Descobertas

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Uma esguia camareira saiu do quarto 25 empurrando um carrinho de carga de roupas sujas e sendo observada por uma hospede que estranhava seu modo de andar. Mancando. Até então a hospede, estando uma semana ali, não recordava-se de ter visto algum empregado daquele hotel portando alguma deficiência. Poderia ser empregada nova...

A hospede pensou em pedir para a camareira limpar seu quarto, porém a outra já havia sumido dobrando o corredor.

A camareira seguiu mancando até as escadas de emergência onde um empregado do hotel, loiro, subia.

_ Alguma coisa?_ ele interrogou a esposa parando ao seu lado.

_ Nada no quarto do casal.

_ Tem certeza que procurou bem?_ insistiu ele passando brevemente a mão pela peruca loira.

_ Absoluta. Esquadrinhei cada canto daquele quarto.E a droga é que nem sabemos ainda quem foi que ficou com o "livro"; ou a mulher ou a garota.

Ela olhou para o marido de forma pensativa.

_ Será que ela, seja lá qual delas for, vendeu a joia? Passou-a em diante? Ou pode ter ido à policia...

_ Acho que não. Conversei com os empregados do hotel e contaram que não viram nenhum movimento estranho hoje. Tudo normal. Se a policia tivesse sido alertada já estaria rondando por aqui. Mas consegui descobri o nome das duas muchachas.

_ Precisamos ser mais cautelosos com o que vamos fazer daqui pra frente. Não podemos chamar mais atenção para esse caso._ falou o marido._ E o quarto das gêmeas como ficou?

_ Não deu pra mim revista-ló. Não está vazio. A garota deve estar lá.

_ E o quarto do casal está tudo em ordem? Não deixou nada na vista, não é mesmo?

Está me confundindo com uma amadora, querido? Usei luvas de borrachas pra minhas impressões digitais não ficarem. Ah, e descobri algumas coisas bem interessante no quarto do casal.

Ana Clara saiu do banheiro envolvendo o quarto com cheiro de xampu e sabonete. Enxugando-se na frente do espelho do guarda-roupa um pensamento voltava:

"É da Ana Regina que ele gosta..."

Esse pensamento pesava. Pesava? Sim. Pesava. A menina parou de enxugar os cabelos cacheados com a toalha como se um clic tivesse ligado uma luz em sua mente.

Por que pesava? Se pesava era porque... Os olhos castanhos arregalaram-se refletidos diante do espelho finalmente compreendendo o sentimento que a assolava perturbando-a sempre que via Rodrigo. Pior: entendia o que sentia ao imaginar a irmã com ele.

"Ciúmes! Eu estou com ciúmes do Rodrigo com a Ana Regina..."

Os olhos começaram a arder. A descoberta, antes reprimida por ela, agora diante de todos os fatos queriam explodir em forma de lágrimas.

"Não vou chorar. Não vou chorar. Que besteira! Pareço uma boba me dissolvendo por conta de um menino que gosta de outra."

A outra. Sua irmã. Com aquele jeito melado de falar e agir, rebolando ao andar e distribuindo beijos estalados para todo o lado, Ana Regina sempre conquistava os garotos que queria. Fazendo, até igualmente, o mesmo com o pai, que se derretia por ela e por suas falas doces. Apesar de saber da predileção do pai pela irmã, Ana Clara gostava muito dele. O pai, seu Nélson, sempre fora um homem pacifico. Não era de brigas. Ana Clara também gostava bastante da mãe, dona Selma, a mais inflamada deles, muitas vezes, culpava o marido por mimar demais Ana Regina por ser a caçula e seu Nélson tratava de desconversar ou calar o bico. Não tinha paciência para brigas.

O caso da joia da CondessaOnde histórias criam vida. Descubra agora