Capítulo 1

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Maria Flor Arantes

Minhas mãos estão tremulas e suadas, fico o tempo todo esfregando elas em meu jeans. Estou sentada na plateia enquanto não sou chamada e juro que se demorar mais uns 5 minutos para eles gritarem - Maria Flor - vou cair dura aqui mesmo.

Todo ano o colégio realiza esse Festival de Fim de Ano, no intuito de arrecadar uma boa verba para ajudar o Orfanato Bom Jesus aqui da cidade. Entretanto, esse Festival tem mais atrativos do que podemos imaginar, como por exemplo - e mais importante para mim -, bolsa de estudos para teatro e musica em uma das melhores Escolas de Arte também daqui da cidade, podendo até mesmo ir para o exterior. Esse festival é composto por 3 jurados: Um dono de uma gravadora; Uma professora de dança; Um(a) cantor(a) que esteja fazendo sucesso nos tempos atuais. É isso mesmo: Um famoso no nosso colégio. Uma oportunidade grandiosa, porque mesmo que você não vença o Festival, um desses três jurados, pelos bastidores, pode te dar uma mãozinha de ajuda. Eu gosto de ajudar as instituições, mas se eu vencer esse Festival e me tornar uma cantora bem famosa, consequentemente, ganharei dinheiro e sendo assim, poderei ajudar muitas instituições. Uma coisa vai puxando a outra. Tudo é questão de planejamento.

Pareci até meio egoísta agora.

Esse Festival é importante demais para mim, só assim para eu realizar meu sonho de me tornar uma cantora e não vou desistir.

Passei semanas e semanas ensaiando para esse momento. Essa é minha última chance, porque é o terceiro ano consecutivo que participo desse Festival e não tenho bons resultados. Sempre fico atrás de Benjamin Borges, Giovanna Baquero e toda sua gangue. Não sei o que eles tem - além de todo o talento - que sempre vencem - nos testes, porque também nunca conseguiram nenhuma bolsa de estudo.

Estou com o estomago retorcido, prestes a colocar todo o café da manha para fora, porque o almoço, é impossível... Nem consegui comer de tão nervosa que estava - estou.

Eu não quis parecer muito exagerada, então, vesti meu jeans comum, um tomara que caia na cor azul marinho e um blazer preto por cima. O bom que o auditório tem ar condicionado, se não, já tinha morrido cozinhada. Deixei meu cabelo solto. Ele é curto na altura dos ombros e não tem como fazer algum penteado marcante. No rosto, passei rímel, um blush vermelho e um batom na cor dos lábios mesmo. Não sou muito chegada a nada chamativo. Bem diferente da Rita, minha melhor amiga.

Alguns minutos passaram e a parte dos calouros foi encerrada. Nada mal para quem entrou esse ano em um colégio novo.

O primeiro a se apresentar na fase de veteranos é Benjamin Borges. Ele tem 17 anos igual eu, mas estamos em salas diferentes. Ele participou pela primeira vez o ano passado. Passou no teste e fez uma excelente apresentação e ganhou, mas passou seu prêmio para Felipe. Ele estava no último ano e naquele momento merecia o prêmio mais que Ben. Foi um gesto lindo e sincero. Poderia me apaixonar facilmente por ele, se não fosse toda convicção que ele carrega e o ego maior que o teto do auditório. Não vou negar que acho ele bonitinho. Ele é alto, tem olhos verdes cintilantes, cabelos castanhos e ondulados e tem lábios fartos.

Ele subiu no palco. Estava simples, mas bem confiante. Seus ombros estavam bem soltos e relaxados. Ele estava com uma calça jeans, uma camiseta preta e um Allstar.

- Benjamin Borges - exclamou uma jurada ruiva, bem alegremente. -, eu poderia suspender a sua apresentação. Mas vou deixar você se apresentar porque quero ouvir você cantando.

Cara, será que ela sabe que dar em cima de um menor dá cadeia?, pensei boquiaberta.

Se tudo depender apenas dessa jurada, Benjamin já ganhou a bolsa antes mesmo do Festival.

Benjamin esboçou uma risadinha pervertida e agradeceu:

- Obrigado.

- O que vai cantar Benjamin? Estou curioso. É a primeira vez que sou jurado de um teste desse. - Disse um outro jurado. Um homem bem forte, negro e bonito.

Nossa, agora é eu que estou admirando um homem mais velho que eu.

Fiquei imaginando o que ele fazia. Dança, canta, é ator? Ele parece ser tudo isso.

- Eu vou cantar Primavera do Tim Maia. - Benjamin respondeu.

Não pude ver as expressões dos jurados, mas a ruiva se expressou através da parte sonora, porque deu gritinhos e palmas de animação.

Doida.

Ben corou dessa vez.

Ele então começou a cantar. Sua vez é rouca e inexplicável. Tem uma afinação impecável e consegue alcançar notas que ninguém imagina. Sem esquecer de comentar da música que ele escolheu. Parece que Tim Maia fez pensando em Ben cantando ela.

Não sei se consigo vencer competindo com o Ben. Ele é incrível.

O próximo a se apresentar foi Diego, um dos melhores amigos de Ben. Ele é um rapper fabuloso e apresentou uma música do Eminem. Todos ficaram boquiabertos e gritaram excitados no final da apresentação.

Giovanna Baquero foi a próxima. Essa é a sua segunda apresentação. Ela ficou em segundo lugar, perdeu para Ben no ano passado - para Felipe, para ser mais correta-. Ela tem um currículo impecável, mesmo com apenas 17 anos. Não está na mesma turma que eu, mas a conheço muito bem, a ponto de babar toda vez que a vejo dançar. Seus pais são bailarinos clássicos, então, acho que não tem mais o que dizer a seu respeito. Ela está com um vestido branco, parecido com uma camisola de dormir. Seus cabelos negros e cumpridos estão soltos, deixando seu figurino mais dramático. Uma canção clássica começa a tocar, e com extrema leveza e segurança, Gio mostra o seu talento. No final, me pego chorando e aplaudindo encantada com a sua apresentação. Garota incrível, pena que é mimada e egoísta.

Marina, uma das amigas de Gio, apresenta uma dança estilo funk. Os jurados não negaram que tinham umas batidas bem funkeiras correndo pelas veias. Muitos gostaram e até pareceram mais animados em comparação com a apresentação de Gio. E depois mais e mais alunos se apresentando. Sério mesmo que fiquei por última?

Minha bunda já estava começando a pinicar quando por fim escuto meu nome.

- Maria Flor Arantes?

É a jurada ruiva que gritou.

Fiquei tanto tempo sentada que quando chegou a minha vez, perdi a noção.

- Maria Flor está ai?

A voz da jurada já estava soando impaciente.

Levantei em um salto, tomando posse de mim novamente.

- Eu estou aqui. - Gritei.

Pelo canto do olho, vi Benjamin me encarando.

Agarrei meu violão e subi no palco.

- Oi Maria Flor. Um nome bem diferente e bonito. - O jurado bonitão comentou.

Corei.

Não disse nada, apenas esbocei um sorriso de leve e fiz um aceno com a cabeça.

- O que vai cantar? - A jurada ruiva perguntou.

- Quando a chuva passar da Ivete Sangalo.

Nesse momento notei uma expressão de surpresa fingida no rosto da ruiva e engoli a seco.

- Tudo bem. Pode começar.

Sentei-me no banquinho que um dos calouros trouxe para mim e logo comecei a tocar. 

Oi oi pessoal! Esse é o meu segundo livro que estarei postando aqui no WattPad. Comentem para eu saber se estão gostando. Bom, estou torcendo para que vocês gostem, claro. LIKE! que foi o meu primeiro livro, me deixou com saudades, então, logo me agarrei a esse. Se você que leu LIKE! e ficou assim, igual eu, venha dar uma conferida nessa historia também e se divirta. A Maria Flor passa por cada uma. Bom, espero que gostem e sejam Bem-vindos. Beijinhos!

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