Elben, Arcania.
– HOMEM AO MAR! – Gritou o contramestre.
Todos correram para a amurada do Santa Amélia com tanta rapidez que o navio cambaleou, viram no mar um vulto boiando agarrado em alguma coisa, o vulto se mexia, a tripulação corria de um lado para o outro procurando o que jogar, até que finalmente encontraram uma corda grande o bastante para erguer o homem.
O navio ia em direção a El Buiré, para um encontro de emergência com os navios que desembarcavam trazendo os mapas mágicos que foram encomendados pelo arcebispo Aristeu, além de resolver assuntos religiosos de praxe com as igrejas da região, mas tiveram sua rota interrompida quando os destroços no mar foram avistados.
Ao longe, um navio de provavelmente pequeno porte pegava fogo e afundava, certamente algum acidente com o compartimento de pólvora foi a causa do problema. A julgar pelas coisas que se espalhavam pela água ao redor e as velas sem identificação, era um navio clandestino, alguns corpos boiavam sem vida pelo mar revolto, tudo aquilo que não estava preso ao navio estava boiando ou afundando com ele.
Os homens finalmente conseguiram trazer o sobrevivente a bordo, quando o fizeram, puderam ver que não se tratava de um homem, mas sim de uma garota. Uma garotinha assustada. Ela estava agarrada a um corpo e a um barril, chorava e se recusava a largar o corpo morto de uma mulher aparentemente mais velha que estava pendurada para baixo, com o torso jogado em cima do barril.
– Venha querida, é melhor se secar. – O almirante ofereceu a menina uma toalha, que ela timidamente aceitou, mas não se soltava do corpo. – Há mais alguém para ser salvo, capitão?
– Acredito que não, senhor, não passamos por mais nenhum sobrevivente até o momento, apenas corpos sem vidas. – Respondeu prontamente o capitão.
– E nossa rota foi interrompida devido a esse acidente? – Perguntou o almirante.
– Não, senhor, atrasamos um pouco devido aos destroços e a nossa parada para trazer a menina a bordo, mas ainda assim a travessia pelo mar levará o clero mais rápido até El Buiré do que por terra, senhor. – O capitão informava se mantendo firme, sem mesmo olhar diretamente aos olhos do almirante.
– Certo. Minha querida, solte para que possamos ajudá-la. – O almirante tentou mais uma vez.
– NÃO! – Gritava a garota com a voz embargada. – EU NÃO VOU SOLTAR, ELA VAI SUMIR, ELA NÃO PODE SUMIR, NÃO!
– Quem é ela querida? – O homem perguntava calmamente na tentativa de acalmar a garota.
– Minha mãe. – A garotinha abraçou o corpo com mais força.
– E por que não irá soltá-la? Por que ela sumiria? – Tentou o almirante.
– ELA PODE SUMIR, VI AS PESSOAS SUMINDO DO NAVIO QUANDO MORREM, ELA NÃO PODE SUMIR, NÃO PODE. – A menina berrava e se agarrava ainda mais a mãe a cada questionamento.
– Vocês estavam naquele navio que pegou fogo?
Ela acenou com a cabeça, sua expressão agora era de pânico, mas era possível notar o desamparo que sentia.
– Sabe como o navio pegou fogo?
Ela negou.
– E de onde você e sua mãe estão vindo?
– De Halona, estamos fugindo da guerra, mamãe disse que qualquer outro lugar era mais seguro do que lá. – Ela não segurava mais as lágrimas.
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Jornada Em Contos
General FictionOlá leitor, Esse é livro do projeto Jornada Em Contos. Serão histórias que se passaram dentro de uma das cidades dos reinos de Arcania e Galtero, contos independentes e sem ligação direta com a organização da maratona. #JornadaMLV (para saber sobre...