Capítulo 2 - Inocência

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Aviso de gatilho:
Neste capítulo, em especial, há cenas de estupro e assassinato brutal, se você não se sente a vontade lendo esse tipo de coisa, sinta-se livre para pular as cenas ou até mesmo o capítulo. Se optar por seguir, saiba que é inteiramente responsabilidade sua.
Boa leitura, meus amores!

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Para muitos a inocência significa pureza, e só bebês e crianças portam isso, até uma certa idade. A escola é o primeiro passo para essa corrupção de caráter. Mas, comigo foi diferente, eu perdi ela aos nove anos. Quer dizer, eu penso assim, mas acredito que nunca fui realmente inocente.

     Considerava Robert mais que um amigo, para mim ele era um irmão. Não sei bem como nos tornamos amigos, sempre fomos unidos, um fator importante para isso era que ele era afilhado da minha madrinha, e ele sempre vinha com ela para minha casa ou eu ia para a casa dela passar o dia. Desde que ele ganhara o videogame, tornou-se nosso passatempo favorito, ficávamos na sala vidrados jogando o jogo de corrida de carros e eu sempre perdia — sempre fui péssimo em videogame, mesmo ele me ensinando a jogar.

     — Meninos, desliguem o videogame e vamos para a casa de mamãe, almoçar — informara a madrinha, com as chaves do carro na mão.

     — Mas o jogo está tão bom, tô quase vencendo — retruquei, animado, pois realmente estava vencendo pela primeira vez.

     — Que tal a senhora trazer o almoço pra gente comer aqui? — sugeriu Robert, ainda prestando atenção no videogame.

     — Por favor — implorei, virando o rosto e fazendo carinha que o gato de botas fazia para o Shrek.

     A madrinha concordou, afinal, ela confiava em Robert, ele já tinha quinze anos e sabia lidar comigo e estávamos muito entretidos no videogame. Qual mal teria deixar dois garotos sozinhos dentro de uma casa? O mal é que depois que ela saiu, eu perdi no videogame e o garoto se aproximou de mim, colocando a mão em cima da minha coxa e massageando-a. Estranhei aquilo, mais ainda quando ele tocou na minha parte íntima que ganhava vida inexplicavelmente, não entendia bem o que estava acontecendo, então me afastei.

     — O que está acontecendo? — Eu sei, eu era muito idiota. Se eu pudesse voltar no tempo, consertaria esse momento.

     — Você vai gostar, prometo — disse ele, enquanto enfiava a mão no meu calção e me penetrava com seu dedo do meio.

     No início, ficou só naquilo, e eu confesso que gostava da sensação que os dedos de Robert me proporcionavam. Quando ele escutou o som do motor do carro da madrinha, parou e me fez jurar que não contaria para ninguém. Seria o nosso segredo, foi o que ele disse. Quando a madrinha foi dormir, continuou, mas agora, ele me obrigava a fazer carinho nele, eu sentia que era errado e tinha medo da madrinha olhar e contar para mamãe, mas ele se certificou que nada aconteceria e então eu o chupei. Não demorou muito para ele me penetrar, tapando a minha boca e indo devagar. Foi ali que tudo começou, foi ali que os abusos começaram, a escola foi apenas consequência. 

Naquela noite de 29 de setembro de 2015, a mãe natureza jogava toda sua ira na movimentada e requisitada Castle Hill, onde a população sobrevivia em suas casas, apavorados com os velozes raios que acertavam campos, mares e árvores, e estremeciam segundos depois com o atraso das trombetas do apocalipse ressoando a vinda da luz. As rajadas de vento faziam os fios de alta tensão e os galhos de árvores chacoalhar, em casos extremos, até derrubar. No meio de toda aquela forte tempestade, em uma estradinha recém-feita que separava uma descida para a lagoa de um acostamento coberto por mato, meu corpo ganhava vida novamente aos poucos.

Coração DestruídoOnde histórias criam vida. Descubra agora