Capítulo 4

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-- Certo. - Suspirei ainda sem conseguir abrir os olhos. -- Eu só quero saber quem deixou vocês entrarem e porque estão a essa hora no meu quarto.

As duas garotas se entreolharam para depois se jogarem na minha cama sem ao menos um com licença.

-- Não aguentamos. Assim que o sol nasceu eu arrastei a Keyla para cá. Benê não veio porque disse que não podia interromper as 8h de sono que um ser humano precisa e não conseguimos falar com a Ellen. - Claro que essa ideia só poderia ter vindo da Tina. -- E encontramos o Luís saindo quando chegamos.

-- São 7h da manhã. - Falei ainda sem acreditar que fui interrompida do mais maravilhoso sono com o mais maravilhoso sonho que estava tendo por pura curiosidade das minhas amigas.

-- Cedo o suficiente para você começar a nos contar tudo o que rolou ontem. - Percebi que a mãe do Tonico estava tão ou mais cansada do que eu.

-- São...7h05 da manhã de um DOMINGO. -- Falei analisando novamente as horas no celular que tinha em mãos.

-- Deixa de reclamar. Sabemos que está cansada, nós também estamos cansadas, então o quanto antes você desembuchar tudo o que queremos saber, mais rápido você poderá voltar a dormir e nós a voltar pra casa.

Sorte sua Tina que não tenho olhar de raio laser. Suspirei. Eu sabia o quanto essas meninas eram impertinentes. Vamos lá então. Por onde começar? Pelo o começo ou final?

-- Eu sei que errei e por isso faço qualquer coisa. -- Digo ao ficar de frente a Sam mas baixo o suficiente pra que só ela ouvisse. -- Me ajuda a voltarmos de onde paramos. Me ajuda a te reconquistar.

Eu não queria, mas já estava pra entrar em desespero com o silêncio dela. Até o pessoal que ainda se encontrava no galpão também estavam quietos sem saber o que eu tinha falado e o que poderia acontecer.

Depois de me olhar intensamente e o medo de ser rejeitada de novo tomando conta de mim, (não sei se dessa vez eu sairia tão ilesa), ela dá sinal de vida.

-- Vamos sair daqui.

Eu sem muita ação, a levo para fora do galpão, mas precisamente até a casa de Keyla que nessa hora não tem ninguém. O caminho até lá foi percorrido no mais completo silêncio. Parece que a falta de som entre nós duas estava virando rotina.

Ao chegarmos, o silêncio continuava lá. Como um bloco de gelo frio e duro, difícil de ultrapassar. Enquanto ela andava pela a sala olhando os detalhes da festa que tinha acontecido mais cedo, eu a observava. Mesmo com esse clima, a presença dela me trazia uma paz, uma calmaria. Eu não acreditava muito em religião e tal, mas estava pedindo ao ser superior aquela mulher mais uma vez pra mim.

-- Sam..

-- Como você se atreve? - Ela me cortou.

Ao virar pra mim, percebo a ira naqueles olhos que tanto amo. Pera amo? Vai com calma Heloísa. Não mistura as coisas.

-- Sam..

-- Você se afasta, some, me deixa sem notícias, me faz acreditar que eu tinha feito algo de errado e quando eu começo a tentar te tirar da minha mente você aparece como se nada tivesse acontecido. Como você se atreve? - Falou agora com um tom de voz mais alta.

-- Eu sei, eu sei. Eu não devia ter contribuído com essa nossa distância. Eu devia… - Ah não. Isso não é hora pra minha voz falhar e as palavras sumirem.

-- Devia o quê? Ter me ouvido? Ter deixado eu te ajudar? Você faz a merda e agora paga de arrependida? -- Ironia, bem vinda.

-- Sam… - Tento me aproximar mas ao ver ela recuando decido parar. -- Eu sou assim. Impulsiva, ou era. Cabeça dura, explosiva. Quando eu fiquei sabendo dos planos do Edgar e da Malu, quando eu percebi que a minha conversa com ele não tinha dado em nada me bateu um sentimento de desistência.

A Cura (Hiato)Onde histórias criam vida. Descubra agora