Capítulo 18 - Incidente

58 12 9
                                    

“Thump!”. Karen e Noah se entreolharam com um pouco de susto na expressão ao ouvirem reverberar um barulho não tão alto, mas sim abafado. Even perguntou o que havia sido aquilo e em seguida, Samuel apareceu à porta da cozinha.

─ Filha! Estou um pouco ocupado, você pode ir verificar o que foi isso? Parece que veio lá de baixo. ─ se dirigiu à Karen enquanto enxugava um prato.

Os dois amigos se entreolharam mais uma vez e Karen respondeu ao pai sem muita demora:

─ Sim! Deixa comigo!

Ao tentar se levantar, Noah segurou em seu braço.

─ Karen?!

─ Eu cuido disso! ─ lançou um sorriso forçado. ─ Acompanhe a sua namorada até em casa, eu ficarei bem!

─ Karen…

─ Vai logo! Eu disse que ficarei bem! ─ forçou mais a voz na última frase.

Noah suspirou como se estivesse indignado com a teimosia dela.

─ Ok, ok! Vamos Even! ─ ele se levantou e a segurou pelo mão. ─ Eu volto outra hora. ─ disse à Karen por fim.

O casal saiu porta afora. Noah parou e olhou para trás uma última vez para onde Karen estava, ela acenou com uma mão, despedindo-se. Percebendo a demora, Even o puxou pela camisa e eles enfim saíram dali enquanto Karen adentrou a cozinha para atender ao pedido de seu pai.

─ Vou dar uma saída rápida ─ Samuel entregou seu avental à Karen. ─ Cuide do estabelecimento nesse meio tempo, certo?

─ Não se preocupe pai. ─ respondeu ao tentar cobrir a porta que levava ao porão, com seu corpo.

─ Essa é a minha garota! ─ sorriu orgulhoso. ─ Quer que eu desça para verificar o que aconteceu para você poder ficar mais livre no Café?

─ Não! Não! ─ arregalou os olhos. ─ Pai! Eu cuido de tudo! Vá logo!

─ Huhuhu, tudo bem. Obrigado querida! Não sei o que eu seria sem você. ─ comentou ao sair dali.

Karen suspirou aliviada. Abriu a porta e desceu as escadas de madeira rapidamente. “O que aquele imbecil pensa que está fazendo?! Ele quer alertar o meu pai que está aqui?”. Meio nervosa, escutou sua própria voz em pensamentos.

Ao chegar lá embaixo, ela conseguiu escutar um ruído de água batendo sobre alguma superfície sólida, “Não pode ser! isso de novo?!”, tentou resgatar as chaves da porta de ferro em seus bolsos, e depois de apalpar cada centímetro da sua calça jeans bege, finalmente a encontrou. Abriu a porta com um pouco de dificuldades e acabou constando o que ela já esperava: um dos canos havia se desprendido da sua outra extremidade e a água jorrava na parede acima da cabeça de Camie o molhando completamente, a água tinha uma força muito grande, obrigando Camie a abrir com relutância apenas um olho para observar Karen, ele não disse nada, caso contrário, correria o risco de se afogar se abrisse a boca, já estava respirando com dificuldades pelo meio de toda aquela água.

Assustada, Karen correu para tentar solucionar o incidente. Pegou a cadeira que estava jogada ali dentro e a colocou debaixo do cano defeituoso. Subiu nela e apoiou o enorme cano em seu ombro fazendo força para tentar recolocá-lo no lugar. Tentou puxar para perto com as mãos a outra parte do cano que estava separada com, depois de um tempo, ele cedeu e se aproximou aos poucos da sua posição original, a água rebateu nas bordas da outra parte do cano e molhou ela por inteiro. A garota esbravejou alguns palavrões (típico de Karen) e com forças que nem mesmo ela sabia que tinha, conseguiu encaixar as duas partes do encanamento, enroscou os parafusos que haviam se soltado (não completamente) fazendo a encanação permanecer firme novamente.

XIII - Lágrimas na Chuva (Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora