[Vencedor do prêmio Wattys2016 na categoria NARRATIVA VISUAL.]
[ESTA HISTÓRIA ESTÁ PASSANDO POR REVISÃO E REESCRITA, PARA ASSIM CORRIGIR OS ERROS E AMADUDECER UMAS IDEIAS MEIO BOBAS]
Melody sonha todas as noites com uma pintura mágica de um reino e...
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Melody
O jantar acaba e me despeço de todos indo em direção ao meu quarto. Sinto o clima pesar cada vez mais nesse castelo. Infelizmente as coisas tem que ser assim, Deric e eu não conseguimos ficar no mesmo lugar sem provocar essa sensação nas pessoas. Não sei por que, mas sinto falta de alguma coisa. Talvez porque Aya não compareceu ao jantar. Que estranho. Não posso dizer que a conheço bem, mas ela estava diferente hoje para mim. Talvez esteja nervosa ou feliz demais com o casamento. Ou por outro lado não posso dizer o mesmo. Desejo acordar desse pesadelo a todo instante. Eu deveria estar nervosa nesse instante pelo meu casamento, não por estar prestes a perder o homem que eu amo. Não me suporto mais, não suporto mais meus pensamentos e a mim mesma que só sei me lamentar. Eu realmente não sei o que fazer, nem mesmo como agir.
No caminho para meu quarto encontro o corredor cheio de criados arrumando cada canto. Coitados, não pararam um instante sequer. Quero tranquilidade, silêncio, preciso pensar, preciso tentar esquecer tudo que está prestes a acontecer. Viro em outro corredor, esse demoraria um pouco mais para chegar ao meu quarto, mas estava pronto, não havia mais ninguém para me perturbar.
Caminho lentamente. Os criados realmente tinham feito um trabalho maravilhoso, vários vasos enormes com arranjos florais. São rosas vermelhas. Mas o que é aquilo ali? A alguns passos de onde eu estava vi um corredor de pétalas de rosas ao chão. Ele estava com uma fita de tecido fino inteiramente ao seu redor, amarrada na entrada em um laço para que ninguém a ultrapassasse. Para que servirá isso? Ninguém tinha me falado disso. As pétalas de estendem até outro corredor que está logo à frente. Sigo curiosa esse corredor e dobro no próximo para ver onde daria. Consigo enxergar o fim, para em frente a um cômodo com suas portas brancas enormes. Nunca tinha prestado atenção nesse lugar, o Palácio é tão grande e á tanto para ver que tenho a sensação de nunca ter vindo aqui. Encaro por alguns instantes antes de dar um passo para ir embora.
— Acha que os noivos vão gostar? — Ouço a porta abrir e paro no mesmo instante.
Duas moças saem do quarto e não notam minha presença, estão ocupadas demais conversando. Vejo uma cama de casal enorme, bem arrumada com lençóis brancos cheio de pétalas por cima, vejo estrelas — ou acho que são estrelas — brilhantes ao céu do quarto. Ele está lindo.
— Para as núpcias? Você acha que eles vão reparar na decoração? Cá entre nós, com todo respeito, mas vão estar ocupados demais com outras coisas...
Não sei se ela iria terminar de falar mais alguma coisa, nem me dou o trabalho de ouvir, saio correndo para qualquer lugar. Tento ser forte e segurar as lágrimas de todas as formas, mas elas saem sem permissão. Paro em um canto mais escuro no castelo atrás de uma das colunas do corredor. Sinto meu joelho estalar contra o piso de marfim quando minhas pernas não conseguem mais me sustentar. Sustentar toda a dor que sinto dentro do meu peito. Não consigo evitar, as imagens vêm a minha mente instantaneamente. Por que eu tinha que passar por aquele corredor? Não suporto a ideia de ele ter outra nos braços. Ele deveria ser meu, e agora nem isso. Minha garganta está ardendo e sinto que ela vai rasgar a qualquer momento. Quero gritar, quero chorar ainda mais, para tentar aliviar esse nó que sinto dentro do meu peito. Sinto minha cabeça latejar. Choro por minutos até não ter mais lágrimas para derramar.