Nem sei quanto tempo ficamos ali, dançando. Todo mundo estava bem animado, a festa começava a pegar fogo. A piscina está lotada de gente, mas eu não estou com vontade de entrar, e a turma resolve ficar ao meu lado, em um canto da varanda.
Ficamos conversando, sem ver a hora passar. Line ri exageradamente, já começando a ficar bêbada, enquanto Bia fica brincando com os músculos de Andy. Talvez eles queiram se pegar... ou talvez não. Vai saber.
Aquele era o nosso plano, desde que começamos a organizar a festa: uma noite cheia de bebidas para comemorar a nossa amizade. Vou até a cozinha e busco uma garrafa de champanhe e quatro taças.
- Nossa, que viadagem! – Bia começa a falar ao me ver chegar, atropelando as palavras.
Eu começo a gargalhar. Meus pensamentos já não estão muito certos por causa do álcool, tanto que mal consigo abrir a garrafa. Uma hora quase a atirei na piscina, sem querer. Impaciente, resolvo logo o problema, quebrando o gargalo na mesa.
- Espero que não tenha caído nenhum caco de vidro dentro dela, não to afim de ver ninguém morrendo hoje – comento, antes de colocar a bebida nas taças.
Em questão de minutos, estamos brindando. É quando o enxerido do meu irmão aparece e diz:
- E eu, não ganho?
- Não, some daqui! – Diz Line, irritada.
Para a nossa surpresa, Bia vai até ele e despeja a sua champanhe na cabeça dele. Antes que ele comece a xinga-la – e nós a rirmos – ela o pega pela nuca e lhe dá um daqueles beijaços, de novela mesmo!
- Agora some daqui, pirralho. – Bia, a diva, entra em ação, dando-lhe as costas e dando motivos para que Alexandre sonhe com ela pelos próximos três meses.
Todos caímos na risada. Assim que as risadas acabam, Line olha cada um de nós, com uma cara meio diabólica. Tenho certeza de que ela planeja algo, e não deve ser coisa boa.
- Sabem o que eu tava pensando? – Ninguém responde sua pergunta. – Que tal jogarmos verdade ou desafio?
Todo mundo topa. Então sugiro irmos para o meu quarto, fazer aquela tal brincadeira. Lá teremos um pouco mais de privacidade.
Sabe aquelas sessões "abrindo o baú"? Foi bem isso que aconteceu, enquanto jogávamos. Relembramos de todos os nossos anos juntos, das brigas, das idiotices dentro da sala de aula e até mesmo das paixões. Lembro-me de uma certa ocasião em que a Bia e o Andy foram acusados de montar uma gangue contra uma professora substituta, da qual eu nem mesmo lembro o nome. Passamos um bom tempo rindo dessas velhas memórias. Coisas tão boas e que se foram tão rapidamente.
Isso só faz aquele letreiro em minha mente voltar a piscar, com aquela frase enorme: O tempo de criança passou, agora você é um adulto. Mas nesta noite eu não quero saber de nada disso. Só desejo aproveitar os meus amigos ao máximo, sem que nada interfira isso.
Depois de certo tempo, chega a vez de Line girar a garrafa vazia sobre o chão acarpetado. Posso notar a ansiedade dos outros e um resquício de conspiração.
A garrafa finalmente para, com a boca apontando para mim e a base para Bia.
Merda! Bia sempre dava um jeito de ferrar com todo mundo nestes jogos idiotas.
- Verdade ou desafio, Dani? – Pergunta Bia, obviamente ansiosa.
- Desafio, é tão óbvio escolher verdade quando a gente se conhece pela vida toda, não acha?
Noto a piscada disfarçada que Bia direciona à Andy, mas não me importo.
- Bom, eu te desafio, hum... – Bia coça o queixo suavemente. – Eu te desafio a beijar o Andy!
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Imperfeito (Romance Gay) - Degustação
Genç KurguDaniel sempre soube que era diferente dos outros garotos, mas é somente na festa de despedida do Ensino Médio que ele aceita sua homossexualidade. Agora, prestes a entrar na faculdade, ele terá de lidar com seu verdadeiro eu. O início das aulas traz...