Ana Clara e Alisson entraram na rua arborizada, bem cuidada e sossegada.A maior parte das outras ruas da cidade era do mesmo molde. Durante o trajeto Alisson contou à Ana Clara sobre suas suspeitas em relação à Beatriz Silva da sua chegada ao hotel, devido ter impressão de reconhecê-la de algum lugar da TV e o incomodo o qual a moça mostrara ao ser fitada por ela, como se temesse ser identificada. Relatou também a conversar escutada no restaurante por Rodrigo entre Beatriz e Rafael Silva falando dela, Alisson, receando ter sido reconhecida. E por fim colocou Ana Clara a par das suspeita de que ela e Rodrigo tinham a respeito do casal Silva e do anão.
_ Tem certeza que só sua tia Edith vai estar com sua bisavó na casa, Ana Clara?
_ A parentela toda foi para um córrego. A única empregada da casa foi dispensada por duas semanas,meu tio Lúcio está trabalhando e meus pais descansando no hotel. Vamos poder usar o computador e a impressora do escritório à vontade.
_ Você que sabe.
_ Ali._ apontou Ana Clara.
_ Nossa, que casarão!_ admirou-se Alisson.
_ É uma das mais antigas da cidade. Recentemente meus tios a reformaram, compraram moveis novos. Agora a casa parece até nova.
Podando as flores do jardim, tia Edith qssoviava uma velha canção. Viu a sobrinha e Alisson se aproximar.
_ Oi, tia.
_ Oi, Ana Clara. Quem é sua amiga?
_ É a Alisson. A irmã do Rodrigo, aquele que veio ontem com a Ana Regina.
_ Ah! Aquele moço que você dançou na festa? Sei..._ a tia deu um sorriso malicioso.
O rosto de Ana Clara avermelhou-se e ela tratou de mudar de assunto rápido:
_ Tia, eu e a Alisson podemos usar o computador do escritório?
_ Claro. Podem ficara a vontade. Só não façam muito barulho, pois sua bisavó está dormindo e aquela dali tem sono leve, acorda por qualquer barulhinho.
As duas garotas adentraram na casa e Ana Clara conduziu Alisson até o escritório. A porta de correr foi aberta por Ana Clara. O escritório não era grande e nem pequeno e o sol entrava pelas vidraças das grandes janelas.
Ana Clara ligou o computador e logo navegavam em vários sites e jornais digitais. Não foi difícil encontrar alguma foto da gargantilha da Condessa- a mesma que estava dentro do falso livro e agora na posse deles. Difícil mesmo foi encontrar informações mais precisas e detalhadas a respeito da vida do casal Iguanas.
_ Encontramos algumas matérias que falam dos roubos cometidos por eles, os disfarces usado em cada crime... Realmente, eles estão sempre com alterações diferentes em cada golpe._ Ana Clara lembrara da reportagem que assistira._ Olha aqui, Alisson, nesse golpe o ladrão estava de cadeiras de rodas. E tem essa foto aqui onde ela fingi estar grávida. E olha! Nessa ela está se passando por um homem...
_ Em algumas eles estão morenos, outras brancos, magros, gordos, ruivos, loiros, cabelos lisos, cacheados, olhos azuis, castanhos, verdes, com óculos, bonés... É, Ana Clara, esses são os mestres dos disfarces. E que coisa mais chique! Só roubam artigos de luxo ou relíquias!
_ Mas sobre a vida particular deles nada. Nem os nomes verdadeiros... Imprime alguma dessas imagens, Alisson. Vou fazer algumas anotações.
Ana Clara pegou um bloco de notas e uma caneta em cima da escrivaninha e enquanto Alisson imprimia imagens, ela mordeu a ponta da caneta tentando organizar seus pensamentos.
Anotou:
1. Por que Beatriz Silva, a suposta Iguana, assustou-se com a encaração de Alisson?
2. Se o nome deles são Rafael e Beatriz Silva de onde vem a forma de se tratarem por "Lu" e "Mar"?
3. Por que os Iguanas vieram para essa cidade?
4. Em que parte da TV Alisson vira Beatriz Silva?
5. Onde o anão encaixa-se nessa história toda?
6. Com quem o anão falava ao celular?
Fatos:
1. A gargantilha escondida estava dentro do livro oco.
2. Beatriz Silva incomodou-se com a encaração de Alisson.
3. O incomodo de Beatriz Silva demonstra claramente seu receio em ser reconhecida.
4. O anão "refugiou-se" no cemitério para não haver risco de alguém escutar sua conversar ao celular.
"Esqueci alguma coisa?"
Ana Clara mordeu novamente a ponta da caneta examinando cada ponto da anotação com mais concentração. Destacou a folha. Sentiu que algo naqueles itens incomodava seu raciocínio.
"Tem alguma coisa aqui que não se ajusta..."
_ Estava pensando, Alisson... Se os Iguanas esconderam a gargantilha no livro oco e estavam zanzando com ele é porque iriam vendê-lo, não? De outra forma teriam deixado a joia escondida no quarto do hotel. É menos arriscado do que andar com uma "peça" daquelas em mãos.O que acha?
_ Tem sentido. Eles roubam pra vender à algum receptor. A não ser que colecionem essas "coisas" ou sejam cleptomaníacos por objetos caros.
_ De um modo ou de outro, eu não creio que sairiam por aí carregando a gargantilha escondida em um livro falso sem nenhum motivo.
Alisson não deixou de concordar. O raciocínio de Ana Clara tinha lá a sua lógica...
_ Terminei com as impressões. Vamos voltar ao hotel.
●
A sorveteria fora escolha de Ana Regina, assim como o lugar onde sentaram-se: uma mesinha colocada junto à janela cuja vista dava para a rua.
Feito os pedidos e dispensado o garçom, Ana Regina fitou Rodrigo pousando sua mão sobre a dele.
_ Eu pedi pra você sair comigo porque queria pedir desculpas por ontem. Eu não imaginava dar toda aquela confusão por você ter me acompanhado...
Rodrigo afastou sua mão da de Ana Regina e a cortou:
_ Com um namorado, ainda mais um tão ciumento quanto o seu, você deveria ter imaginado algo assim. Pra começar deveria ter me dito que tem namorado.
_ "Tinha" seria a palavra correta. Eu tinha namorado. Bira e eu terminamos. Foi muito infantil da parte dele armar toda aquela cena.
Ana Regina tornou a cobrir a mão de Rodrigo com a sua.
_ Me desculpa pela confusão de ontem. Deveria ter sido mais clara com você, ter falado sobre o Bira, mas nós dois tínhamos brigados e eu não queria falar sobre ele com ninguém, ainda mais com quem eu havia acabado de conhecer.
Rodrigo desligou-se da conversa. Começou a pensar em um emaranhado de coisas: o anão, os Iguanas, a gargantilha escondida no livro, nas provocações de Alisson e a forma diferenciada, com mais paciência, como ela o tratara de manhã, no jeito de Ana Clara sorrir... Sempre tão exigente com tudo em sua vida o rapaz começou a se questionar o que estava fazendo ali sentando, fingindo escutar uma garota como Ana Regina, quando poderia estar ajudando Ana Clara e Alisson...
_ Rodrigo, o seu sorvete. Não vai querer?
O rapaz voltou a si e afastou a taça de sorvete posta na sua frente.
_ Ana Regina, eu...
A sirene de uma ambulância abafou a voz do rapaz. Rodrigo calou-se e olhou pela janela o veiculo distanciar-se parecendo ir em direção ao hotel. Sua imaginação ferveu relembrando do anão, Iguanas, gargantilha roubada, Alisson e Ana Clara.
_ Melhor deixarmos essa conversar pra outro momento.
Rodrigo pagou a conta e ganhou a rua as pressas, deixando para trás uma Ana Regina irritada.
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O caso da joia da Condessa
AventuraQuando dois irmãos, que se detestam, se envolvem em uma confusão, eles não imaginam o que vem pela frente. Acompanhe a história de Rodrigo e sua irmã Alisson na descoberta de uma misteriosa joia desaparecida