Informações preciosas

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Era a mesma moça que os atendera pela manhã. Alisson chegou-se até o balcão e produziu o sorriso mais simpático que conseguia, exibindo toda a perfeição e brancura de sua arcaria dentaria.

_ Boa noite, moça. Poderia me ajudar em uma informação, por favor?

A recepcionista fixou em Alisson olhos redondos ampliados pelas lentes dos óculos.

_ Sim?

_ Hoje de manhã eu vi um casal, aqui na recepção, uma moça loira, jovem, no máximo vinte e dois anos, com um homem todo cabeluda, e acho que são conhecidos da minha família. Por acaso não se chamam Luana e Mário Dias?

A recepcionista levou algum tempo associando os nomes aos rostos daqueles descritos por Alisson.

_ Luana e Mário Dias? Acho que você está falando de Beatriz e Rafael Silva. Não, não. Você os confundiu com outras pessoas, menina. Não há nenhum registro de alguma Luana e Mário Dias.

_ Sério? Mas são tão parecidos com um casal amigo da minha família! Como pode ser, né? Talvez porque os vi de longe, me confundi mesmo...

Alisson agradeceu a recepcionista pedindo desculpa por "desperdiçar o tempo" da jovem.

"Se o nome deles é Beatriz e Rafael Silva de onde vem esse "Lu" e o "Mar"? De algum apelido carinhoso entre eles?"

Saiu do hotel decidida em ir atrás do irmão. Desistiu da ideia três quadras à frente. Não sabia onde era a casa da bisavó das gêmeas! Ficaria vagando como alma penada pelas ruas? Que burrice! E além do mais não era uma informação tão valiosa assim que requisitasse urgência imediata.

Apertava o passo para voltar quando seus olhos viram o impossível. Na desbaratada andança Alisson nem percebera que parara na frente de um CEMITÉRIO e agora seus olhos viam o que sua mente não queria acreditar.

Um pequeno vulto andando por entre os túmulos. Horrorizada a menina perdera até a voz.

"Calma, calma. Respira. Fantasma não existe."

Respirou. Tomou coragem e fixou melhor a vista no vulto. A silhueta movimentava-se de lá para cá entre um tumulo e outro e parecia estar falando ao celular.

"O anão!"

Pisando macio e engolindo o medo a menina entrou no cemitério escondendo-se atrás de uma mangueira. O anão estava de costas alguns centímetros de onde ela estava e realmente falava ao celular, muito animado e distraído. Apurando o ouvido e pescando aqui e ali Alisson foi compreendendo o que o anão dizia:

_ Absolutamente. Tudo confirmado.

O anão calou-se escutando a voz do outro lado.

_ Não, não. Eles nem suspeitam de nada. Fiquei o dia todo atrás dos dois e eles nem aí. Está tudo saindo de acordo com o planejado. Depois de amanhã vamos explodir a bomba. Eles vão estar acabados.

Impressionada com o que escutava Alisson pisou em um graveto seco. O som produzido pareceu ter criado eco. A menina sobressaltou-se. O anão também parecia ter sido pego de surpresa, afastou o celular da orelha e passeou os olhos pelo lugar em busca da resposta para aquele barulho.

Alisson escutou o anão:

_ Vou desligar agora.

O som dos passos do anão produzia-se cada vez mais perto da mangueira. O sangue de Alisson fugiu do rostoe a menina juntou as mãos e começou a clamar a Deus quando um gato preto pulou da mangueira e fincou-se miando diante do anão.

O anão sorriu. Sorriso de ressaltar a cicatriz.

_ Oi, bichano. Está sozinho?

Pegando o gato no colo o anão deu meia volta e saiu do cemitério.

O caso da joia da CondessaOnde histórias criam vida. Descubra agora