Best Of Me - vmin

One Way Or Another - One Direction

- Sim, mas foi só uma aposta. - Jimin lançou um argumento, para ver se colhia uma única vez em que Jungkook cedesse. Não deu certo.

- Escuta aqui, Jimin. Você perdeu. E quem perdesse tinha que conseguir um emprego, permanecendo pelo menos três meses nele. Não é uma tortura.

- Mas estava na cara que Seokjin ia fingir estar bêbado. Estava na cara que ele ia usar de desculpa para beijar Namjoon.

- Isso é verdade. - comentou Blue, a namorada de Jungkook, entrando na sala, onde eles discutiam. Jimin quase se espantou ao ver em sua mão direita um copo grosso, e um líquido âmbar dançando no interior, conforme seus passos. Ela se largou no sofá, ao lado de Jungkook. - Eles se gostam há, tipo, um século.

- De que lado está? - Jungkook perguntou, indignado. - Ele perdeu, de qualquer forma. Foi uma aposta, mesmo que o resultado estivesse claro. Ele que foi burro de não escolher a opção que iam se beijar.

- Você já tinha feito isso! Não era possível que existisse uma aposta se os dois participantes escolhessem a mesma opção.

- Tanto faz. Você poderia ter se negado a participar.

- Vai se foder. - por incrível que pareça, o autor do comentário não foi Jimin, mas Blue.

- Acho que já bebeu demais por hoje. - Jungkook tentou arrancar-lhe o copo das mãos, mas ela se esquivou.

- Fala sério, como seu corpo agüenta todo o álcool que ingere? - Jimin estava pasmo.

- Duas coisas: prática. E vai se foder também. - então saiu do cômodo.

- Ela tá irritada hoje. - Jungkook justificou.

- Tanto faz, irritada ou não, não muda o fato de que não vou cumprir a prenda.

- É uma pena, porque eu sei de um emprego ótimo que paga bem. O que acha?

- Acho vocês dois um belo pé no saco.

- Eu ouvi isso! - a voz de Blue ecoou de algum lugar do apartamento, talvez o quarto de Jungkook, que era quase seu também.

O namorado deu de ombros, e Jimin se esparramou mais um pouco na poltrona, jogando a cabeça para trás. O tédio e a preguiça tomavam seu corpo aos poucos.

- Escute, Jimin, eu não ofereceria essa opção se fosse algo difícil de suportar. São só três meses, e a pessoa está disposta a pagar por seu tempo, ou de quem quer que seja o candidato, no caso. Vamos, cara. Vale a pena.

Jimin lançou um último olhar ao seu amigo. Pronto.

Mas mesmo assim, mal conseguia conseguia conter o nervosismo dentro da própria pele, frente a porta elegante da casa mais elegante ainda. Então, começou a batucar. Era algo que fazia sempre, desde que tinha memória, ele batia insistente com a mão direita - às vezes com a esquerda -, no que quer que estivesse ao alcance.

Fazia isso na coxa, agora, enquanto ouvia a porta ser destrancada, apenas segundos depois de que ele tocasse a campainha.

Tinha travado uma guerra consigo mesmo na hora de escolher as roupas, dividido entre parecer apresentável e mostrar como realmente se vestia, o que provavelmente espantaria qualquer oferta de emprego. Então se decidira numa camiseta branca lisa, imaculada, e em calças jeans rasgadas nos joelhos. Seu lado pessoal venceu, porque nos pés calçava All Stars amarelos e em suas orelhas brilhavam brincos de prata. O cabelo alaranjado estava penteado para trás, repartido ao meio, com o corte de príncipe que lhe caia tão bem. Mas, novamente ele se deixara levar.

Um dos motivos de seu nervosismo era a incapacidade de decidir entre a humilhação de não ser aceito e a vontade de esfregar na cara de Jungkook que não conseguira.

Então, uma senhora rechonchuda vestida com um uniforme de empregada atendeu à porta. Ela secava as mãos num pano de prato branquíssimo.

- Veio pela oferta de emprego? Como babá? - sem esperar que ele respondesse, informou:

- Chamarei o senhor Kim, um segundo.

Sumiu, deixando a porta aberta. Ouviram-se alguns gritos, palavras indefinidas.

Babá? Era isso então? Jungkook sabia que ele era péssimo com crianças, aquele traidor! Deveria sair correndo, deixar o tal de senhor Kim plantado à porta daquela casa chique. Um pigarro o tirou do transe, e Jimin perdeu o fôlego ao erguer a vista.

Era ele. O garoto da praia, que o desenhara. Parece que reconheceu o ruivo, porque seus lábios ostentavam um sorriso malicioso. Algo se agitou dentro de Jimin, e ele tinha medo de que, se tentasse falar, talvez gaguejasse.

- Minhas preces foram atendidas, ao que parece. - seu olhar varreu o ruivo por inteiro.

- Hã?

- Eu realmente queria terminar aquele desenho e, por mais que seus traços ficaram gravados na minha cabeça, não parecia certo continuar sem o modelo. Então aqui está você.

Aquilo foi um flerte? Aquilo definitivamente foi um flerte.

- Pelo emprego de babá. - completou, quebrando todo e qualquer efeito da fala anterior.

- Er... foi um erro, eu acho, sabe. É melhor eu ir embora.

- Por favor, não. - um aperto em seu pulso impediu que fosse embora quando Jimin se virou. Desejou que não fosse visível ao outro que ele tinha se arrepiado. Com um simples toque. Por Deus, pensou com seus botões. Ele definitivamente não podia trabalhar ali. Não com a espreita daquele atentado à sua sanidade. - Não consigo cuidar deles sozinho e pintar ao mesmo tempo, não quando meus pais estão ocupados e Poppy também.

Poppy?

- A empregada. - acrescentou o garoto, como se lesse a mente de Jimin.

Ah.

Então o moço soltou o ruivo e, depois de tirar uma mexa castanha do rosto, enfiou as mãos nos bolsos do jeans que vestia. Uma jeans manchado, assim como a camiseta, que um dia fora branca. Ou ele gostava de se sujar, ou pintava mais do que telas.

- Por favor. - repetiu.

Jimin bufou.

- Está bem. Mas só por três meses. E não mais que meio período.

- Contratado. - o garoto deu um sorriso encantador, levemente quadrado. O ruivo derreteu. Certamente, uma ameaça ao seu equilíbrio mental. - Começa amanhã. A propósito, sou Taehyung. Kim Taehyung.

Taehyung estendeu uma mão manchada de tinta. Jimin a apertou, relutante.

- Park Jimin.

- Quem diria que haveria tantos coreanos numa pequena cidade dos EUA? Está livre, Park. Nos vemos amanhã, na mesma hora.

- Certo, até amanhã.

Acorrentado a um dia-a-dia com aquela tentação por três meses. Nada mal, Park Jimin.

------
Não seja leitor fantasma! Vote e comente à vontade! Não custa nada e é incentivo à autora. 💜