Capítulo 29 - Companheira

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Com sono e um pouco atordoado do último experimento, Noah tentava manter-se consciente à todo custo, tinha um certo receio de não acordar mais se dormisse no meio de outro teste com Anthony o executando.

A dor que acompanhava cada um deles era incessante, mas o que ele podia fazer quanto à isso? A dor era inquietante, mas já tinha se tornado parte de Noah de uma tal maneira que, sentir, já era completamente normal naquele ponto. Nunca tinha experimentado a dor física de tal forma, mas para ele, aquilo se assemelhava bastante com os dias de trevas em que viveu, sofreu e não podia fazer nada a respeito, mas por que ele era fraco? Não! Noah era forte o suficiente para ter aguentado todo o sofrimento até aquele ponto, se não, já teria cometido suicídio, a sua “porcaria” de vida era motivo o suficiente para isso, mas ele não o fez, continuou ali, suportando, isso foi tudo o que lhe restou quando chegou o fim, “suportar”.

Com os olhos quase completamente cerrados, Noah observava Anthony se aproximar ao longe, olhou para baixo e viu que estava amarrando em pé novamente, “O que? Vai quebrar minha outra perna?”, pensou, mas não viu a mesma máquina que provocou a sua lesão ao olhar para lá. Apenas seus braços e o tronco de seu corpo estavam amarrados, parecia que Anthony não tomou um cuidado maior daquela vez em o prender por completo, talvez seria por estar atordoado, e ele sabia disso. Parou em frente de Noah e pôs um bisturi e uma caixa pequena em cima da mesa, trouxe também um isqueiro e colocou uma luva em uma das mãos.

─ E aí c.XIII?! ─ cumprimentou. ─ Ainda se sente tonto? Bem, eu falei pra ter moderação ao usar drogas, huhuh!

Noah não disse nada, já estava cheio daquele mesmo jeito sarcástico de Anthony, carregando piadinhas idiotas à cada fala.

─ Bom, tenho um presente pra você!

Pegou a caixa em mãos, a abriu e tirou de lá um pote de vidro com inúmeras centopéias, gigantes, comparadas ao tamanho normal.

─ Parece que nós seremos grandes amigos! Não é?! ─ abriu um sorriso. ─ Nem precisa me dar nada em troca, eu sou bastante gentil, não acha?

Sacou o bisturi de cima da mesa, aproximou-se de Noah e cortou a sua camisa com o mesmo, na horizontal, deixando seu abdômen a mostra.

─ O que é isso? Anátema? ─ perguntou Noah em um tom calmo.

─ Huhuh! Parece que alguém andou ouvindo demais atrás da porta. Mas não! Não é Anátema, você já passou por ele à meia hora atrás, por isso estava atordoado, agora só precisamos saber se dará certo. ─ levantou o pote contra a luz. ─ Esse aqui é só uma pequena diversão.

─ Como sabe que é divertido? Já enfiou eles no seu ânus? É isso?

─ Hu! Muito engraçado! ─ levantou o bisturi. ─ Vamos ver se vai achar isso engraçado também!

Pressionou o objeto contra a barriga de Noah, olhou em seu rosto que não esboçava reação e então começou a deslizar o bisturi de um lado a outro lentamente, até que o mesmo abrisse uma grande “fenda”. Surpreendentemente, escorreu uma pequena quantidade de sangue, parecia que ele estava secando, ou ficando mais denso, um sangue mais escuro que o normal, roxo, quase preto, era graças às “mutações” ou “anomalias” genéticas (como queira chamar) recebidas pelo corpo do XYZ.

─ Agora vamos a parte realmente “divertida”!

Anthony segurou o pote e com cuidado, o abriu, não deixou que nenhum inseto dali de dentro saísse com a ajuda de uma pinça, posicionou sua entrada no corte que acabou de fazer e acendeu o isqueiro debaixo dele. Anthony sorria para Noah. Os insetos começaram a sentir-se incomodados com o calor, então, um a um, foram entrando dentro de Noah, eram muitos para caberem de uma só vez, eles se remexiam, se embolaram por meio dos outros, enquanto mais deles adentravam no corpo. Noah tentou esconder que estava se contorcendo ao sentir os insetos caminharem dentro de si, estavam se espalhando por todas as direções, alguns eram visíveis andando por debaixo de sua pele, e um deles conseguiu perfurar uma das rachaduras que estava no braço de Noah, conseguindo sair e caindo no chão em seguida, Anthony o chutou para longe e só então retirou o pote dali, ainda havia sobrado alguns dentro.

XIII - Lágrimas na Chuva (Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora