23° capítulo

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Por Ezra
 
  Depois do susto que levei ontem,  meu pai vai tentar parar de beber. Conversamos e esclarecemos muita coisa, e mudei meu jeito de pensar sobre meu pai.

   Mas como tinha marcado hoje para contar toda a minha história, não faltei com a minha palavra e quando cheguei á cabana, elas já estavam. Abro a porta e subimos a escada novamente:

-Eu começarei a contar a partir dessa chave- Falo rindo sem graça, balançando a chave.-Quando me perguntaram como tinha conseguido e eu falei que tinha achado por acaso, foi uma mentira. Porque não queria contar, e na verdade minha mãe que me deu essa cabana como herança, e como ela gostava de florestas, colocou esse chaveiro na chave.-A reação da Kate foi só um sorrisinho, esperando o resto da história.

-Ta, isso não me interessa... Para de enrolar!-Lana exclama e eu sorrio,olhando para baixo.

-Um dia, ouvi minha mãe dizendo:

"Você nunca cuidou de mim. Quando me conheceu, gostou de mim porque eu não mostrei como eu era. Ninguém quer viver com uma depressiva, e no dia da festa tomei o remédio, por isso estava "bem." Eu ...Já tinha problemas e você foi um deles, você me botou para baixo quando me pegou  tomando o remédio escondida e me bateu." Eu nunca entendi essa fala dela. Eu nunca soube que era comprovado que ela tinha depressão, para mim aquilo não se encaixava, até ontem.

-Aliás, o que aconteceu para não conseguir falar com a gente?- Pergunta Lana preocupada.

-Encontrei meu pai bêbado e o levei para o hospital...

Flashback on

-Ele é o meu avô? Me explica melhor, pai! -Solto a sua mão nervoso. Como eu podia ter um avô e não saber da existência dele?

  Papai respirou fundo e cortou o contato visual comigo, olhando para baixo.

-Eu ia te falar, aquele senhor é o meu pai e desabafo com ele todo dia. Não apresentei para você porque só o reencontrei há pouco tempo,  e está sempre me ajudando a lidar com a situação. -Fala com a voz embargada, sorrindo. Até aquele momento, foi difícil vê-lo sorrir verdadeiramente. E aquele sorriso era verdadeiro, eu senti.

-Como assim se reencontraram? -Pergunto com o cenho franzido.

-Quando fui para a faculdade, nunca mais o vi. Eu e ele passamos muito tempo tentando nos reencontrar e só nos reencontramos agora.

-Ah sim, entendi... -Dou um sorriso fraco. -Mas agora quero saber o importante. Me esclareça por favor toda a situação relacionada a mamãe. -Falo a última palavra tremendo e cruzo os braços, esperando a resposta dele. Meu pai me olha nos olhos e aqueles olhos transmitiam culpa.

-Eu e sua mãe, Lilian, nos conhecemos numa festa de escola.  E fomos marcando encontros depois da festa e aconteceu tudo  aquilo que você sabe... Portanto, ela me escondia um segredo e a peguei tomando um remédio. -Para repentinamente de falar, fechando os olhos com uma expressão de dor. -Só que não era um remédio qualquer. Era um remédio para depressão... Lilian era diagnosticada com depressão e, assim que a vi tomando... Eu... -Ele abre os olhos e se ajeita na maca, inquieto. -Eu... Bati nela por ter me escondido aquilo.

-Então você começou a bater quando descobriu que ela tinha depressão?- Aumento meu tom de voz, irritado e ressentido. Minha mãe tinha depressão.  Aquilo não saía da minha cabeça. Sempre pensei que ela tinha se matado por causa do papai.Pensando melhor...

-Ela tinha depressão e você ainda piorava a situação! Como... Como você não pensava nela, em mim ouvindo no quarto... -Parei de falar de repente, percebendo que tinha falado algo errado.

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