Amor Eterno, Amor Perdido

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Néfato, Arcania.


Prólogo

Era inverno. Mais uma vez o ano letivo começava, junto com o início da estação que parecia abrigar Néfato grande parte do tempo. As cores frias da estação combinavam com as vestes azul claro dos estudantes da Academia de Feitiçaria, a maior escola formadora de magos, bruxos e feiticeiros do reino de Arcania. Nas ruas, todos andavam sempre com vestes longas e grossas, para se proteger do frio. A neve fina que caia do céu toda noite fazia com que as árvores parecessem feitas de mármore e, os rios, de gelo.  

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Como tudo começou...

"Surpresas podem ser ruins, mas o que as faz serem boas é quem decide que elas serão."

Caius estava descansando em seu quarto. Um pouco abatido do duelo da noite anterior, tentava se recuperar aos poucos dos cortes que havia em seu rosto e braços. Para seu azar, suas poções não eram tão boas quanto ele queria que fossem. Sem vontade nenhuma, levantou-se e foi para o banheiro, esperando tomar um banho quente.

"TOC TOC.", ouviu baterem em sua porta. Droga. Colocou a toalha em volta de sua cintura e, irritado, foi atender quem o chamava logo de manhã cedo.

"O que você quer?", perguntou para o garoto ruivo cheio de malas que ocupava o batente da porta.

"Hmm, prazer, sou Peter, seu novo colega de quarto...", disse ele. Caius nunca teve um colega de quarto desde que entrara para a república. As mudanças drásticas em sua vida só poderiam signifcar uma coisa: o semestre não seria nem um pouco agradável.

"Tem certeza?", perguntou Caius. "Você olhou o número certo?".

"Tenho sim! Não é você que não tem um companheiro de quarto?", indagou Peter.

Provavelmente estava certo. O garoto alto de cabelos pretos logo abrira a porta. De toalha, dirigiu-se para um cômodo que, provavelmente, era o banheiro. O quarto não era tão grande nem muito sofisticado. Uma beliche, um armário e uma cômoda. Duas escrivaninhas e uma estante. Uma janela, cortinas azuis escuro e uma televisão. Nas paredes, além das fotos de Caius, havia também diversos posteres sobre Hóquei nas Alturas e muitas torres, imagens de céus estrelados e outras constelações. A cama debaixo, já ocupada e desarrumada, tinha marcas de sangue no travesseiro e no lençol.

"Vou ficar na cama de cima!", gritou Peter em direção a porta do banheiro. Como subiria, não sabia ele. Não havia escada bancos. Teria que fazer um esforço enorme todas as noites.

"Sem problemas.", disse o menino, saindo do banheiro com os cabelos e corpo molhados. "Meu nome é Caius. Você é calouro, não?"

"Sim, como você descobriu?", sua expressão de felicidade no rosto respondia a pergunta. O sorriso de ponta a ponta mostrava toda a animação de Peter em estudar numa escola onde aprenderia tudo que mais gostava.

"Deixa pra lá.", respondeu Caius, sorrindo. Peter não podia deixar de notar os machucados em seu corpo que, por mais que ele fosse alto, era bastante malhado. "Eu tenho treino agora, então tente, por favor, não destruir e bagunçar minhas coisas. Nunca tive que dividir quarto com ninguém, então isso é novidade para mim, ok?", completou, terminando de vestir uma blusa e pegar um casaco.

"Tudo bem... Espera, treino de quê?", perguntou Peter, curioso.

"Hóquei nas Alturas.", disse Caius, por fim, antes de sair do quarto. Sozinho no cômodo, o pequeno Peter se encontrava um tanto perdido. Não quanto ao lugar, mas quanto ao que faria dali para a frente.

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