10° capítulo-Parte 2

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10° Capítulo-Parte 2

~No dia seguinte... ~

Exatamente ás 9:50, Ezra aparece lá em casa para me acompanhar. Minha mãe não vai poder me levar, então preferiu do que eu ir sozinha.

-Tome cuidado, filha! -Grita mamãe quando estamos saindo de casa.

-Ela é assim mesmo. -Falo rindo.

-Tudo bem.-Responde Ezra, rindo também. -Sabe aonde é a casa dela? -Pergunta.

-Não sei, ela até me mandou o endereço por mensagem mas não sei... -Digo sem graça.

-Não precisa ficar assim, eu sei aonde é. É perto da minha academia. -Ele fala e eu sorrio, aliviada.

-Que bom, porque agora levei um susto...-Falo rindo e nesse momento viramos á direita, depois á direita novamente, entrando numa rua de terra. Meu coração já bate mais forte, por saber que estamos perto da casa da Lana.

Continuamos andando, só que com mais cuidado pela rua ter alguns buracos e chegamos no final, parando em frente a uma casa pérola.

Descemos do skate, olhando para a casa com curiosidade e finalmente chamamos a Lana.

Ela aparece imediatamente e, ao vê-la a alguns centímetros de mim, um arrepio percorre meu corpo todo e eu sorrio, me aproximando do portão. Ela o abre e me abraça. Assim que a abraço, sinto um forte cheiro de caramelo penetrar minhas narinas. Demoro a perceber, mas é o cheiro dela que estou sentindo.

Então nos separamos e eu espero no caminho de pedras que havia em frente a garagem, enquanto ela abraça Ezra da mesma maneira; não consigo olhar a cena sem sorrir.

Eles se separam e Lana nos convida a entrar, porém preferimos ficar na garagem por enquanto. Nos sentamos no chão, Lana á minha frente e Ezra ao meu lado.

-Vocês não sabem o que estou sentindo! -Lana exclama. -Esse abraço nosso... -Ela respira fundo-Foi reconfortante. Foi como no começo, antes da nossa briga. -Da um sorrisinho fraco, olhando para a gente esperançosa.

-Foi como se tivéssemos amarrado um nó novamente. Esse nó ele pode ficar fraco de vez em quando, se não tomarmos cuidado. -Falo gesticulando- Mas, ele nunca vai se soltar. Porque ele é forte e aguenta um puxãozinho daqui ou de lá. -Falo sorrindo, sentindo minhas mãos começarem a suar.

-Senti aquela mesma ligação forte de quando nos conhecemos. -Diz Ezra, sorrindo também.

-Assim eu não aguento! -Exclama Lana, quase chorando. -Eu queria pedir desculpa por isso. Por enfraquecer esse nó. Foi... Apenas ciúmes. -Conclui, abaixando a cabeça. Eu e Ezra nos entreolhamos, parecendo que pensamos a mesma coisa.

-Nós que fomos os errados, Lana. -Falo levantando sua cabeça, fazendo ela olhar para nós dois. -Você é nossa amiga e devíamos ter te chamado aquele dia.

-Sério? -Diz e dá uma risada fraca, como se não acreditasse.

-Sim. É muito bom ter você de volta. -Falo sorrindo.

-Você é engraçada e sentimos sua falta. -Fala Ezra, parecendo emocionado e olha para ela com uma sombrancelha erguida. -Estamos resolvidos? -Pergunta e em resposta, Lana dá um sorriso sincero e nos olha séria.

-Fiquei com uma raiva ontem por não poder encontrar vocês.-Fala Lana com a expressão triste. -Saber o que iriam pensar de mim foi ruim. Foi o que qualquer um pensaria.

-Mas sabe o que acho sobre isso? -Pergunto baixo. -Acho que, as pessoas, em geral, julgam muito o que os outros fazem. Ou simplesmente nos julgam pela aparência. -Falo e balanço a cabeça. -Enfim, isso não é o caso. O que quero dizer é, vamos criar uma situação. Imagina que, um outro amigo nosso falou muito que iria em tal festa. Chega na hora ele não aparece. O que vocês pensariam?

-"Furão".-Fala Ezra na mesma hora e Lana concorda.

-Pode ser que ele realmente seja. -Falo fazendo um gesto com as mãos e eles riem com isso. -Mas pode ser que esse amigo teve um imprevisto, não teve de jeito nenhum ir. Entendem o que estou falando?

-Foi o que aconteceu comigo-Diz Lana, jogando o cabelo solto para trás. -Essa história minha foi boa para isso... Para aprendermos a não julgar os outros. -Conclui e nessa hora, uma moça alta, branca e com olhos claros iguais aos da Lana, aparece na garagem e se aproxima de nós, sorrindo simpática.

-Querem alguma coisa para comer? Fiz bolo especialmente para vocês. -Fala enquanto nos levantamos.

-Eu disse que não precisava, mas ela insistiu-Lana responde, dando de ombros.

-Claro que precisava, filha. -Sorriu para ela. -Vamos entrar? -Convida e vai na frente, e nós três vamos atrás, ainda conversando sobre aquilo.

Entramos numa cozinha chique, com móveis brancos e detalhes dourados. Comemos o bolo de cenoura com chocolate e fomos para o quarto da Lana. Ele era branco com roxo. Sobre a cama tinha almofadas e alguns bichos de pelúcia e em frente a cama, um videogame e uma televisão. Na mesinha de cabeceira, havia um porta-retrato dela e dois controles remotos. Ela aponta para os controles:

-Podemos jogar, mas só dois podem jogar. Como eu sou a dona da casa, eu quero começar jogando. -Diz rindo e pegando um dos controles. -Quem vem comigo? -Pergunta com o outro controle para cima e Ezra o pega, sorrindo. Então, eles começam a jogar, e ficamos revezando.

-Hã...Lana? -Pergunto baixo, ainda vidrada no jogo.

-Hum? -Responde ela.

-Podemos pausar rapidinho? -Falo e ela pausa imediatamente. -Já que voltamos a nos falar, podia revelar o porquê de você não poder tocar... -Falo baixo e ela me interrompe:

-Fiquei dois meses fora, mas não pensei sobre isso. Vou pensar sobre isso, pode deixar. -Fala piscando para mim, e eu concordo com a cabeça.

-Vou ter que ir embora -Fala Ezra de repente. -Meu pai me ligou mil vezes, e ele não gosta quando não atendo o telefone... -Sussurra a última parte, parecendo ter medo do pai. Me levanto na hora que ele fala isso.

-Tudo bem. Nós entendemos. -Falo e Lana desliga o videogame, já indo para a porta do quarto. Avisa a mãe que estávamos indo embora e ela abre o portão para a gente.

-Obrigada. Por tudo. -Agradece Lana num abraço entre nós três. Nos separamos e fomos para casa. Ezra me leva até em casa e, quando já estou no meu quarto, me pergunto o porquê do Ezra estar tão triste de voltar para casa. Sei que ele estava com saudades da Lana, aliás, eu também, mas temos que ir uma hora. Porém, no jeito como ele falou aquilo, tinha algo de estranho que eu... Não sabia o porquê. E queria saber, já que fiquei preocupada.

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