Capítulo 7 - A Foice

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Notas do autor

Oi, gente. Tudo com vocês? Desculpa ter atrasado o capítulo de novo, mas na próxima semana não vai acontecer, eu prometo! Agora fiquem com esse capítulo maravilhoso e até daqui a pouco.
•••

Fazer com que Josephine Pear viesse para minha casa com seu bebê não foi uma situação difícil. Sempre estive de olho nela, e já tinha noção de que um dia ela teria um menino muito bonito, com um destino muito sombrio. Entretanto, eu estava determinada a não deixar que esse destino se concretizasse, seria lamentável para o menino e favorável para uma certa coisa.

     Era início de noite de terça-feira de setembro, 29, e Josephine era uma tempestade de raios e trovões e sequer me disse o motivo de tanta raiva. Quando me dei conta, ela estava gritando com Sebastian e batendo nele, e eu me meti, como sempre fiz.

     — Vamos conversar antes, bater não resolverá em nada. Quando tu estiveres mais calma, ele volta e nós três conversamos — disse, segurando a mulher com força, era necessário quando se tratava de um momento de raiva de Josephine.

     Ao julgar que Josephine estava mais calma, sentei com ela na cama de Sebastian, massageando sua costa enquanto a mesma chorava.

     — Chora, liberta tuas mágoas. Chora tudo que tens para chorar — incentivei, ainda massageando ela. Eu a tinha como uma filha, igual como Sebastian como um neto.

     — Divulgaram um vídeo que ele está chupando vários garotos, vó! Vários! Um vídeo! — disse entre as lágrimas. — Não criei Sebastian para isso.

     — É claro que Sebastian não concordou com isso. Tenho certeza. Foi forçado a fazer isso. Nosso menino não deixaria gravarem um vídeo desses — defendi ele. Era evidente que Sebastian estava sendo estuprado todo esse tempo.

     — Mas ele é gay! Gay! — retrucou ela, ainda de cabeça baixa, enxugando o rosto.

     Peguei em seu queixo e levantei seu rosto, virando um pouco ele para que pudéssemos nos olhar.

     — Não importa, é teu filho.  O amor de mãe prevalece acima de tudo. Quando ele chegar, nós vamos conversar sem zoada. Vamos escutá-lo e vamos encontrar quem fez isso com ele.

     Mandar Sebastian sair de casa e só voltar mais tarde, foi a escolha mais errada de toda a minha existência. Não consegui prever que aquele dia seria o último dia de vida do meu garoto, cujo eu movi céus e terra para nunca vir de acontecer. Isso, mais tarde, me custaria caro.

     Os pais de Josephine nunca tiveram as condições mais adequadas para cuidar dos seis filhos, aos quinze anos, ela se mudou para a casa da tia em Castle Hill, mas a mesma veio a óbito três anos depois. Voltar para o povoado de Skyville era uma opção, porém, o sonho de ser cozinheira era maior, então decidiu trabalhar como faxineira. Até chegar aos vinte e cinco anos, trabalhou e dormiu em muitas casas, até que finalmente nossos caminhos se cruzassem, com ela já grávida e eu na janela da minha casa. Nos tornamos boas amigas e passávamos horas conversando, os três meses restantes de gestação passaram-se como uma brisa, e a notícia de que ela havia dado entrada no hospital chegou aos meus ouvidos. Era hora do meu plano entrar em ação. 

Coração de vó não se engana, quem dirá de mãe. Quando eu senti uma pontada forte no coração, meu pensamento foi direto onde Sebastian, ele ainda não havia chegado, mas, também poderia ser o indício de um problema cardíaco, afinal, na minha idade, era costumeiro acontecer isso. Porém, Josephine comentou comigo sobre a angústia em seu coração, e voltou a chorar. Coração de mãe não se engana, não senhor. O céu negro ficou laranja e as primeiras gotas d'água foram um aviso de que algo sobrenatural aconteceu; os raios e trovões eram a ira da mãe natureza enquanto a isso. Meu garoto. Ele estava morto. Tudo era minha culpa. Não consegui mudar o destino.

Coração DestruídoOnde histórias criam vida. Descubra agora