Jornada Em Contos

Raízes Amaldiçoadas

Néfato, Arcania.

          

As folhas alaranjadas das árvores caiam nas ruas pacíficas de Néfato naquela manhã, os passos apressados e firmes de Elora Hawley estavam quase silenciosos em meio à tantos outros. As ruas da cidade já estavam começando a se encher, devido ao grande público que viera prestigiar e também participar dos exames que seriam realizados, naquele dia, pelos jovens de toda Arcania para ingressarem em uma das maiores instituições de magia do reino, a Academia para Jovens Feiticeiros de Néfato.

Todos os anos, durante a primavera, as academias de magia de toda a Arcania realizam seus exames para que os jovens feiticeiros ingressem nas instituições. Como Néfato possui a melhor e a mais cobiçada instituição de ensino para jovens aprendizes, muitos pais ambiciosos incentivam seus filhos à começarem os estudos desde cedo para realizar o exame da academia, e quando os pequenos completam treze anos de idade, partem para a cidade de Néfato.

A Academia da cidade de Néfato é antiga e possui o melhor ensino de toda a Arcania. Diversos magos famosos da história do reino se formaram na instituição, inclusive toda a família real e, devido a fama que o local possui, seus exames estão longe de haver facilidade.

Para os pequenos feiticeiros que desejam entrar aos treze anos, devem estudar bastante todos os conhecimentos aprendidos nas academias primárias, pois os exames abrangem diversas matérias e as questões exigem muito raciocínio e interpretação. Já aqueles que não conseguiram ingressar aos treze anos ou até mesmo preferiram esperar a segunda chance, a AJF - Néfato disponibiliza uma nova chance: ingressar aos dezesseis anos de idade, porém os exames e a forma de avaliação são diferentes, ao invés de realizarem exames teóricos, os jovens feiticeiros irão executar três tipos de exames práticos que são mudados todos os anos, por isso, é recomendável que os jovens arcanianos estejam preparados para o que irão enfrentar.

As palavras "com licença" estavam saindo da boca de Elora repetidamente desde o momento que ela se infiltrou na multidão de chapéus pontudos multicoloridos. A entrada para o estabelecimento de artefatos mágicos de seu pai logo entrou em seu campo de visão e ela apressou seus passos. Suas botas de couro já estavam completamente sujas devido aos vários pés que pisaram em cima delas. Ela resmungou baixo quando uma garotinha passou correndo por ela e pisou em seu pé esquerdo.

— Elora, precisamos conversar. — Diz Venus, sua irmã gêmea, assim que a garota entra no local.

— Eu tenho muitas coisas para fazer antes de ir realizar meus exames, não posso conversar. — Diz Elora, tirando algumas frutas que havia pegado na floresta da cesta marrom que havia acabado de colocar em cima do balcão usado pelo seu pai para atender seus compradores.

— É importante. — Diz sua irmã.

As gêmeas eram quase idênticas, as únicas diferenças que existiam entre elas era a rara mutação que Elora tinha em seus olhos, seus pais acreditavam que era uma praga dos deuses para eles, mas era algo normal. Os dois possuíam cores diferentes, um era cor de mel e o outro era verde feito uma esmeralda. Venus era maior que a irmã alguns centímetros e também tinha mais facilidade para os estudos. Por estes pequenos motivos, as duas nunca foram tratadas igualmente. Venus sempre foi tratada melhor que a irmã, só começou a perceber isso no aniversário de dez anos delas, seus pais presentearam apenas ela, sua irmã nem se quer recebeu um feliz aniversário. As coisas pioraram quando Elora não conseguiu passar para a Academia de Néfato aos treze anos, como sua irmã foi morar na Academia, a fúria de seus pais agora era toda em cima da garota

— Deixaram você sair da Academia hoje?

— Sim, pedi pessoalmente ao diretor. Disse que precisava de conversar com você antes de seu exame. — Responde Venus, pegando uma das maçãs que a irmã havia apanhado na floresta e mordendo logo em seguida. — Não fique preocupada com esse exame, você é capaz. Acredito em você.