou ao seu lado.
—Fala sério. Se as coisas mais básicas como um lustre e uma vitola te deixaram tão surpresa, que tipo de espelunca é a torre da Grifinória? — perguntou retoricamente, com deboche. Hermione não se importou com a acidez na voz da colega.
—E pensar que eu adorava morar lá. Pensando nisso agora , só acho aquela decoração um lixo. — respondeu Hermione, caminhando em direção a um sofá.
—Uma verdadeira sonserina. — disse Daphne, estalando a língua. Sentou-se ao lado de Hermione.
—Por que Draco não pode saber da passagem secreta? — perguntou Hermione.
—Uma passagem secreta só é secreta se ninguém souber da existência dela. Quando mais gente conhecer a passagem secreta, menos secreta ela é. — respondeu como se fosse óbvio.
—Quem mais sabe sobre ela? Digo, além de você. — perguntou Hermione, refletindo sobre a resposta de Daphne, que realmente fazia sentido.
—Você. — disse ela. Hermione a encarou, e ela riu. — e Pansy. Ela era minha antiga colega de quarto.
Hermione sentiu um arrepio. Pansy Parkinson era um tormento, e Astória Greengrass também.
—Eram muito amigas? — Hermione perguntou, desconfortável. Não sabia como prosseguir a conversa depois disso.
—Somos. — respondeu a garota, lançando um olhar significativo para Hermione. — E antes que pense que eu concordei com o que ela e minha irmã fizeram a você, devo dizer que não concordei. Até por que não me importo o suficiente com a sua existência para tentar matá-la. — disse ela, de modo venenoso, e Hermione até deu um sorrisinho, adimirando a essência sonserina que Daphne Greengrass exalava. — Mas saiba que eu sinto muito. — disse, sem olhar para Hermione. E Hermione sentiu que aquelas palavras eram amargas demais na boca de Daphne.
Não quis falar mais sobre isso.
—Certo... Agora você precisa me ajudar a sair daqui. Tenho que saber por onde passar quando quiser sair desse salão comunal. — disse Hermione. Daphne Greengrass deu uma risada.
—Tonta e dependente. O resto desse ano letivo vai ser muito divertido. — disse, levantando-se do sofá, sendo seguida por Hermione. — Está vendo isso? É uma porta. Para sair do salão comunal, tudo o que você tem que fazer, é passar por ela. — disse, de forma irônica. — Deve ser muito difícil para você, nã é, Granger? — perguntou, ainda sorrindo debochada.
—Sim. Extremamente difícil, acho que preciso de informações mais detalhadas. — disse Hermione, com o mesmo tom de sarcasmo.
Passaram pela porta e caminharam um longo corredor, dobraram à esquerda e subiram um lance de escadas. depois caminharam por mais um corredor — mas um pouco mais curto — e passaram por trás de uma tapeçaria.
Deram de cara com o corredor que Hermione já conhecia muito bem: o da sala de poções.
—Eu jamais iria imaginar que era ali que ficava a Sonserina. — disse Hermione, sorrindo para si mesma. Já tinha visto essa tapeçaria um zilhão de vezes, e jamais imaginou que atrás dela havia um corredor.
—O objetivo é ficar escondida mesmo. Assim como todas as casas. A localização sempre é secreta para lunos que não sejam da casa. A menos que eles contem para outros onde ficam. — disse Daphne, com desinteresse. — Mas é claro que você sabe disso. Sabe-tudo. — completou.
—Óbvio. — respondeu Hermione. — Eu já li Hogwarts, uma história mais do que qualquer pessoa. — respondeu. Daphne deu uma risada.
—E você fala isso com orgulho? — rebateu. Hermione a fuzilou com os olhos, mas não respondeu. — Certo. Agora que você já sabe entrar e sair do salão comunal da Sonserina, não precisa mais de minha companhia. — disse ela.
—Ainda não sei a senha. — disse Hermione. Daphne abriu um sorriso venenoso.
—Sangue-puro. — disse e virou as costas, seguindo por outro corredor. Hermione bufou uma risada.
—Eu já devia saber.
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o Leão e a Cobra
FanficAo término da guerra, a direção de Hogwarts convida os alunos a terminarem seu último ano escolar que fora interrompido. Nem todos decidem voltar, mas os que assim escolheram, surpreendem-se com uma Hogwarts completamente reconstruída, ainda mais fo...