Capítulo 37 - Livro dos sonhos

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Eric

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Eric

Estávamos correndo em direção a floresta. Era tarde da noite. Os monstros que a tal moça estava mandando atacavam o reino. Principalmente o castelo. Eram criaturas pouco maiores que eu. Horrendas. Era uma mistura de morcego e lobo. Duas orelhas em cada lado da cabeça, nariz de morcego, e uma mandíbula de lobo. Seu corpo era coberto de pelo. E sua força era imensa, capaz de derrotar facilmente dez soldados de uma só vez. Sorte que sua fraqueza é a lâmina de prata. O que nos permite mantê-los longe do Castelo e dos habitantes. Mas de vez enquanto precisamos matá-los, já que os mesmos não nos dão outra escolha.

Pela primeira vez desde que conheci Melody conseguimos convencê-la a ficar no Palácio em segurança para protegê-los por lá. Afinal, ela já esteve conosco em batalhas muitas vezes, e já salvou minha vida também em várias delas.

Ver Deric ao meu lado me fez lembrar os últimos instantes com Melody no Palácio. O seu olhar de felicidade nos olhos. E o olhar de alegria de Deric. Fico feliz por ele. É já era de se esperar que ele fosse querer casar com ela.

Lembro-me de no meio da noite ele dizer que a amava dormindo, o que me fazia rir por muitas vezes. Deric tentava se fazer de um homem mau, mas ele nunca foi. E confesso que quando ele disse que iria se casar com ela na frente de todos foi como se uma lâmina tivesse me acertado em cheio. Primeiramente achei que era mais uma das suas brincadeiras e tentativas de humilhar Melody. Porém era real. Meu peito doía. Aguentei firme para não deixar as lágrimas transbordarem dos meus olhos. Eu a amava há muito tempo. E eu senti ciúmes. Senti porque não entendi como ela o escolheu depois de tanto ele a maltratá-la. Eu queria ter Melody para mim. Só que não foi possível. Eles se amavam. E eu a amava tanto a ponto de colocar a felicidade dela acima da minha.

Deric deixava sorrisos bobos escaparem do seu rosto, o que me assustava tanto quanto os monstros que avistávamos pelo caminho. A felicidade dele me deixava feliz também. Uma felicidade misturada com dor, mas ainda assim eu podia chamar aquilo de alegria.

— Que sorrisos bobos são esses irmão? — Digo sarcástico desviando de uma raiz a minha frente. Corríamos a uma velocidade alta.

Deric rapidamente me encara voltando a ficar inexpressivo.

— Sorriso? Está louco. Não está enxergando direito porque estamos no escuro. — Ela desvia o olhar para o lado.

Reviro os olhos crispando os lábios e volto meu olhar para a frente.

O senhor Meison ia à frente nos direcionando. Ele sempre andava pela floresta, de certeza sabia exatamente onde estava aquela moça.

Lembro de uma vez quando era pequeno. Com uns dez anos de idade. Eu, meu pai e meu irmão viemos aqui resolver esse problema. Meu pai nos trouxe ainda pequenos para irmos aprendendo sobre tudo isso.

Havíamos chegado. Freamos os cavalos e paramos. Não estávamos exatamente perto da garota que dormia. Descemos do cavalo. A nossa frente, bem a nossa frente, havia vários monstros que saiam do livro, literalmente. Eu não conseguia enxergar direito a moça, era noite. Ela estava deitada em um tipo de altar bem feito, coberto por inúmeros tecidos e um travesseiro. Usava um vestido bem bonito por sinal e segurava o livro acima de seu peito. O livro estava aberto. Ao lado dela havia um dos monstros com uma catapulta. Os outros traziam pedras do meio da floresta. Pedras gigantescas. E outros monstros colocavam fogo nas mesmas. Eles atacavam o castelo. Por isso que estavam tendo aquelas explosões àquela hora.

— Deric, eles estão atacando o-

— Eu sei. Temos que pará-los.

Erguemos nossas espadas. Um monstro rosnava enquanto corria até nós. Olhei de esguelha para Deric que me olhou também.

— Deixo esse com você Eric. Hoje estou de bom humor. — Ele cruza os braços e sorri de lado.

— Certo, então vou te mostrar como se faz. — Ele joga a cabeça para trás e começa a rir.

Quando Melody não estava conosco tudo era mais fácil. Não tínhamos que nos preocupar com ela. Normalmente quando estávamos em batalhas, à maior parte dos nossos problemas era ter que se preocupar com ela, mesmo que não fosse necessário. Não queríamos que ela saísse machucada, e nós acabávamos saindo. Já sem ela, podemos nos concentrar inteiramente a caçar os monstros. Era quase que uma diversão, já que eu e Deric sempre disputávamos para ver quem matava mais.

Dei dois passos à frente, segurei a espada com firmeza. O monstro correu, e quando estava perto o suficiente girou com o braço estendido para frente quase me decepando. Abaixei-me e ele passou direto. Por trás encravei minha espada em suas costas e a puxei de volta. Ele caiu no chão morto. Seu sangue era negro e havia sujado minha espada o que irrita um pouco.

Olhei para Deric de soslaio.

— Um à zero.

Deric, porém pegou sua espada e jogou em minha direção. Aquilo me assustou tanto que me travou. Não consegui me mexer, na verdade não consegui pensar em nada. Foi quando percebi que a espada passou de direto. Olhei para o meu corpo e estava intacto. Soltei o ar que estava segurando em meus pulmões. Olhei para trás por cima do ombro e pude ver um dos monstros mortos com a espada de Deric presa em seu peito.

Deric se aproxima com um sorriso zombeteiro no rosto. Ele, estando do meu lado para, bate no meio ombro de leve duas vezes e diz:

— Um a um irmão. — E passa direto indo pegar sua espada.

Balanço a cabeça rindo.

O senhor Meison e os outros avançam indo cada um pegar um monstro para matar. Logo em um flash uma memória me atinge. Eu era pequeno, meu pai meu irmão e eu estávamos indo buscar alguma coisa no meio da floresta. Monstros iguais aos que havia aqui agora estão por toda a parte. Chegamos até uma moça que tinha em suas mãos um livro. Uma bela moça por sinal. A acordamos e os monstros sumiram. Ela sorria para mim e voltava a dormir.

Perguntava-me que tipo de memórias eram essas. Eu e Deric avançamos nos monstros que estavam na catapulta. Deric deu um golpe certeiro na nuca de um deles, que nem mesmo conseguiu se desviar. Um dos monstros saia da floresta carregando uma pedra duas vezes maior que ele. Em um movimento rápido corri até ele e joguei meu corpo para trás deslizando perto das suas pernas e cortando as mesmas. Levanto-me rapidamente e me afasto. Sem pernas o monstro cai para trás e a pedra cai em cima dele.

— Ui, essa deve ter doido. — Deric brinca rindo.

Com certeza ele estava mudado. Mais feliz. O que me animava, e me fazia esquecer um pouco da dor que eu sentia por ter perdido o amor da minha vida. Pelo menos a perdi, mais ganhei a felicidade do meu irmão, e isso já compensa.

Ele gesticula com a cabeça para eu seguir adiante e pegar o livro da garota enquanto ele iria cuidar dos outros monstros. O faço.

Corro desviando dos monstros e me agachando dos ataques mortais deles. Enfim chego perto o suficiente dela e puxo o livro sem hesitar.

Todos os monstros somem. Como eu me lembrava não era um trabalho difícil completar essa missão. A moça acorda no mesmo instante que eu tiro o livro dela. Ela começa a respirar ofegante, como se estivesse prendendo o ar esse tempo todo. Quando realmente focalizo minha visão nela reconheço-a. Era ela a moça da minha lembrança. Minha atenção é prendida pela beleza dela. E por um momento sinto algo diferente em meu peito.

Quando ela recupera o ar pega o livro da minha mão com um olhar sereno.

— Obrigada por me acordarem! Espero não ter causado um estrago muito grande. — Ela sorri. Que linda.

— Tudo bem. Qual seu nome?

— Rebeca!

— Rebeca!

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A Parede Encantada [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora