Pedido inesperado

633 53 6
                                    

     Com a luz do dia, não havia riscos. Então, fui até o centro da cidade avaliar a situação. O caos era enorme. Cenário de guerra. Algumas pessoas olhavam chocadas, todo o sangue. Uma senhora idosa, agarrou meu braço e com olhos suplicantes, pediu...
     _ Você é uma Bartholy. Seu pai é influente. Pede para ele contratar seguranças, trazer o exército, o que for. Precisamos de ajuda!
      Ouvindo aquela senhora, as outras pessoas me cercaram. Pedindo a mesma coisa.
      _ Estamos fazendo o possível para protegê-los. _ eu disse.
      _ Nós já percebemos que estamos enfrentando demônios. Não adianta chamar os Bartholys.
      _ Eles uivam e aparecem só à noite. É lua cheia. Hoje é o quarto dia. Virão de novo. São lobisomens, não são demônios. _ disse uma adolescente.
      _ Você anda vendo muitos filmes.
      _ Ela tem razão. Precisamos dos rivais dos lobisomens, para contra-atacar. Precisamos de vampiros.
      Começou um murmúrio. Cada um falando uma coisa diferente.
       _ E os três alunos da faculdade que desapareceram?
       Novos murmúrios.
       A situação já tinha saído do controle há muito tempo. Não adiantaria manipular a mente deles, agora.
       _ E o que você acha?
       Todos olharam para mim.
       Respirei fundo e com uma aparência séria, eu disse...
       _ São lobisomens. Não temos tempo para ficar discutindo sobre isso. Avisem todos para não sair de casa à noite. Tranquem portas e janelas. Eles não tem consciência quando se transformam.
        _ Vocês enfrentaram eles. Não têm medo?
        Um garotinho sorrindo disse...
        _ Eles são vampiros. Não vão ter medo de lobisomens.
        O medo havia. Mas, não tínhamos escolha.
         Algumas pessoas se afastaram. Cobrindo o pescoço. Outras, olhavam curiosas.
        _ Se é mesmo vampira, porque anda sob o sol?
        _ Mostra as presas.
        _ Pode me transformar?
        _ Todos os Bartholy são?
        _ Foram vocês que sumiram com os alunos?
        _ Vocês matam para se alimentar?
        Eram tantas perguntas, que eu nem sabia se podia responder.
        _ Vocês precisam decidir em quem vão confiar e apoiar. Os lobisomens que não tem consciência do que estão fazendo. Imprevisíveis. Seguindo o instinto. Que como um lobo feroz, vai querer comer sua carne. Ou os vampiros. Que mantém consciência o tempo todo. Não precisa matar e nem morder, para se alimentar. E pode entrar em acordo. Observem a cidade. Vejam a destruição. Não estava assim, só com nós aqui. Não fizemos mal à vocês. Sei que os dois grupos são predadores de humanos. Mas, pensem bem. O que vai acontecer se ficarem no meio da briga? Seja team vampiros, ou team lobisomens. Escolham. E então, poderemos protegê-los melhor.
       _ Só porquê precisam do nosso sangue.
       _ Sangue em troca da vida. Vocês nos alimentam e nós os mantemos vivos.
       Mais murmúrios.
       _ Vocês sabem onde nos encontrar.
       Eu então, me retirei. Deixando que pensassem sobre o assunto.
      

******

       Estava chegando ao hospital, quando encontrei Marcos. Ele me encarou sério. Não me cumprimentou. Apenas disse que queria conversar.
        Fomos até a praça. Sentei no banco e aguardei.
        _ Todos estão comentando sobre lobisomens. E eu pensei nos lobos que nos atacaram na sua casa. No machucado no seu pulso que sangrou tanto e depois... Era como se nunca tivesse se machucado. Eu estive pensando nisso. E concluí que os lobos estavam atrás de você. Que eram na verdade lobisomens. E que você só pode ser... Vampira. Era tão surreal, que eu pensei não ser possível. Mas, quando tentei lembrar das vezes em que saímos juntos. Não tinha quase nada. Que tipo de namoro é esse? Só tem uma explicação. Nós não estamos namorando. Você me usou para se alimentar e de alguma forma, minha mente se confundiu. Deve ser coisa de vampiros. Eu fui um otário. Alguma coisa foi real entre a gente?
        A verdade dói. Mas, é sempre o melhor caminho.
        _ Não. Nada era real. Foi tudo a maneira como a sua mente conseguia lidar com a situação. E eu sei. Foi errado te usar. Mas, nunca aconteceu nada entre a gente. Só tomei seu sangue. Eu queria te contar. Queria parar com isso. Mas, as coisas se complicaram com os lobisomens. Me desculpe.
       Ele estava de cabeça baixa. Parecia triste.
       _ Você tem todo direito de ficar com raiva. Eu vou entender.
       _ Eu preciso pensar.
       Ele se afastou. Eu não sabia o que ele queria dizer. Pensar se ia desculpar? Se ia descontar a raiva? Se ia querer uma retratação? Seja o que for, eu errei. Ele tinha direito de dar o troco.

Is It Love? Nicolae - Laços de Sangue.Onde histórias criam vida. Descubra agora