O inesperado faz uma surpresa

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Ana Clara sentou-se na cama carregando o livro. Fazia realmente alguns anos que havia lido "Os três mosqueteiros", mas ainda se lembrava bem da história. Pensou em começar a leitura quando Ana Regina entrou no quarto anunciando:

_ Clarinha, se arruma que vamos sair com o papai e a mamãe.

_ O Bira já foi?

_ Já. Aposto que em dois dias, no máximo, ele me liga desesperado pra reatar o namoro.

_ O que o papai e a mamãe acharam disso?

_ A mamãe, como era o esperado, pegou no meu pé, e o papai, como sempre, me defendeu._ e ironizou:_ Estou morrendo de preocupação pelo que aconteceu. Vou me jogar na frente de um carro de pipoca.

Ana Regina contemplou-se no espelho do guarda-roupa.

_ Não achei ruim o Bira ter ido. Acho que precisamos de um tempo e além do mais esse Rodrigo é um gatinho, não concorda, irmãzinha?

Ana Clara não respondeu e para se distrair das baboseiras que a irmã falava abriu "Os três mosqueteiros". Levou um susto. Mas o que significava aquilo dali?! Será que estava sendo vitima de algum truque de sua imaginação?

Ana Regina viu a expressão espantada da irmã através do espelho. Voltou-se para Ana Clara perguntando:

_ O que houve, Clarinha? Está pálida!

Ana Clara fechou o livro e disfarçou:

_ Acho que não muito estou bem. Melhor eu ficar no hotel.

"Tenho que falar com o Rodrigo sobre isso.", pensou Ana Clara.

Explicar para a mãe que não era nada grave e que poderiam sair sem ela é que foi o desafio. Dona Selma, preocupada, não queria nem mais sair para poder ficar com Ana Clara. A menina declarou que não precisava, que só estava um pouco cansada e o pai, seu Nélson, considerou o pedido de Ana Clara dizendo que deveria ser apenas fadiga pelo dia anterior.

_ Ela fica no hotel. Qualquer coisa nos liga.

_ Ligo, papai._ confirmou Ana Clara.

_ Não quer mesmo que eu ou a Ana Regina fique aqui com você?

_ Não precisa, mamãe. Eu não vou sair do hotel e qualquer coisa eu ligo pra vocês ou telefono pra recepção do hotel. Podem ir sossegados.

_ Está bem._ concordou a mãe._ Vamos tentar não demorar muito.

Ana Clara manteve o sorriso aberto até a saída de todos. Foi se ver sozinha e jogou-se na cama em busca do "livro", abrindo-o afoitamente. Ainda sem acreditar no que seus olhos viam a menina hesitava se pegava ou não naquilo.

Será que eram joias de verdade? Do jeito que brilhavam pareciam mesmo autenticas.

Decidiu esperar por Rodrigo. Guardou o "livro" debaixo de sua cama e desceu para a recepção. O tempo pareceu arrasta-se lentamente enquanto Ana Clara andava de um lado para o outro sem tirar o pé da recepção. A recepcionista havia até perguntado se poderia ajudar e a menina teve que sossegar em uma poltrona para ser deixada de lado.

A ansiedade aumentou e Ana Clara passou a roer o dedão. Olhou para o relógio de pulso. Arre! Uma e meia!Esquecera-se de almoçar, esquecera-se até da fome.

Achando já uma tolice estar ali há tanto tempo a garota ergue-se para voltar ao quarto quando viu Rodrigo e a família entrar no hotel. Andou apressada na direção do rapaz.

_ Rodrigo, preciso falar com você agora. É urgente.

_ O que aconteceu?_ apreensivo, a imaginação do rapaz fluía pensando que Ana Clara pudesse ter perdido seu livro ou rasgada uma das paginas ou mesmo derramado algo em cima dele.

O caso da joia da CondessaOnde histórias criam vida. Descubra agora