Capítulo 5

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Conhecendo as poderosas

Angra dos reis - Rio de Janeiro, 2038.

Os olhos de Margarida ardiam. Ela não sabia o que havia acontecido, apenas alguns flashs passavam em sua cabeça.

"- Viu, eu sei atravessar!" "- Não!"
"- Por favor, alguém me ajuda!"

- O que aconteceu? - Margarida falou para si mesma abrindo os olhos e se deparando com uma luz forte no topo do quarto.

Ela tentou levantar, mas sua cabeça girou e doeu extremamente. Colocou as mãos em cima dos olhos e ficou piscando forte para tentar estabilizar a visão.

Olhou para suas mãos e mais um flash passou em sua cabeça.

"- Por favor, me ajuda!" Ela se lembrou da bola de energia que saiu de suas mãos e atingiu um poste qualquer.

- O que está acontecendo? - Ela esfregou os olhos de novo e colocou os pés para fora da cama onde estava deitada.

Ela passou os olhos no ambiente. Era tudo incomodamente branco. As paredes, o chão, a cama, a pia que estava no canto do quarto, tudo mesmo, até as roupas que ela reparou que estava vestindo eram brancas. Uma blusa de manga até o ombro e uma calça lisa e larga.

Ela se levantou e olhou para todo o quarto, percebeu que havia um espelho em cima da pia que ficava no canto. Ela caminhou até esse espelho e se olhou por um tempo.

Passou a mão no espelho.

- Quem eu sou?

Se assustou ao ver uma porta surgir do nada. Como se vários números de computador se misturassem e fizessem a brancura da parede ir sumindo até a porta ficar visível. E quando esta se abriu Margarida se deparou com um corredor vazio.

Ela viu que no corredor tinham dois portões, um à esquerda e um à direita. Começou andando até à direita e começou a ouvir vozes.

- Ajuda... - Ela pensou que se encontrasse alguém que pudesse conversar sobre o que aconteceu ela se lembraria de quem era.

Quando estava quase chegando ao portão à direita este mesmo se abriu revelando duas lindas meninas.

Uma negra cor de chocolate, bem alta, não magra e nem gorda, tinha um peso bom para sua altura, seios extremamente fartos e cabelos presos em longas tranças de material sintético, vestia as mesmas roupas brancas, mas a blusa estava sem as mangas. Caminhava com empoderamento, como uma pessoa altiva e sagaz. Ela se chama Jane e era uma moça gigante.

Ao seu lado vinha a clássica Luz. Uma jovem totalmente branca, e que tinha a pele e os cabelos tão alvos e lisos que mais parecia uma boneca de porcelana. Era baixa, tinha um corpo violão não muito cheio de tudo, mais suave, mas não menos bonita. Seu cabelo era no estilo chanel e também era branco, graças ao seu poder de gelo e neve.

- O que foi? Nunca viu uma garota negra na sua frente? - Perguntou Jane percebendo que Margarida a olhava como se estivesse assustada.

- Não é isso... É que eu preciso de ajuda...

- Aqui está cheio de novatas hoje! - Disse Jane à Luz - Sai da minha frente!

Jane esbarrou com seu joelho no ombro de Margarida.

- Não liga para ela, está com mal humor... E com TPM! - Luz começou a andar.

- Espera... Você pode me ajudar?

- Não. Eu não estou com TPM, mas sempre estou de mal humor. Sei que é nova, mas vai ter que se virar sozinha.

Luz continuou andando, não usava sapatos mas seus passos faziam o som de vidro quebrando. Ela parecia ter toda sua pele coberta por gelo liso e sólido.

As duas se encaminharam cada uma à seus quartos no mesmo corredor.

- Ok... O que eu faço agora? Vamos Margarida... - Ela se surpreendeu por um momento - Eu sei meu nome! Eu me chamo Margarida! - Ela sorri boba olhando para o nada no meio daquele corredor vazio quando foi lançada longe ao chão.

- Mas o quê? - Ela colocou a mão na cabeça olhando à volta sem ver nada.

- Ah meu Deus, me desculpa colega! Eu não te vi aí! - Disse uma menina ficando à cores.

- O quê? Você estava... - Disse Margarida chocada.

- Sim! Estava invisível! Você é nova né? Liga não, eu também sou! Cheguei semana passada, o que faz de você mais nova, então eu não sou tão nova assim... Ah, mas do que eu estou falando! Me chamo Beatrice e você está atrasada para o café da manhã! Acabei de vir de lá, mas posso voltar... Também não vou à lugar algum! Não tem como fugir daqui, a não ser que você seja como a Vitória... - Disse a faladeira andando - Ei, por que você ainda está aí? Vem! - Disse Beatrice pegando Margarida pelo braço.

- Desculpa, eu não me lembro de quem sou... Não posso te dizer muita coisa. Mas me chamo Margarida.

- Margarida? Que nome lindo! Vão adorar você! Seu cabelo é lindo! - Disse Beatrice olhando os cabelos longos e cacheados de Margarida - Tem um desenho antigo da Disney, acho que se chama Moana! Parece muito com você...

- Obrigada... Eu acho...

- Bem vinda à sala de refeições! - Beatrice abriu o portão que estava no fim do corredor à direta.

Não era grande coisa, era uma cozinha com armários, geladeira, fogão, uma pia enorme ao lado direito, uma mesa ao centro, uma janela na parede em frente à porta e a acima da pia tinha outro armário, em cima da pia também tinham vários vasos de plantas e flores.

- Ah, Anahi, eu vou jogar essas plantas fora! Todas elas!

- Não mesmo! Sabe que elas estão vivas... Como você!

- Sim, mas elas não esbarram em mim quando vão lavar as mãos!

- Ah meninas, parem com isso... Não perceberam que temos visita? - Disse uma menina sentada à mesa mexendo em um notebook parando a discussão das outras duas meninas que estavam na pia.

De repente as duas pararam de discutir e olharam para Margarida.

- Meninas... Essa é a garota nova! Margarida é o nome dela!

- Olá, eu sou Anahi! - Disse a dona das flores.

- E eu sou Vitória!

- E eu sou Helena. - Disse a menina do notebook balançando uma xícara de café no ar sem tirar os olhos do computador portátil.

"Atenção, todas as meninas do corredor onze dirijam-se à sala de reuniões do Major Almeida. Ele deseja falar com vocês em meia hora. Atenção, todas as meninas do corredor onze dirijam-se à sala de reuniões do Major Almeida. Ele deseja falar com vocês em meia hora"

A voz ecoava nos alto-falantes por todo lugar.

- Onde é o corredor onze? - Perguntou Margarida.

- Nós somos as garotas do corredor onze! - Disse Anahi.

- Ah sim... Eu sou nova...

- Beatrice pegue uns biscoitos para ela comer ou vai passar mal de fome! - Disse Vitória seguindo Anahi pelo corredor até cada uma se encaminhar para seus aposentos.

- Bom, eu também já vou... Tenho que vestir algo descente... - Disse Helena colocando o notebook em baixo do braço e saindo com a xícara de café.

- Bom, vamos logo pegar seus biscoitos, o diretor da base não curte esperar.

- Base? - Margarida perguntou indo até a janela na parede em frente à porta onde viu o mar - Estamos ilhadas. É uma base... Militar.

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