A Parede Encantada [COMPLETO]

Capítulo 44 - Princesa Aya

Deric

Recriar memórias...
Foi à primeira coisa que veio a minha cabeça. Esse era o plano de Harry, no final das contas não era tão difícil assim. Contar estrelas. Recriar memórias. Essas duas coisas combinavam tão bem. Ainda posso lembrar de coisas que aconteceram quatro anos atrás, e uma delas era realmente contar estrelas. Não sei por que, mas Melody nunca conseguia dormir. Sempre estava pelo jardim sentada, olhando em volta, ela dizia que aquele era o lugar preferido dela. Eu a fazia companhia durante todas as noites levava uma cesta com frutas, chocolates e uma toalha para colocar no chão e deitar. Aquela era uma das melhores sensações. Ficávamos a madrugada inteira juntos, e quando faltava pouco para amanhecer nos despedimos, voltávamos para nossas camas e íamos dormir.

Nesse exato momento estou saindo da cozinha com a cesta pronta. Morangos, uvas, chocolates derretidos, e a toalha para sentar na grama, acho que não precisaria de mais coisas não é? Segui pelo corredor até os portões. Minha barriga estava roncando, já passava um pouco da hora de jantar. Pedi a Eric que dissesse a meus pais que iria ficar com Melody essa noite, assim poderiam comer em paz sem ter que esperar por alguém que não iria. Também pedi que ele levasse minha espada e desse ao meu pai para que levasse ao ferreiro. Acho que até amanhã estaria tudo pronto.

Meu coração começara a acelerar. Por que isso agora? Eu já fiz isso antes! Não nessas circunstâncias confesso, mas acho que as coisas entre mim e Melody estão melhorando, não sinto que há uma barreira muito grande entre eu e ela agora.

Os guardas me saúdam com uma reverência e abrem os portões. Agradeço e vou até o lado esquerdo do jardim, Melody estava naquela direção, dobrei algumas vezes, segui reto e logo podia vê-la de longe. Tão linda, tão serena, de cabeça baixa prestando atenção na palma das mãos. Não quero assustá-la, me aproximo devagar prestando atenção em cada detalhe dela.

— Oi? — Digo. Ela se sobressalta. Tenho vontade de rir, mas seguro. — Quer companhia? Eu trouxe um lanche.

Ela pondera por uns segundos e responde.

— Talvez, o que tem aí?

— Morangos, uvas e chocolate.

— Tudo bem, eu quero sim companhia. — Ela sorri de lado.

Coloco a cesta ao lado dela no banco e a abro. Pego a toalha e a arrumo no chão.

— O que está fazendo? — Ela pergunta confusa. — Piqueniques normalmente são feitos de dia.

— Eu sei, mas isso não é bem um piquenique... Hm, já ficou olhando as estrelas assim?

Ela paralisou. Ficou me encarando por um bom tempo antes de responder.

— Não. — Ela tosse.

— Eu imaginei. Então vem aqui comigo, não vai ser tão horrível assim, eu prometo.